FERNANDO SANTOS E A SELECÇÃO NACIONAL
Em breve a selecção portuguesa viaja até França com o sonho de trazer o troféu Henri Delaunay, que consagra os campeões da Europa.
Mas antes de falar da equipa de todos nós, Fernando Santos alertou os jovens treinadores no auditório: “acho bem que lutem, mas têm de ter a noção de que muitos não vão entrar [na profissão]. Conheço muita gente com qualidade que anda pelas Segundas Ligas”. Para além do trabalho e da competência, “é preciso ter sorte para ter acesso às oportunidades”.
Nunca foi campeão na Grécia, mas foi o treinador da década naquele país e acabou a orientar a selecção no último Mundial. Fernando Santos está convicto de que o reconhecimento prestado pelos helénicos se deve essencialmente à confiança que os jogadores com quem trabalhou depositam no seu trabalho.
O seleccionador destaca uma das maiores diferenças entre treinar diariamente um clube ou gerir uma selecção nacional em curtíssimos períodos de tempo. “[Na selecção] só somos treinadores no jogo, no estágio não dá para nada. E os jogadores não são meus”, recorda. “Estão lá porque querem, porque amam o seu país, até podiam não estar”.
Essa gestão do grupo tem sido afinada. Na primeira concentração com a selecção portuguesa, viu os seus planos milimetricamente estruturados saírem furados pelos numerosos compromissos mediáticos e familiares dos jogadores nos momentos em que regressam a Portugal. Na segunda concentração, percebendo a necessidade de liberdade dos atletas, deu-lhes o Domingo de folga. “Jogadores às quatro da manhã numa boite” fizeram-no alterar sistematicamente a sua abordagem à realidade.
O estágio que antecede o início do Europeu vai ser muito longo. “Vamos estar 50 dias juntos e teremos de criar situações para que os jogadores se sintam libertos da pressão. Senão às tantas já ninguém se consegue ver à frente”. Garante, por isso, que um jogador só não vai “se impossibilitado fisicamente. Nenhum vai estar bem fisicamente, mas há tempo para recuperar”.
Fernando Santos dá a receita para o sucesso em França: “vamos procurar equilibrar a equipa em cada sector e entre sectores. É possível que mudemos a nossa forma de jogar a meio da competição”.
E outro aviso: “a selecção é um grupo forte, em que há confiança entre todos, mas não é um grupo fechado. No meio-campo, Portugal tem 12/13 jogadores que podiam ser convocados, mas só vão 6 ou 7”.