Liga Alemã: Nova época, a mesma história

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    Um verão bastante seco por terras germânicas. A Bundesliga acabou com o Bayern a mostrar-se avassalador e a nova época inicia-se com o mesmo tipo de pensamento. As equipas que tentaram assaltar o trono dos protegidos de Guardiola não se reforçaram devidamente e o defeso de verão acabou por ser fraco quando comparado com a Premier League, único adversário em termos de poderio financeiro e espetáculo.

    Passeio do campeão

    Continuar a cumprir internamente e vencer a Liga dos Campeões. O primeiro objectivo é um dado (quase) adquirido. A perda de Schweinsteiger é uma baixa importante na equipa mas não é impossível de contornar. Arturo Vidal e Douglas Costa são os reforços sonantes para 2015/2016. O chileno foi um dos destaques da Copa América e demonstrou o porquê de se auto-intitular o melhor médio da europa. Forte a transportar a bola da defesa para o ataque e com faro para golo, o ex-jogador da Juventus não tem o perfil de jogador que encaixe no que Pep Guardiola costuma exigir, sendo mais físico do que cerebral. Porém, é um craque da cabeça aos pés e certamente conquistará o seu espaço no onze bávaro.

    O treinador catalão terá, novamente, a tarefa facilitada e, com rumores de que existe uma proposta interessante vinda do Reino Unido, a meta só poderá ser igual à época fantástica de Jupp Heynckes, para uma despedida em glória de um clube onde nem sempre foi tratado da melhor forma.

    As ameaças possíveis

    O Wolfsburgo foi rival sem força para conseguir manter-se na corrida até ao fim. O primeiro passo decisivo para tentar manter a vitalidade na luta pelo título foi a manutenção do melhor jogador do campeonato transacto, Kevin De Bruyne. O belga esteve numa forma fantástica e juntou todas as qualidades que se podem desejar num médio-ofensivo: visão de jogo, técnica acima da média, capacidade de trabalho e golos. Sem perder nenhum jogador basilar, os comandados de Dieter Hecking conseguiram reforçar-se de forma astuta (embora não tenha chegado nenhum craque) e ainda enfraqueceram adversários directos como o Gladbach – Max Kruse foi uma das figuras do terceiro classificado da época 2014/2015 e é mais uma opção bastante válida para a frente de ataque.

    De Bruyne foi o melhor jogador do último campeonato Fonte: Facebook do Wolfsburgo
    De Bruyne foi o melhor jogador do último campeonato
    Fonte: Facebook do Wolfsburgo

    Um pouco mais abaixo no mapa, temos o Bayer Leverkusen. A equipa de Roger Schmidt, treinador alemão que vai aperfeiçoando o seu estilo de jogo vertiginoso, recebeu um talento incrível nos seu plantel. Christoph Kramer, internacional alemão que esteve emprestado ao Borussia Mönchengladbach, é uma peça que encaixa na perfeição e a dupla com Bender promete. A juntar ao médio, temos Mehmedi, avançado que se destacou no Friburgo, Ramalho (treinado por Schmidt em Salzburgo) e Papadopoulos (em definitivo). Uma equipa que tem o prazer de contar com um dos trios mais entusiasmantes do futebol europeu, composto por Bellarabi, Çalhanoglu e Son, e um treinador com ideias interessantes, ganha o direito a sonhar…

    O Borussia Dortmund e o FC Schalke 04 são os outros dois possíveis candidatos. Os amarelos e pretos ficaram sem o carismático Jurgen Klopp, mas tiveram a inteligência de substitui-lo com Thomas Tuchel, treinador jovem e que se rege por valores semelhantes ao do antigo técnico. Marco Reus, Mats Hummels e Ilkay Gündoğan para já ficam e, com a contratação de Gonzalo Castro, conseguem manter uma estrutura capaz de fazer uma época bem superior à anterior; o Schalke teve o dom de se reforçar com cabeça, tronco e membros. Na defesa, Matija Nastastic é investimento seguro, sendo um defesa que tem todas as valências para ser uma referência mundial nessa posição. No meio-campo, Johannes Geis, um dos médios mais talentosos da nova geração alemã, foi resgatado ao Mainz e é um upgrade no meio-campo. Junta-se a promessas como Max Meyer, Goretzka ou Sané, que, sem o ultra-conservador Di Matteo, terão mais espaço para brilhar. Na frente, Franco Di Santo é mais uma opção para fazer frente ao matador Huntelaar.

    O Gladbach não parece ter capacidade para lutar pelo título, apesar de ser garantido que vai andar pelos lugares cimeiros. As saídas de Kruse e Kramer são difíceis de colmatar e, mesmo com a presença na Liga dos Campeões, o clube ainda não teve grandes reforços. Drmic entrou para a frente de ataque e Christensen, promissor central do Chelsea, são boas adições a um plantel bastante homogéneo, mas parecem faltar individualidades de maior nível para se juntarem a nomes como Sommer, um dos melhores guarda-redes da Europa, Xhaka, que se tornou num médio de topo, ou Herrmann. Face à falta de investimento, sobretudo se tivermos em conta que esta temporada marca o regresso do clube à liga milionária, Lucien Favre terá novamente de provar por que é um treinador de enorme qualidade. A receita será a mesma de sempre: linhas muito próximas a defender e um futebol de transições do melhor que há.

    Os restantes

    A competitividade da liga alemã leva a que existam surpresas todos os anos. Alguns históricos vão ficando para trás, estreantes surpreendem e equipas sem história vão apresentando estabilidade e ideias para se desenvolver.

    O Augsburgo é um dos casos mais notáveis dos últimos anos. A chegada de Markus Weinzierl marcou uma mudança de objectivos. As duas primeiras épocas na Bundesliga foram passadas no fundo da tabela, mas a Europa é agora um sonho bem real. Depois do 8º lugar na época de 2013/2014, a época passada foi fantástica e o clube alcançou a sua melhor classificação de sempre, um enormíssimo 5º lugar para uma equipa que, com um orçamento limitado e sem jogadores com nome, não pediria muito mais do que o meio da tabela. A próxima época adivinha-se com outras responsabilidades e o primeiro passo para o sucesso já foi dado: não perder o treinador, um dos mais interessantes da liga, e jogadores fundamentais no ano anterior. Baba, lateral-esquerdo em ascensão, deve ser a única saída relevante, estando a caminho do Chelsea por 25 milhões de euros.

    O Augsburgo quer continuar a cimentar a sua posição no campeonato alemão Fonte: Facebook do Augsburgo
    O Augsburgo quer continuar a cimentar a sua posição no campeonato alemão
    Fonte: Facebook do Augsburgo

    Ir ao fundo e voltar ao topo. Os históricos Estugarda e Hamburgo tiveram um ano para esquecer e agora é altura de dar a volta por cima. O defeso, porém, não mostrou grande vontade de renovar e alterar este ciclo negativo. O velho conhecido Emiliano Insúa foi um dos dois reforços do Estugarda (o outro foi Jan Kliment, avançado checo que brilhou no Euro Sub-21) e o Hamburgo comprou o experiente Emir Spahic, dispensado do Leverkusen, e a antiga promessa sueca Albin Ekdal. Pouca movimentação para dois clubes que necessitam de um urgente plano de reestruturação.

    Esta época terá um cenário bastante improvável numa das ligas mais competitivas do mundo, com duas equipas em estreia absoluta mais alta divisão alemã. O FC Ingolstadt 04, clube impulsionado pela Audi e com nomes interessantes como Robert Bauer ou Mathew Leckie, e o SV Darmstadt 98, que acaba por ser o maior candidato à descida, foram os heróis inesperados da última época e é com curiosidade que vemos a sua presença junto de equipas com outra tarimba.

    Emoção, estádios cheios e talento de sobra. Os ingredientes estão lançados e a primeira liga alemã promete muita imprevisibilidade, exceptuando no que ao título diz respeito. O Bayern parte na pole position e dificilmente cairá do trono. Será o vencedor natural ou haverá surpresa na classificação final?

    Previsões

    Campeão: Bayern

    Melhor jogador: Arjen Robben (Bayern)

    Melhor marcador: Aubameyang (Dortmund)

    Melhor assistente: Kevin de Bruyne (Wolfsburgo)

    Revelação: Andreas Christensen (Gladbach)

    Foto de Capa: Facebook da Bundesliga

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    Alexandre Ribeiro
    Alexandre Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
    Nasceu com a bola nos pés mas rapidamente percebeu que fora de campo o proveito poderia ser maior. Desde cedo que se deixou fascinar pela força, beleza e capacidade de renovação que o futebol pode ter.                                                                                                                                                 O Alexandre não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.