Espanha 0-2 Chile: A queda dos reis

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    O RESCALDO

    Quem diria! A Espanha, campeã do mundo em título, está fora do Mundial do Brasil. A derrota com o Chile por 2-0 não dita apenas o afastamento desta competição; marca o fim de ciclo de uma geração que ganhou tudo o que havia para ganhar e que ficará para sempre na história. No dia em que o rei Juan Carlos assinou a lei que torna oficial a sua abdicação do trono, os reis do futebol caem aos pés dos guerreiros chilenos, que deixaram a pele em campo e que já têm lugar marcado nos oitavos (tal como a Holanda).

    Em relação à primeira jornada, Del Bosque trocou Piqué por Javi Martínez (que também esteve desastrado) e Xavi por Pedro, passando Iniesta para o corredor central. No entanto, a jogar com um duplo pivot composto por Xabi Alonso e Busquets e com laterais pouco participativos, a Espanha voltou a apresentar um futebol lento e demasiado previsível. Do outro lado esteve um Chile que usou a agressividade para compensar as lacunas defensivas da equipa. Sampaoli abdicou de Valdivia e colocou Francisco Silva em campo, voltando ao sistema habitual com três centrais. E a estratégia deu resultado. Os sul-americanos marcaram numa transição rápida, com Aranguiz a assistir Vargas para o primeiro golo. Em vantagem, a equipa baixou o bloco e entregou a posse de bola aos espanhóis, que tiveram dificuldades para penetrar na defensiva chilena (tiveram apenas uma grande oportunidade, com Diego Costa a rematar à malha lateral). O 2-0 surgiu ainda antes do intervalo, numa fase em que o Chile não o justificava. Casillas defendeu o livre de Alexis, mas na recarga Aranguiz bateu o guardião espanhol, que voltou a não estar isento de culpas.

    Eduardo Vargas festeja o primeiro golo Fonte: Fifa
    Eduardo Vargas festeja o primeiro golo
    Fonte: FIFA

    Para a segunda parte, Del Bosque lançou Koke para o lugar de Xabi Alonso, que esteve irreconhecível. A equipa surgiu com mais intensidade e Alba esteve mais activo no flanco esquerdo, mas Bravo – talvez o melhor em campo – foi um obstáculo intransponível. Com o passar dos minutos, os campeões do mundo deixaram de acreditar na reviravolta e podiam ter sofrido o 3-0. Alexis e Vargas, que para além dos desequilíbrios ofensivos fizeram um trabalho incansável a defender, puseram em sentido a desorientada defesa espanhola. Até ao final, os chilenos limitaram-se a gerir a posse de bola perante uma equipa sem alma. Mérito para Sampaoli – hoje deixou as “loucuras” de lado e teve uma abordagem inteligente ao jogo – e, claro, para os jogadores chilenos, que cumpriram na perfeição as suas funções.

    A Figura:

    Charles Aranguiz – Foi decisivo neste encontro. Apesar de Bravo ter feito uma exibição espectacular na baliza, o médio fez uma assistência e um golo e confirmou as boas indicações deixadas na partida contra a Austrália. Um jogador com muita disponibilidade física, intenso na recuperação e que chega bem à área contrária.

    O Fora-de-Jogo:

    Espanha – Hoje, num jogo de tudo ou nada, veio a confirmação de que o desaire frente à Holanda não foi apenas um acidente. Foi mais uma exibição medíocre de uma equipa desgastada – tanto a nível físico como mental –, sem ideias e com jogadores a pedir férias (Casillas, Ramos e Xabi Alonso tiveram uma prestação horrível no Brasil). Del Bosque tem muitas culpas no cartório, não só por ter feito uma convocatória com base no estatuto dos jogadores, mas principalmente por ter falhado na abordagem aos jogos. Entrar com Busquets e Xabi Alonso num jogo em que precisava de ganhar demonstrou algum receio (podia perfeitamente ter lançado Koke de início) e tendo em conta o modelo de jogo da equipa seria preferível alinhar com Fàbregas como falso 9. Veremos se, depois desta fraca prestação, o seleccionador campeão mundial continuará no cargo.

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    Para o Tomás, o futebol é sem dúvida a coisa mais importante das menos importantes. Não se fica pelas "Big 5" europeias e tem muito interesse no futebol jovem.                                                                                                                                                 O Tomás não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.