Fórum do Treinador 2016: A Ideia de Jogo e o Treinador do Presente

    CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO AO CONTEXTO

    Fernando Santos corrobora a tese de que o treinador não deve ter uma única ideia de jogo, antes deve fabricar a ideia de jogo ideal para a equipa que comanda. E exemplifica: “o Hagen veio do Benfica para o Estoril comigo e jogava da mesma maneira. Eu disse-lhe, a certa altura «ó mister, assim vamos descer de divisão»”.

    Lito Vidigal conta que o seu treino “varia quase todos os dias”. O “modelo é sempre ganhar”, diz. “Já trabalhei em todas as divisões e sei que temos de nos adaptar e equilibrar as nossas ideias com as características do plantel. Raramente o treinador tem oportunidade de escolher os seus jogadores em função do modelo. Escolher dentro de um lote de jogadores com determinadas características já é uma sorte. O que acontece normalmente é que nos adaptamos àquilo que nos dão”. Tudo depende do clube, dos jogadores e até da qualidade do espaço físico para trabalhar. “O treinador tem de potenciar as características intrínsecas dos jogadores”, finaliza.

    Sobre a dúvida entre adaptar o modelo ao plantel ou adaptar o plantel ao modelo, Pedro Martins foi claro: “nesta fase, no meu clube, já faço o que eu quero para o jogo. Posso fazer escolhas muito orientadas para as minhas ideias e para a minha maneira de trabalhar. Mas nem sempre foi assim, ao longo da minha carreira tive de me adaptar a vários contextos. No meu último ano de Marítimo, por exemplo, tive necessidade de voltar ao início da época, com tantos jogadores a entrar e a sair em Janeiro. Tive de reexplicar conceitos básicos”. Depois, com “processos mais simplistas”, a equipa reencontrou os bons resultados. Há, portanto, “momentos em que o treinador tem de alterar quando não está a resultar”, defende. E a “intuição é fundamental” nesse processo.

    Domingos Paciência atesta: “treinei o Leiria, a Académica, o Braga, e joguei sempre com sistemas diferentes. No princípio da época vamos experimentando e testando, à procura da forma ideal para aquela equipa”. E salienta as dificuldades na composição do plantel. “Reunir todas as condições para tomar a melhor decisão [de contratar um jogador] é difícil, há várias restrições – de tempo, de dinheiro… Muitas vezes não há tempo para ver o jogador ao vivo, apenas se conhece por vídeo, e nem sempre há tempo para conhecer as condições sociais em que o jogador chega. Já tive jogadores que estiveram acima ou abaixo daquilo que esperava quando os contratei”, testemunha.

     

    Francisco Manuel Reis

    Tomás da Cunha

     

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