O homem que em junho era anunciado como novo treinador do Dortmund suscitava bastante curiosidade e até, permitam-me dizê-lo, alguma admiração pelo trabalho que desenvolveu na época passada no Ajax.
Praticando um futebol que fazia suspirar por “Ajaxs” de outras eras, a histórica formação holandesa chegou à final da Liga Europa.
A Dortmund chegava, assim, um treinador de 53 anos que havia ascendido no futebol holandês, com uma passagem pelo futebol israelita, e tendo como missão substituir Thomas Tuchel.
O clube germânico venceu a Bundesliga em 11/12 e chegou, inclusive, à final da Liga dos Campeões em 12/13, ambas as ocasiões com Jurgen Klopp, mas desde então tem estado arredada dos grandes títulos ou, pelo menos, da luta acirrada pelos mesmos.
Se a Bundesliga (e não falando da derrota na Supertaça doméstica) começou com seis vitórias e um empate em sete jogos, o que é facto é que a equipa não ganha desde essa mesma sétima jornada, isto é, desde 30 de setembro!
Se a crise já vinha sendo de se perder a paciência, o que dizer de há uma semana quando a equipa vencia por 4-0 a meia hora do fim do jogo e se deixou empatar com o Schalke 04? No final, os fanáticos adeptos no Signal Iduna Park apuparam a equipa. Sim, até eles.
Por outro lado, se falarmos da Liga dos Campeões, falaremos de outra razia. Dois pontos em cinco jornadas, num grupo difícil, é certo, com os potentes Tottenham e Real Madrid, mas sem vencer qualquer dos jogos ao APOEL do Chipre.
5 golos marcados na Liga dos Campeões contra 10 sofridos são coeficiente negativo para os homens da Vestefália. Já na Bundesliga, 34 tentos obtidos fazem da formação, a par do líder Bayern de Munique o melhor ataque, mas os 21 concedidos significam a quinta pior defesa.
Talvez o problema esteja mesmo aí. A primeira grande experiência em termos de dificuldade fora da sua Holanda (depois de Maccabi Tel-Aviv em 15/16) é agora e, se no aspeto ofensivo, o problema parece não existir, a defender a equipa sofre muito.
Dores de crescimento, decerto, de um treinador que ainda está a tentar sair do seu estilístico berço holandês, aberto para atacar, mas pouco consistente no momento da perda da bola. 54 anos tem Peter Bosz, mas, no futebol, como na vida, o crescimento não escolhe idades. Neste caso, na adaptabilidade a uma nova cultura futebolística.
Peter Bosz demora a adaptar-se ao futebol alemão. Veremos se ainda terá tempo, isto é, se lho dão….
Foto de capa: BVBbuzz.com