Real Madrid 4-1 Atlético Madrid (a.p.): eis La Decima

O Estádio da Luz foi o palco da conquista da décima Liga dos Campeões da história do Real Madrid. Lisboa encheu-se de gente e acolheu a primeira final de sempre desta competição entre duas equipas da mesma cidade: Real e Atlético de Madrid prometiam um jogo electrizante e as expectativas não saíram goradas. O que não faltou foi emoção!

Do lado do Real Madrid, destaque para a titularidade de Khedira – de regresso aos jogos internacionais depois de grave lesão -, que substituiu o castigado Xabi Alonso. Do lado do Atlético de Madrid, a grande surpresa foi a inclusão de Diego Costa no onze – o ponta-de-lança hispano-brasileiro conseguiu recuperar a tempo do grande jogo, mas acabou por sair antes dos 10 minutos, manifestamente incapacitado do ponto de vista físico, cedendo o seu lugar a Adrian.

A primeira meia hora de jogo teve pouca história e nenhuma oportunidade. As duas formações entraram agressivas mas cautelosas e começaram por estudar-se mutuamente, numa interessante mas inconsequente batalha a meio-campo. Um livre de Ronaldo aos 28’ foi o primeiro remate digno de registo; aos 32’, Bale aproveitou um passe errado de Tiago para o seu primeiro falhanço clamoroso da noite. Até que o Atlético chegou ao golo, por intermédio de Godín (o central que já havia colocado os colchoneros na Luz e que marcou o “golo do título” em Camp Nou). Na sequência de um canto, a bola sobrou para o uruguaio, que se antecipou a Khedira e, com a nuca, cabeceou para a baliza. Responsabilidade clara de Casillas, que ficou “aos papéis” e não conseguiu evitar o primeiro. Ainda antes do intervalo, Adrián, de cabeça, poderia ter ampliado a vantagem.

Godín - quem mais? - marcou o golo rojiblanco Fonte: UEFA
Godín – quem mais? – marcou o golo rojiblanco
Fonte: Getty Images

No segundo tempo, o jogo foi mais espetacular. O Atlético abandonou o 4-4-2 passou a jogar em 4-2-3-1, com Tiago a fazer de pivot, Koke e Gabi à sua frente, Adrián na esquerda, Raul Garcia na direita e Villa na esquerda. O Real Madrid continuou num híbrido entre o 4-4-2 e o 4-3-3. Raul Garcia teve nos pés mais uma ocasião, aos 50’. Na resposta, Di María, num dos vários slaloms impressionantes, sofreu falta, arrancou o amarelo a Miranda e deu a Ronaldo um livre perigoso, que resultou numa sequência de dois pontapés de canto igualmente incómodos para os campeões espanhóis. Adrián ripostou com um grande remate aos 56’; Ronaldo voltou a ameaçar de cabeça aos 61’.

Depois, as substituições que ajudaram a mudar o jogo: Marcelo entrou para o lugar de Coentrão, dando muito mais profundidade ofensiva ao jogo dos blancos, e Isco rendeu o apagado Khedira, oferecendo ao Real a capacidade de ter a bola e controlar o jogo em posse. A partir daí, o Atlético foi-se retraindo e as ocasiões de perigo sucederam-se: Isco, Ronaldo e Gareth Bale podiam ter feito o 1-1, mas o 1-1 só viria a surgir no tempo de compensação, quando já todos julgavam que o Atlético ia ser campeão europeu pela primeira vez. Num canto batido por Modric, Sergio Ramos saltou mais alto e fuzilou a baliza de Courtois, impotente perante o tiro do vice-capitão do Real.

Já com as substituições esgotadas – Simeone já tinha colocado Sosa e Alderweireld em campo; Ancelotti já tinha lançado Morata para o lugar de Benzema –, Atlético e Real partiram para o prolongamento com estados de alma muito distintos: os colchoneros revisitando os fantasmas da outra final (perdida na compensação) e os blancos acreditando que La Decima estava já ali. Depois dos primeiros 15 minutos com o Real por cima e o Atlético fechado e compacto lá atrás (a continuação da segund parte do tempo regulamentar, portanto), viria a ser a segunda parte do prolongamento a ditar o campeão europeu de 2014. Di María arrancou sobre a esquerda, contornando todos os adversários que lhe apareceram à frente, rematou para uma defesa brilhante de Courtois, mas Bale, na recarga, de cabeça, colocou o Real em vantagem pela primeira vez em 110 minutos. Com a equipa completamente estoirada fisicamente e quase toda amarelada, o Atlético deu tudo o que tinha para voltar a agarrar a final, mas era tarde demais. Marcelo, com toda a facilidade, rematou para o 3-1 e Cristiano Ronaldo, na cobrança de um penalty ganho por si mesmo, dilatou para 4-1 – um resultado que fica muito longe de espelhar o que se passou dentro das quatro linhas.

O golo de Sergio Ramos mudou tudo  Fonte: Getty Images
O golo de Sergio Ramos mudou tudo
Fonte: Getty Images

Os jogadores do Atlético de Madrid deixaram, como sempre, tudo o que tinham em campo. Tiveram coração, lutaram com todas as suas armas, entregaram-se ao jogo como só eles sabem fazer e estiveram a dois míseros minutos de cumprir uma época de sonho. Foi por muito pouco que não conseguiram bater o pé, uma vez mais, ao todo-poderoso Real Madrid. Por outro lado, o Real Madrid foi justamente feliz. Em desvantagem, procurou sempre dar a volta ao texto, falhou oportunidades e mereceu ir para o prolongamento. Evidentemente, fez-se valer da maior frescura física e da maior qualidade individual dos seus futebolistas. Qualquer vencedor seria um justo vencedor. O Real Madrid fez uma campanha fantástica e merece o ceptro. Assim, teremos três compatriotas que chegarão ao Mundial como campeões europeus: Cristiano Ronaldo, Fábio Coentrão e Pepe.

A Figura
Di María – Foi o elemento em maior destaque no lado do Real Madrid, a par de Sergio Ramos e Modric. O argentino, de regresso à casa onde despontou para o futebol mundial, esteve ao seu nível e mostrou a maturidade táctica que ganhou nos últimos anos e a qualidade técnica e a velocidade que aprendeu a colocar ao serviço do colectivo. O grande desequilibrador desta final.

O Fora-de-Jogo
BBC – Benzema, Bale e Cristiano Ronaldo estiveram os três longe do seu melhor nível. Não jogaram mal, mas se estivessem a cem por cento teriam provavelmente resolvido esta final ainda durante o tempo regulamentar.

Podem consultar as estatísticas do jogo e ver todos os golos.

Francisco Manuel Reis
Francisco Manuel Reishttp://www.bolanarede.pt
Apaixonado pela escrita, o Francisco é um verdadeiro viciado em desporto. O seu passatempo favorito é ver e discutir futebol e adora vestir a pele de treinador de bancada.                                                                                                                                                 O Francisco não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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