Revista do Mundial’2014 – Nigéria

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A Nigéria parte para este Mundial olhada pela crítica e pela maioria dos apreciadores do desporto-rei como apenas mais uma seleção, uma seleção banal, que pouco ou nada trará ao Mundial. Uma seleção que procura há anos a glória da geração de 90, que procura a afirmação internacional de talentos como teve outrora com o fantástico ‘Jay Jay’ Okocha, o irreverente Taribo West, o eficaz Taiwo, Babayaro, Finidi ou o carismático Babangida. Uma seleção que procura novamente o seu espaço no futebol mundial e que tem no Brasil uma oportunidade de ouro para o conseguir.

Contudo, olhando para a história e o percurso recentes das ‘Super Águias’, é possível esperar uma prestação muito positiva, onde o objetivo é tentar chegar aos quartos-de-final da prova, feito que a acontecer será a melhor prestação de sempre dos nigerianos.

Após a conquista da CAN em 2013 e de uma fase de apuramento para o Mundial irrepreensível, onde se destaca o feito de não ter tido qualquer derrota, a Nigéria surge atualmente como uma equipa sólida e com um futebol ascendente, comandada pela antiga glória nigeriana de 94 Stephen Keshi, acalentando a esperança de fazer história nesta prova. Inserida num grupo teoricamente acessível, com Irão e Bósnia, a Nigéria acredita na passagem da fase de grupos, vendo na Argentina o ‘cabeça de cartaz’ do grupo.

Uma seleção que já foi 5º no ranking FIFA em 1994, que conquistou ouro olímpico em 1996 e a prata em 2008, que venceu a CAN por três vezes (a mais recente o ano passado) e que vai realizar a sua quinta presença na prova máxima do futebol tem de assumir-se como o principal representante do continente africano no Brasil, tem de querer suplantar a sua história e pode, pelo já apresentado, surpreender em terras de Vera Cruz. Para isso a magia africana, a compleição física da equipa e o jogo ofensivo dos nigerianos serão certamente mais-valias que podem fazer esta seleção e o seu povo sonhar.

OS CONVOCADOS

Guarda-Redes – Vincent Enyeama (Lille), Austin Ejide (Hapoel Be’er Sheva) e Chigozie Agbim (Gombe United).

Defesas – Efe Ambrose (Celtic Glasgow), Godfrey Oboabona (Rizespor), Azubuike Egwuekwe (Warri Wolves), Juwon Oshaniwa (Ashdod FC), Joseph Yobo (Norwich City) e Kunle Odunlami (Sunshine Stars).

Médios – Obi Mikel (Chelsea), Ogenyi Onazi (Lazio), Ramon Azeez (Almeria), Ejike Uzoenyi (Enugu Rangers), Gabriel Reuben (Beveren), Nosa Igiebor (Bétis) e Joel Obi (Parma FC).

Avançados – Shola Ameobi (Newcastle), Victor Moses (Liverpool), Emmanuel Emenike (Fenerbahçe), Ahmed Musa (CSKA Moscovo), Peter Odemwingie (Stoke City), Nnamdi Oduamadi (Varese) e Uche Nwofor (Heerenveen).

A ESTRELA

John Obi Mikel  Fonte: itv.com
John Obi Mikel
Fonte: itv.com

John Obi Mikel. Sabe-se que Enyeama é o capitão e a figura no balneário, um guerreiro e um dos principais pilares da seleção nigeriana, mas em campo quem pauta o jogo é Mikel.

O jogador do Chelsea foi considerado o segundo melhor jogador africano do ano em 2013, apenas suplantado por Yaya Touré, da Costa do Marfim e do Manchester City, o que ilustra a forma de Mikel e a sua importância para a Nigéria. Foi um dos principais responsáveis pela vitória do seu país na CAN, é um jogador fundamental para Keshi e em quem os africanos depositam a esperança de que coordene o meio-campo e ataque das ‘Super Águias’.

Em 2010 falhou o Mundial por lesão e tem no Brasil, aos 27 anos, a responsabilidade de comandar o destino nigeriano na competição, através do seu forte poder físico, qualidade de passe e liberdade criativa que Keshi lhe oferece. Se no clube Mikel é um jogador mais fixo no meio-campo, mais defensivo, com menos utilização, na seleção é o criativo, a figura, o patrão e é claramente um jogador diferente por toda essa responsabilidade.

O TREINADOR

Stephen Keshi  Fonte: thetrentonline.com
Stephen Keshi
Fonte: thetrentonline.com

Stephen Keshi. Treinador metódico, nigeriano e que veio trazer novamente a garra, o querer e a ambição à seleção do seu país. Antigo defesa da geração de ouro da Nigéria, tenta agora trazer novamente o espirito combativo e feroz africano a este conjunto, tendo sido muito bem-sucedido até ao momento, com a qualificação para o Brasil e a conquista da CAN em 2013.

Assumiu o comando técnico das ‘Super Águias’ em 2011, depois de ter conseguido em anos anteriores o apuramento histórico e inédito do Togo para a fase final de um Mundial. Keshi é um homem respeitado pelos jogadores, que conhece a história e a tradição do futebol nigeriano, que fez parte da página mais dourada desse futebol, tendo, por isso e pelos feitos mais recentes, o total apoio de um povo e dos seus ‘guerreiros’.

Abandonou o esquema de 4-4-2 e passou a jogar num 4-3-3, com variações em 4-2-3-1, trazendo um poder ofensivo maior à Nigéria e conseguindo tornar a seleção na maior potência africana presente neste Mundial.

A magia africana com contra-ataques rápidos pelas alas, os jogadores de grande qualidade na frente, o jogo de bola no pé (mérito de Keshi), o meio-campo organizado com três homens, o forte poder físico de toda a equipa e a presença do líder Enyeama entre os postes conferem à Nigéria o necessário para pelo menos passarem esta primeira fase e fazerem sonhar os nigerianos com uma presença inédita nos quartos-de-final. Pessoalmente, considero que é possível, mas confesso que o sucesso e o alcance de uma posição histórica muito dependem do adversário que se cruzar no caminho das ‘Super Águias’ nos quartos-de-final.

O ESQUEMA TÁTICO

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O PONTO FORTE

Claramente o ataque – uma frente constituída por Moses na esquerda, Musa na direita e Emenike na frente, sendo municiada pelo ‘10’ Mikel. Emenike vem de uma boa temporada no futebol turco, tendo sido uma importante peça no esquema de Keshi para o apuramento para este Mundial. Moses e Musa são duas flechas nas alas que possibilitam incursões rápidas e fortes no ataque, gerando normalmente desequilíbrios nos defensores adversários. Mikel, como figura da equipa, é o jogador que constrói todo o futebol ofensivo da Nigéria, juntando ao trio atacante um outro perfume no que à qualidade de passe diz respeito. Para além disso, o ataque é o setor onde as ‘Super Águias’ contam com mais soluções, tendo nos 23 eleitos Ameobi, o irreverente Odemwingie, Uchedo e Uche, todos eles conhecidos dos mais atentos adeptos e militantes em clubes das principais ligas europeias. Este leque de soluções e a forma compacta e cavalgante de sair para o ataque por parte da Nigéria permitem a Keshi ter no ataque a sua principal arma para realizar um bom Mundial.

O PONTO FRACO

O lado esquerdo da defesa. Se até há uns dias atrás esse lugar estava assegurado por Elderson, jogador do Mónaco e conhecido dos adeptos portugueses por ter representado o Sporting de Braga, agora é uma grave lacuna na Nigéria. O lateral lesionou-se, vai falhar o Mundial e para o seu lugar foi convocado Uzoenyi Ejike, jogador de ataque, pelo que à partida a titularidade como lateral-esquerdo será entregue a Oshaniwa.

Oshaniwa conta apenas com 10 internacionalizações, teve muito pouca utilização na fase de qualificação, não tem experiência de seleção e sempre foi preterido em relação a Elderson, pelo que não tem entrosamento com os restantes colegas, tornando o lado esquerdo da defesa nigeriana o principal ponto fraco deste conjunto.

Para além disso, convém destacar a ausência de um trio certo no meio-campo. Se por um lado Onazi e Mikel parecem intocáveis para Keshi, a terceira posição do meio campo sofre trocas constantes, o que pode ser um problema para a estrutura da Nigéria. Em vantagem para ocupar o lugar surge Reuben Gabriel, seguido do promissor e talentoso mas inexperiente Azeez. Cabe ao treinador definir essa terceira posição a meio-campo e tentar lidar da melhor forma com a importante perda de Elderson. A minha aposta vai para Oshaniwa – veremos se cumpre e se Keshi não surpreende…

Gonçalo Martinho
Gonçalo Martinho
Apoia o Sport Lisboa e Benfica desde que nasceu. Adora o clube, tudo o que o envolve, mas não é cego e muito menos vê só vermelho! Para ele, o Cristiano Ronaldo é o jogador mais completo do mundo, a formação do Benfica devia render mais e Portugal caminha a Passos largos para o abismo.                                                                                                                                                 O Gonçalo não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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