ACF Fiorentina 1-2 West Ham UFC: Dois martelos cruéis dão Liga Conferência aos Hammers

CRÓNICA: WEST HAM VENCE LIGA CONFERÊNCIA COM GOLO AOS 90 MINUTOS

Suou, lutou e no fim celebrou. O West Ham United vence a segunda Liga Conferência da história num jogo em que se preparou para ter menos bola e, mesmo sabendo que seria inferior, traduziu o que criou em golo. A ACF Fiorentina é a segunda equipa italiana a cair na final de uma competição europeia nesta temporada.

48 anos depois o West Ham voltou a ser feliz na Europa. O 14º lugar da Premier League venceu a Fiorentina num jogo que de imprevisível teve pouco ou nada.

Não há muitas equipas na Europa tão díspares quanto à abordagem e à filosofia de jogo. A Fiorentina queria ter bola, soube ter bola e geriu sempre o jogo. O West Ham dispensou o esférico, fechou-se com duas linhas de quatro bem compactas e tentou sempre criar perigo através do jogo direto na procura da referência Antonio e de bolas paradas.

E Michail Antonio foi mesmo o primeiro protagonista do jogo. O possante avançado jamaicano conseguiu oferecer-se como referência, muitas vezes sobre a meia direita, para as bolas longas despejadas pelo West Ham e foi o primeiro a criar perigo.

Depois da ameaça inicial a Fiorentina cresceu do jogo e controlou-o até ao fim. É notável o trabalho de Italiano, um dos representantes da nova geração do futebol transalpino que se quer protagonista. A sua Fiorentina – tal como era o seu Spezia – é trabalho de autor e, mesmo sem o título, a identidade ninguém a pode roubar.

O trabalho sem bola da fiore retirou qualquer possibilidade do West Ham sair por dentro e o conjunto italiano preparou-se para os confrontos físicos na disputa pela 1ª e pela 2ª bola. As marcações individuais no meio-campo retiraram nomes como Rice, Soucek e principalmente Paquetá de perto da bola e dificultaram a tarefa dos hammers.

Com bola, a Viola criou dúvidas ao West Ham. Mantendo-se num bloco recuado e fechado não havia qualquer obstáculo aos obstáculos que, vendo o jogo de frente, eram capazes de atrair por um lado e variar rapidamente o flanco, com o lateral por fora a garantir amplitude e com o extremo geralmente por dentro a atrair o extremo do West Ham, a jogar como médio-ala. Avançando a marcação, com um médio a subir e com os extremos mais avançados, a Fiorentina era capaz de procurar uma bola longa num dos homens da frente que enquadrava os médios de frente para o jogo.

Milenkovic, depois de superado nos primeiros minutos, começou a superiorizar-se a Antonio e deu o protagonismo a um jogador diferenciado que se mantém por Itália. Amrabat, pela enorme zona de jogo coberta sem bola e pela importância na saída limpa da equipa italiana, é um dos dois nomes diferenciados desta Fiorentina.

O outro é Nico González, algo escondido durante a maioria da primeira, mas fulcral nos momentos-chave. O agitador argentino não teve partida fácil perante o controlo de Emerson Palmieri, mas quando se soltou criou perigo. A bola colada ao pé esquerdo, a irreverência no drible e a qualidade no cruzamento são armas fundamentais para o conjunto de Italiano. Foi o pé esquerdo de Nico González que colocou a bola redondinha na cabeça de Kouamé nos descontos da primeira parte. O costa-marfinense atirou ao poste e Jovic acabou por marcar na recarga, mas viu o golo anulado por fora de jogo.

Depois do intervalo, pouco ou nada mudou. Aos 50 minutos o possante Antonio foi o encarregue de colocar a bola na área num lançamento lateral ofensivo do West Ham. Poucos momentos são mais ilustrativos da ideia de jogo do West Ham de David Moyes. Defender bem e aproveitar bolas paradas e transições, antes que a bola queime.

E a bola queimou mesmo. À hora de jogo Biraghi usou o braço dentro da área, o VAR confirmou a grande penalidade e Benhrama inaugurou o marcador para o West Ham. Estava dada a primeira martelada do jogo, totalmente contra o rumo da final.

A Fiorentina não desanimou e volvidos sete minutos empatou a partida novamente, devolvendo alguma justiça ao resultado. Amrabat escondeu a ação ao máximo e, quando todos pensaram num passe curto, o marroquino lançou para Nico González. O argentino ganhou o duelo de cabeça com Emerson e colocou a bola para Bonaventura que, com muita classe, recebeu com o pé esquerdo e rematou de pé direito. Fundamental também na receção limpa de Bonaventura o passe esquecido de Amrabat, que adiou a descida da linha intermediária – situação de bola descoberta – do West Ham e abriu um buraco para a infiltração do companheiro.

Depois do golo, a partida abriu um pouco e a batalha de Praga intensificou-se. O jogo teve sempre uma tónica muito física e o empate recuperou a intensidade no choque e na luta pela bola, abrindo uma partida que a Fiorentina até então tinha na mão (metaforicamente e literalmente, no que toca a Biraghi).

Mandragora aos 72 atirou a rasar o poste depois de uma boa ação de Arthur Cabral como pivô dentro da área e aos 80 o West Ham respondeu com Soucek a responder de cabeça a um cruzamento de muito longe. Os reflexos de Terracciano impediram o golo dos hammers.

Por esta altura David Moyes trocou Antonio com Bowen. O jamaicano foi encostado à direita e o inglês, destaque ofensivo do West Ham, foi poupado do desgaste defensivo do corredor e passou a pisar terrenos mais centrais.

E a mudança foi decisiva no desfecho da partida. Aos 90 minutos o West Ham recuperou uma bola à entrada do seu meio-campo, Paquetá – ainda não tínhamos falado do jogador mais criativo dos ingleses – lançou uma bola perfeita para Bowen que ganhou a frente à linha defensiva da Fiorentina e, no frente a frente com Terracciano não tremeu.

Um golo especial de um jogador especial que no West Ham ganhou contornos de estrela. Bowen vai construindo um legado bonito em Londres e deu o segundo título da história ao West Ham que sucede à AS Roma como vencedor da competição e garante presença na próxima edição da Liga Europa.

E por falar em West Ham e em AS Roma. Jamais uma corrida igualará o lendário sprint de José Mourinho, atual técnico da Roma, na altura no Inter de Milão. Mas a corrida de Moyes depois do golo de Bowen não pode passar despercebida. Não é o treinador mais consensual, mas o sorriso no rosto depois daquele que classificou como o momento mais importante da carreira brilha mais que qualquer metal precioso da Taça.

A FIGURA:

Lucas Paquetá – Num clube de operários, há espaço para um artesão. Paquetá é um oásis no meio de um deserto de ideias e de criatividade. Numa equipa refém de agitadores, de criativos o brasileiro assume um papel fundamental. Durante noventa minutos esteve muito longe do jogo, focado em missões defensivas que não o permitem evidenciar todo o seu talento. Muitas vezes lateralizou posição para se mostrar ao jogo e receber a bola perto dos defesas, tamanho o desnorte inglês quando foi obrigado a produzir. Mas no momento certo apareceu e mostrou toda a genialidade que tem nos pés com um passe magistral. O West Ham não foi a melhor escolha da carreira para Paquetá mostrar o seu futebol, mas os ingleses agradecem por ser um menino brasileiro o encarregue de dar vida às máquinas.

O FORA DE JOGO:

Adeptos do West Ham – O interessante confronto de estilos ficou manchado pelo incidente da 1ª parte. Os cantos pela direita da Fiorentina mostraram uma nova modalidade ao vivo na Eden Arena. O futebol foi substituído pelo lançamento do copo e ninguém saiu a ganhar. O jogo foi interrompido, Biraghi ficou com a cabeça a sangrar e a partida ganhou contornos negros. Aguardam-se as medidas da UEFA para identificar e punir quem em vez de cânticos lançou peças de cozinha. E por falar em instrumentos de culinária, além da Liga Conferência, o West Ham ganhou o Masterchef: perdeu uns copos, mas no final ficou com a Taça.

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Diogo Ribeiro
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O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação, está a terminar o mestrado em Jornalismo e tem o coração doutorado pelo futebol. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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