📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

A magia que travou a ilusão | Vitória SC x Real Bétis

- Advertisement -

A epopeia do Vitória SC na Europa terminou com um sabor amargo e resignado de quem, depois de uma surpresa em Sevilha num jogo em que poderia mesmo ter vencido, foi vergado em casa num dos dias mais importantes para o clube e para a própria cidade de Guimarães, imbuída no espírito vitoriano e alentando uma ilusão que, não sendo impossível, era muito difícil. O Real Bétis, muito mais estrelado e com maior responsabilidade na eliminatória, goleou os vimaranenses (4-0) em pleno D. Afonso Henriques.

Ter conseguido competir tão bem e com tamanha superioridade em campo em Sevilha, principalmente na primeira parte com os médios do Vitória SC a roubar o protagonismo aos criativos que coabitam no Real Bétis, trouxe o jogo vivo para Guimarães, mas levou a uma partida diferente.

Vitória SC Jogadores
Fonte: João Freitas/Bola na Rede

O deslumbramento do Real Bétis deu lugar a cautelas redobradas na estratégia de Manuel Pellegrini que recuou linhas e compactou a equipa num bloco médio que retirou espaço aos médios do Vitória SC. O que poderia ter sido aproveitado pelos vimaranenses para se imporem e ganharem algum conforto teve o efeito contrário e a entrada em campo do conjunto de Luís Freire acabou por ditar o rumo do jogo.

A ansiedade e o desconforto iniciais fizeram notar-se em abordagens erradas. Tomás Handel, habitualmente um dos mais certinhos jogadores do Vitória SC, falhou vários passes no início do jogo e os centrais vimaranenses, a jogar muito subidos em campo fruto da postura mais recuada do adversário, cometeram erros nos duelos.

Mesmo numa postura mais passiva, o Real Bétis conseguia ameaçar em transição com Cédric Bakambu e Antony em evidência. Na primeira oportunidade com espaço, o avançado congolês aproveitou a abordagem errática e insegura de Toni Borevkovic para correr meio-campo e desviar a bola de Bruno Varela. Num segundo lance, foi Antony quem galgou metros e, perante a má proteção da área por parte da defensiva do Vitória SC, com Mikel Villanueva a perder a referência, encontrou o avançado solto de marcação.

Hevertton Santos Vitória SC Ricardo Rodríguez Real Bétis
Fonte: João Freitas/Bola na Rede

O Vitória SC acabou por crescer na partida e contou com Hevertton Santos na primeira parte e Telmo Arcanjo como principais desequilibradores, mas nunca conseguiu voltar a trazer o jogo para si. O ambiente propício a uma noite épica e a sensação de igualdade que o Vitória SC trouxeram aos Conquistadores uma sensação de responsabilidade e ambição que não existiam e que justificam a entrada em falso.

Como Luís Freire acabou por confessar em conferência de imprensa, era preciso um golo para reentrar em jogo e, entre o final da primeira parte e o início da segunda, este andou a pairar, com o Vitória SC a crescer na partida e a aproximar-se da baliza adversária. O problema para a equipa portuguesa, a última resistente na Europa, esteve no espaço ainda maior que ficou para explorar nas costas dos médios e na solidez defensiva sevilhana que contou com Marc Bartra e, principalmente, Diego Llorente a um nível assinalável.

Depois de uma primeira parte jogada ao sabor de Cédric Bakambu com pinceladas ocasionais de Isco e Antony, os dois jogadores mais criativos e mediáticos do Real Bétis não tiveram qualquer problema ou timidez para ser protagonistas e segurar a bola para si.

O extremo brasileiro está a recuperar os melhores índices de confiança. A qualidade técnica de Antony não desapareceu em Manchester, mas a ousadia e a irreverência do futebol de rua perderam-se no meio da chuva inglesa. Era preciso uma mudança de contexto e radical para Antony voltar a brilhar e Manuel Pellegrini, perito em recuperar talentos, foi o melhor encaixe que o esquerdino podia ter pedido. Em Guimarães desfilou com a bola colada ao pé, mudando de velocidade e enganando adversários.

Menos evidente no vídeo de melhores momentos de jogo, mas com um protagonismo igual ao maior que o brasileiro, Isco fez um jogo de médio total na segunda mão. Desde logo do ponto de vista defensivo, procurando constantemente importunar adversários e correndo por todas as bolas, mas principalmente com bola onde atuou em todas as áreas. Quer lateralizando à esquerda, lado preferencial da construção do Real Bétis (com Ricardo Rodríguez mais baixo), procurando suportar a saída de bola espanhola, como em zonas de criação, nas costas dos médios vitorianos para definir no último terço, o internacional espanhol e figura maior do emblema de Sevilha exibiu-se ao melhor nível. Com 32 anos tem qualidade para jogar noutros palcos, mas o Real Bétis, pela valorização dos médios (Nabil Fekir, Canales, agora Isco) e pela possibilidade de ser uma estrela é o cenário ideal para o futebol do espanhol.

A magia dos pés de Antony e Isco retirou o Vitória SC do jogo numa altura em que os homens de Guimarães ainda procuravam nele reentrar. A ilusão de uma campanha europeia histórica existia e era sustentada por 13 jogos de invencibilidade e por um caminho que, até às meias finais, teria o modesto Jagiellonia como adversário. O sorteio madrasto dos oitavos de final acabou por ditar as chances do Vitória SC seguir em frente, mas o mote está dado para a próxima temporada quer sejam os vitorianos ou outro qualquer clube português (Santa Clara e Casa Pia ainda podem sonhar) a terminar no quinto lugar da Primeira Liga. O percurso passará por campanhas como a do Vitória SC: primeiramente que ultrapassem os playoffs e cheguem à fase de liga e, numa segunda fase, que não se inibam de jogar perante os adversários que estiverem pela frente.

Antony Real Bétis
Fonte: João Freitas/Bola na Rede

BnR na Conferência de Imprensa

Bola na Rede: Um dos segredos no jogo da primeira mão esteve na forma como o meio-campo do Vitória se impôs e foi capaz de dominar o jogo. Taticamente e a nível mental o que mudou de um jogo para o outro que explique a incapacidade do Vitória em ter a minha postura e acutilância com bola?

Luís Freire: Penso que os médios não pressionaram tão alto, ficaram um bocadinho mais fechados na expectativa de um erro que poderia surgir e nas primeiras duas ou três saídas faz dois golos. Conseguiu logo aproveitar algumas perdas de bola da nossa equipa e ser muito eficaz no início do jogo. Não deu para equilibrar. Quando estamos aos cinco minutos a perder não dá para equilibrar a equipa. Estávamos a pedir calma, mas do outro lado estava uma equipa que quando acelera de frente para o jogo acaba por fazer a diferença. Eles com um bloco muito fechado, tínhamos de atacar mais as costas e fomos pedindo isso à equipa. A partir da meia hora fomos uma equipa mais perigosa e objetiva, a conseguir descobrir bem os espaços e com a bola a chegar ao último terço. Podíamos ter feito o 2-1 e não fizemos, depois podíamos ter feito o 2-1 e não fizemos e sofremos o terceiro. O jogo só seria diferente se o abríssemos e não o conseguimos abrir. Se abríssemos o jogo o estádio ia ajudar, os jogadores iam ganhar mais confiança, o Bétis ia ter mais cautelas e provavelmente íamos ganhar mais duelos. Nunca conseguimos dar esse passo como fizemos no Bessa e como fizemos em Sevilha.

Bola na Rede: Do Fekir ao Canales agora ao Isco ou ao Fornals, são vários os médios que o Bétis conseguiu recuperar e valorizar nos últimos anos. Na sua ideia de jogo, qual a importância de conjugar jogadores mais criativos e com toque de bola, especialmente diante de um adversário que na primeira mão foi capaz de se evidenciar precisamente por reter a bola.

Manuel Pellegrini: Pessoalmente creio que para falarmos dos cinco anos como técnico e de várias equipas é preciso ter uma ideia futebolística na criação. Tentar ser protagonista com bola desde o começo, procurar a baliza contrária e defender de uma determinada maneira. Nestes cinco anos demos um passo em frente para jogar competições europeias todos os anos ou frequentemente. Todavia, podemos continuar a exigir mais um passe em frente. Muito contente pelo que conseguimos fazer hoje, por este resultado, mas temos de procurar continuar a melhorar tanto na Liga como na Conference League.

Diogo Ribeiro
Diogo Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
O Diogo tem formação em Ciências da Comunicação, Jornalismo e 4-4-2 losango. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

Subscreve!

Artigos Populares

O tributo do Real Madrid a Diogo Jota e a mensagem de Trent Alexander-Arnold: «Fazes tanta falta…»

O Real Madrid prestou tributo a Diogo Jota e André Silva em Anfield. Trent Alexander-Arnold esteve presente e deixou mensagem.

Paulo Fonseca liga a jogador do Real Madrid para transferência em janeiro

Paulo Fonseca falou com Endrick por telefone. Avançado brasileiro pode ser emprestado pelo Real Madrid ao Lyon em janeiro.

Carlos Ponck vai regressar à Primeira Liga e já tem destino

Carlos Ponck vai ser jogador do AVS SAD. Defesa-central de 30 anos estava livre no mercado, desde a passagem por Israel.

Pep Guardiola diz que Haaland está no nível de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi: «Basta olhar para os números dele»

Pep Guardiola deixa fortes elogios a Erling Haaland. Técnico recorda Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, em termos de capacidade goleadora.

PUB

Mais Artigos Populares

Sporting indignado com tentativa de pressão do FC Porto a Fábio Veríssimo: «Situações destas são um claro retrocesso no futebol português»

O Sporting mostra-se indignado pelas notícias que dão conta de uma tentativa de pressão do FC Porto e Fábio Veríssimo.

Boston Celtics perdem em final dramático com Neemias Queta envolvido

Os Boston Celtics perderam em casa com os Utah Jazz por 105-103 na NBA. Neemias Queta não ficou tão bem na fotografia.

Já são conhecidos os árbitros dos jogos do FC Porto e do Braga na Europa League

John Beaton será o árbitro do Utrecht x FC Porto. Já Balázs Berke estará no Braga x Genk, ambos jogos da Europa League.