Peru 0-1 Dinamarca: Ventos nórdicos gelam peruanos

A seleção dinamarquesa e a peruana encontraram-se hoje, dezasseis de junho, para a estreia destas duas formações no Campeonato do Mundo de 2018. Ambas as formações pertencem ao grupo C da competição e assistiram hoje ao outro jogo do seu grupo, onde a França bateu a Austrália por duas bolas a uma. Coube à cidade russa de Saransk acolher as duas equipas e o Mordovia Arena o jogo que se disputou.

Com ambas as equipas a atuarem num sistema tático muito próximo ao 4x2x3x1, o jogo iniciou-se com uma clara superioridade da equipa sul-americana: foi mais incisiva e aguerrida nos primeiros quinze minutos, explorando o último terço e procurando remates fora da área bastante perigosos para a baliza defendida por Kasper Schmeichel: o primeiro logo ao minuto sete e o segundo digno de registo foi ao minuto vinte. O Peru tentou ainda explorar a velocidade dos seus extremos, nomeadamente pela direita com Carrilho a assumir algumas incursões perigosas no ataque. Ao minuto doze remata cruzado proporcionando uma excelente defesa ao guardião dinamarquês.

A Dinamarca só “apareceu” verdadeiramente no jogo a partir dos quinze minutos iniciais. Mantendo sempre uma filosofia de jogo fria, calculista e matreira – como é apanágio das formações nórdicas – explorou sobretudo o contra-ataque testando, por várias vezes, a velocidade de Pione Sisto, que se mostrou sempre bastante móvel em zonas ofensivas. A Dinamarca tentava soltar a técnica da sua principal estrela, Christian Eriksen, mas este foi sempre marcado, de forma exemplar, pela formação peruana.

A supremacia que a equipa dinamarquesa registava após os quinze minutos iniciais e até à meia hora de jogo estavam longe do poderio que a seleção peruana registou nos primeiros quinze minutos. Mas, não se pense que a equipa sul-americana esteve a “dormir” em campo nessa altura: consciente de que estava sem bola e “vendo” a equipa da Dinamarca jogar, apostou num futebol de contra-ataque aquando da recuperação do esférico. Foi assim que, ao minuto vinte e nove, Carrilho isola Jefferson Farfán que, na passada, remata para a baliza de Schmeichel. Valeu o corte in extremis do central nórdico Simon Kjaer.

Após a primeira meia hora e até ao intervalo, a Dinamarca continuou por cima do jogo. Ao minuto trinta e cinco surgiu uma contrariedade na equipa nórdica e o timoneiro Hareide vê-se obrigado a “queimar” a primeira substituição devido à lesão de William Kvist: entrou para o seu lugar Lasse Schone ocupando em campo a mesma posição (médio mais defensivo).

Antes do intervalo, ao minuto quarenta e três, é assinalada grande penalidade a favor da equipa peruana após consulta do videoárbirtro. As imagens não deixaram qualquer dúvida: Christian Cueva é derrubado por Yussuf Poulsen dentro da área, sendo o próprio Cueva a marcar a grande penalidade. Marcou apenas a penalidade pois o marcador não se alterou: o peruano mandou a bola para a cordilheira dos andes, com um remate por cima da barra que não espelha a excelente exibição que este jogador estava a realizar. São coisas do futebol e os companheiros, por perceberem isso, foram acarinhar Cueva de imediato.

A derrota por uma bola a zero frente à Dinamarca pode deitar por terra as aspirações da seleção comandada por Ricardo Gareca
Fonte: Seleção Peruana de Futebol

O segundo tempo da partida começou com a supremacia da equipa nórdica que já estava evidente no final da primeira parte, apresentando-se agora mais determinada e com mais posse de bola relativamente ao Peru. Essa supremacia traduziu-se, ao minuto cinquenta e nove, no golo da formação nórdica: lance ofensivo que começa com Pione Sisto que passa para a zona do meio-campo para Eriksen que corre sem qualquer oposição para a zona ofensiva e assiste Poulsen para o golo. Destaque, pela negativa, para a enorme “clareira” ou autoestrada no meio-campo peruano, num lance que não faz jus àquilo que foi durante praticamente todo o jogo. Mas em alta competição, os lapsos pagam-se caros.

Após o golo, a formação comandada por Ricardo Gareca não baixou os braços: logo ao minuto sessenta e dois saiu Edison Flores para entrar o grande astro do futebol peruano da atualidade, Paolo Guerrero. Com a sua entrada a equipa do Peru ganhou maior influência no último terço, passando a atuar num 4x4x2, com Guerrero e Fárfan como homens mais adiantados na formação sul-americana. Mas à medida que as oportunidades se iam sucedendo iam-se também revelando a dificuldade que o Peru tinha ao nível da finalização.

Ao minuto setenta e nove, o recém- entrado Paolo Guerrero gelou os jogadores e adeptos no Mordovia Arena. Decide, assim como quem não quer a coisa, fazer um golo “à Madjer”. Isso mesmo, de calcanhar. E fez a bola passar a poucos centímetros da baliza da Dinamarca. Schmeichel suou frio. Se marcasse era um golo digno de Mundial e “arrastaria” a sua equipa para a discussão do resultado final.

Schmeichel teve mesmo de se aplicar a sério nos momentos finais do encontro, com destaque para o minuto oitenta e quatro onde defende, de forma fria e majestosa, um remate forte da equipa do Peru à entrada da área que, se se convertesse em golo, seria um enorme balde de água fria para a seleção dinamarquesa. Ao minuto oitenta e seis, tínhamos a informação de que o guardião dinamarquês registou seis defesas durante o jogo, muitas delas, se não mesmo todas, de grande alcance técnico. Quem sabe, sabe e Schmeichel, sabe.

Em resumo, o jogo terminou com a vitória da Dinamarca por uma bola a zero. Foi a frieza glaciar dos nórdicos que congelou o futebol romântico dos peruanos. Com em quase tudo na vida, os românticos sofrem quase sempre mais do que aqueles que colocam a razão e o calculismo acima dos devaneios românticos que, por muito atrativos que sejam, acabam por falhar nos momentos mais decisivos.

Foto de Capa:

Simão Mata
Simão Matahttp://www.bolanarede.pt
O Simão é psicólogo de profissão mas isso para aqui não importa nada. O que interessa é que vibra com as vitórias do Sporting Clube de Portugal e sofre perante as derrotas do seu clube. É um Sportinguista do Norte, mais concretamente da Maia, terra que o viu nascer e na qual habita. Considera que os clubes desportivos não estão nos estádios nem nos pavilhões, mas no palpitar frenético do coração dos adeptos e sócios.                                                                                                                                                 O Simão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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