O Mundial é, provavelmente, a maior montra do mundo do futebol. Transforma estrelas em jogadores de banco e jogadores de banco em estrelas. Este Mundial não está a ser excepção e há nomes de que nunca ninguém ouvira falar que começam a vir à tona. Nesta edição, em particular, os guarda-redes estiveram em destaque – Ochoa, Keylor Navas, Tim Howard ou Krul foram algumas das luvas em primeiro plano.
Hoje quero falar-vos de Ochoa. Um guarda-redes com uma cabeleira de fazer inveja a David Luiz ou Fellaini, que enraíza o típico sul-americano louco e que nunca se afirmou como pilar essencial em nenhuma equipa. Ochoa fez um Mundial fantástico. Sentiu todos os olhares do mundo e actuou como um gigante. Aliás, despertou, inclusive, o interesse de grandes clubes como o Mónaco ou o Arsenal. Mas quem era Ochoa antes do Mundial? Poucos o conheciam. Se perguntassem por ele aos adeptos do Ajaccio, eles reconhecê-lo-iam com toda a certeza, ou não fosse ele um homem de grandes números. Que números? 71. 71 quê? 71 golos sofridos numa época. Esta é a verdade. Ochoa apresentou-se a grande nível ao serviço do México e foi uma muralha que só mesmo um penalty inventado conseguiu derrubar. Mas foi também o guardião mais batido da Ligue 1 na temporada transacta.
Se neste momento eu precisasse de contratar um guarda-redes, ficava indeciso. Optando pelo mexicano, que Ochoa iria eu adquirir? O intransponível Ochoa do Mundial ou o desconcentrado e medíocre Ochoa que actuou na Liga Francesa? Um jogador apenas de grandes palcos, que apenas com toda a pressão joga o seu melhor, ou um jogador fiável e regular? Ochoa já mostrou que pode fazer muito, mas a pergunta impõe-se: conseguirá ele manter a qualidade que demonstrou no Brasil, sem vacilar, numa das grandes ligas do futebol mundial?
Na minha opinião, Ochoa é fogo-de-vista. Uma boa prestação no Mundial não apaga uma carreira com muitas debilidades entre os postes. Por outro lado, Keylor Navas é um jogador que provou no Mundial ser aquilo que tinha mostrado ser na Liga BBVA, onde foi eleito melhor guarda-redes da época 2013/2014. Este está a ser o Mundial dos guarda-redes e Ochoa foi um dos protagonistas da competição. Agora vou esperar pelas notícias para ver que redes vai defender o azteca para o ano. Talvez as suas futuras exibições que me façam engolir estas palavras. Ou talvez não. Se calhar estou certo e os 71 golos sofridos numa época são um argumento sólido o suficiente para levar qualquer director desportivo a pensar duas vezes antes de o contratar.