A CRÓNICA: SANGUE SUOR E LÁGRIMAS TERMINAM INVENCIBILIDADE ARGENTINA
O Campeonato do Mundo 2022 já começou. A fase de grupos já se desenha e o primeiro jogo do Grupo C colocou uma das favoritas, a Argentina (36 jogos invictos), contra a Arábia Saudita. O jogo começou como seria de esperar, com a Argentina no domínio. Logo ao segundo minuto de jogo surgiu o primeiro remate à baliza da Arábia Saudita, por parte de Messi. O domínio contínuo da Argentina prolongou-se durante os primeiros dez minutos e culminou no primeiro golo do encontro. Foi Messi a marcar, de penálti, depois de uma falta sobre Paredes durante a cobrança de um pontapé de canto.
Ao contrário do esperado, a resposta da Arábia Saudita ao golo sofrido foi bastante positiva. A resposta dos falcões verdes ao golo sul-americano viu-os a subir no campo com qualidade no requisito do passe. Apesar de não conseguirem criar verdadeiramente perigo à baliza de Martinez, a subida das linhas dos sauditas no relvado começou a libertar algum espaço nas costas da defesa, situação que a Argentina tentou aproveitar, sempre sem sucesso. Somaram-se três golos anulados e sete foras de jogos na primeira parte aos sul-americanos.
No início da segunda parte, chegou a surpresa ao Lusail Iconic Stadium: o golo da Arábia Saudita, ao minuto 48, marcado por Al Shehri, no primeiro remate saudita à baliza argentina. Surge o empate contra todas as expectativas. Cinco minutos depois, ao minuto 53, acontece o primeiro grande momento deste Mundial do Catar: um golaço de Al Dawsari, que após retirar do caminho dois jogadores argentinos, disparou um remate agressivo ao ângulo mais longínquo da baliza de Martínez. A Arábia Saudita dava a volta ao resultado contra a favorita Argentina.
O que se seguiu no encontro foi um verdadeiro espetáculo de esforço e resiliência do esquadrão saudita. Procuraram estancar o jogo argentino com os recursos à sua disposição, optando muitas vezes pela falta. Terminaram o jogo com 21 faltas. Na grande área saudita fez-se sobressair o guarda-redes Al Owais, com grandes intervenções durante a segunda parte, nos minutos 53’, 63’ 84’, 86’ e 90+10’. Existiu ainda um corte de cabeça de um defesa saudita em cima da linha de golo, mas o lance acabou por ser invalidado por fora de jogo.
O jogo acabou mesmo por terminar com a vitória da Arábia Saudita após mais de 113 minutos de futebol, onde se viu um verdadeiro momento de Mundial, com a vitória sofrida e desejosa que os sauditas conquistaram. A Arábia Saudita conseguiu então colocar um ponto final na invencibilidade argentina que durava há três anos.
A FIGURA
Mohammed Alowais. 🧤 pic.twitter.com/7vz323Otqc
— B/R Football (@brfootball) November 22, 2022
Al Owais – A grande figura deste jogo poderia cair para o selecionador da Arábia Saudita pela forma como montou a sua equipa ou até a equipa por todo o esforço que mostrou em campo. Apesar disto, uma exibição premiada com seis defesas incríveis que mantiveram a Arábia Saudita na discussão pelo jogo, o grande herói dos sauditas acaba por ser o guarda-redes Al Owais.
O FORA DE JOGO
Lautaro Martínez: “We lost the game due to our mistakes, more than anything in the second half. These are details that make the difference and we must correct them.” 🇦🇷 pic.twitter.com/GfgvChOqpn
— Roy Nemer (@RoyNemer) November 22, 2022
Lautaro Martínez – Todo o ataque argentino esteve um pouco adormecido, sem exclusão, mas quem pareceu nunca ter entrado em campo foi Lautaru Martínez. O ponta de lança argentino fez uma exibição muito fraca e distante do seu nível. Foi, por várias vezes, apanhado em fora de jogo e não conseguiu ser um elemento ofensivo que acrescentasse algo à equipa sul-americana.
ANÁLISE TÁTICA – ARGENTINA
A la Albiceleste fez-se entrar em campo organizada em 4-2-3-1, pelo selecionador Lionel Scaloni. Os argentinos, defensivamente, procuraram manter uma linha sólida e compacta entre os quatro jogadores defensivos e os médios e os avançados não pressionaram a Arábia Saudita muito alto no terreno, dando algum espaço para os sauditas procurarem tricotar algumas jogadas. A subida dos sauditas no relvado relevou espaços nas costas da sua defesa, o que acaba por gerar a principal forma de ataque argentino: as bolas nas costas da defesa. Messi foi o pivô central de qualquer decisão ofensiva da equipa sul-americana.
Na segunda parte, devido aos golos sauditas, a Argentina procurou controlar o jogo e ter a bola muito mais perto da grande área adversária. Procuraram menos jogo direto nas costas da defesa, mas, não conseguiram incutir verdadeiramente o seu jogo.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Martínez (5)
Molina (5)
Romero (5)
Otamendi (6)
Tagliafico (5)
de Paul (6)
Paredes (6)
Di Maria (6)
Messi (6)
Gómez (5)
Martínez (5)
SUBS UTILIZADOS
Martínez (5)
Álvarez (5)
Fernandez (6)
Acuña (5)
ANÁLISE TÁTICA – ARÁBIA SAUDITA
A Arábia Saudita, treinada pelo selecionador francês Hervé Renard, organizou-se em 4-2-3-1 ou 4-4-1-1 dependendo do momento do jogo defensivo ou ofensivo. Em relação ao momento defensivo colocou duas linhas de quatro a bloquear a saída de jogo argentina. Uma linha defensiva bastante subida e os atacantes um pouco recuados acabou por resultar num espaço bastante curto, com bloco muito compacto, em campo para os argentinos procurarem penetrar. A linha da defesa em relação ao fora de jogo também esteve imaculada, resultando em sete foras de jogo. Ofensivamente, a equipa variava para três Homens no apoio ao ponta de lança, colocando várias unidades perto da área argentina.
A reviravolta protagonizada pela Arábia Saudita nos primeiros 10 minutos da segunda parte resultou numa transformação da equipa. Procuraram manter as duas linhas de quatro mais fixas, explodindo, quando possível, para o contra-ataque. Começaram a optar também por um estilo mais ríspido de jogo, provocando muitas faltas para estancar a ofensiva argentina.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Al Owais (9)
Abdulhamid (7)
Tambakti (7)
Al Boleahi(7)
Al Shahrani (7)
Al Shehri (8)
Kanno (7)
Al Malki (6)
Al Dawsari (8)
Al Faraj (6)
Al Buraikan (6)
SUBS UTILIZADOS
Al Ghannam (6)
Al Amri (-)
Asiri (-)
Al Breik (-)
Rescaldo da opinião de Emanuel Sebastião.