No caminho para as medalhas – Entrevista a Pedro Farromba

    BnR: Quanto aquilo que a Federação consegue apoiar os atletas, uma das formas que a Federação tem para melhorar a sua condição é o ter assumido a gestão da Pousada da Juventude da Serra da Estrela. Como estar este empreendimento?

    PF: Muito bem, está a correr muito bem. Nós ficamos com a Pousada em Janeiro de 2016. No final do ano passado, de 2017, em dois anos de gestão, duplicamos a faturação e mais do que duplicamos o numero de dormidas, portanto é um projeto que está a correr muito bem. Está agora numa fase também de reformulação porque vamos fazer agora uma candidatura para dotarmos a Pousada de um Centro de Recuperação de Atletas em Altitude. E, portanto, espero que dentro de um ano, a correr bem, possamos começar as obras para dotar a Pousada deste Centro de Preparação e Recuperação de Atletas em Altitude.

    BnR: Olhando para o futuro, além desse trabalho de preparação desses atletas que já estão sinalizados, que tem a Federação feito para captar novos jovens talentos e para divulgar os Desportos de Inverno em Portugal?

    PF: Sim, nós temos desenvolvido alguns projetos de promoção da modalidade junto dos mais jovens e eu cito aqui dois deles. Um deles é o Brincar na Neve, que é o projeto que funciona em regime de internato, se me permite a expressão, em que as crianças estão connosco durante quatro fins-de-semana de sexta a domingo na Pousada da Juventude da Serra da Estrela e depois têm aulas de ski com os nossos monitores. E, daí, vamos tentando perceber aqueles que têm mais jeito e que depois os vamos tentando cativar para os inscrever nos clubes da federação e eles depois fazerem o seu caminho. 

    Outro projeto de divulgação, esse mais um projeto massificado que temos, é um projeto que se chama Pizza Hut Ski for All e que já envolveu mais de 6000 crianças a nível nacional nos últimos anos e que tem sido realmente um sucesso e aí também procuramos encontrar jovens que tenham algum talento que possamos depois trabalhar para poderem vir a dar atletas.

    Camille Dias e Arthur Hanse são dois dos lusos com melhores resultados em Jogos de Inverno
    Fonte: Pedro Farromba

    BnR: Posto isso, quais são objetivos a curto/médio prazo? E para quando pensa que poderemos ter um português a lutar por uma medalha nos Jogos Olímpicos?

    PF: Essa é sempre aquela pergunta do milhão de dólares. É difícil responder a isso, depende de tanta coisa. Se me perguntasse quando é que eu gostava, gostava que isso acontecesse nos próximos Jogos Olímpicos. Se me perguntar se na realidade acho isso possível, não, eu acho isso difícil. Mas também não acho isso impossível. Honestamente, não lhe sei responder se sim ou não ou para quando exatamente, mas que estamos a fazer o caminho, estamos. E, portanto, eu espero que essa realidade se venha a verificar um dia. 

    BnR: Terminando numa nota mais pessoal, o que motiva o Pedro para dedicar a sua vida aos Desportos de Inverno?

    PF: Pois, esse é um problema, é que eu não dedico a minha vida. Eu tenho de trabalhar também, porque eu não sou remunerado da Federação. Nenhum dos dirigentes da Federação é remunerado e, portanto, nós temos de conciliar muito com aquilo que é a nossa vida profissional.

    BnR: O que é um esforço ainda maior.

    PF: O que é um esforço ainda maior, muito maior. Para ter uma ideia, o ano passado tive seis dias de férias com a minha família. O resto foi tudo consumido nos Desportos de Inverno. Eu costumo usar uma expressão que as Federações são geridas de forma profissional por pessoas que são amadoras. Amadoras no ponto de vista em que não dedicam a sua vida exclusivamente aquilo. Não podem dedicar, porque têm que ganhar dinheiro noutros lados. Portanto, é muito difícil. 

    Agora, o que me motiva realmente é ver imagens como as que vi no final da prova do Kequyen. Se o nosso trabalho, se a nossa remuneração fosse o ver o sorriso daquela malta e ver a vontade com que eles fizeram o trabalho que eles tiveram, o esforço que eles fizeram, a forma como se superaram para chegar ali,… Se algum ressarcimento a gente pode ter das horas que dedica a isso, é ver o sorriso naquelas caras naqueles momentos.

    Foto de Capa: Comité Olímpico de Portugal 

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