A cratera de jovens promissores do Tottenham

O Tottenham é cada vez mais um clube formador de talento e comprador de jovens promessas em todas os cantos do globo. Como praticamente todos os clubes da Premier League, é certo também que não deixa de despender largos sacos de libras em alguns ativos, dada a competitividade do campeonato inglês, mas hoje não é sobre isso que escrevo e sim sobre a juvenilidade que começa a compor o plantel do Norte de Londres.

A política de contratações de um clube, mais do que relacionada com o aspeto tático do jogo, está dependente do diretor desportivo. A chegada de Johan Lange a um de novembro de 2023 foi preponderante neste quesito, para o lugar que pertencia a Fabio Paratici, que tinha sido afastado pela FIFA na sequência de um processo decorrente dos tempos em que trabalhou na Juventus.

O italiano no seu tempo no clube, para além do óbvio talento do futebol italiano (Dejan Kulusevski, Rodrigo Bentancur e Cristian Romero), trouxe jovens algo desconhecidos no panorama internacional como Destiny Udogie (Udinese) e Pape Matar Sarr (Metz), embora que sem grande aposta inicial. O objetivo passava sempre por assegurar o talento, mas voltar a emprestá-lo à fonte.

Com a chegada do dinamarquês, e em pouco menos de um ano o Tottenham contratou Radu Dragusin (Genoa), Archie Gray (Leeds United), Wilson Odobert (Burnley), Lucas Bergvall (Djurgarden), Min-Hyeok Yang (Gangwon FC) e Luka Vuskovic (Hajduk Split), tudo reforços com idade igual ou inferior a vinte anos, se excetuarmos o central romeno, que soma vinte e dois aniversários. Para além disso é preciso referir que vários destes nomes são cotados como das maiores esperanças dos seus respetivos países, falo de Lucas Bergvall (Suécia), Min-Hyeok Yang (Coreia do Sul), Luka Vuskovic (Croácia) e Radu Drăgușin, o melhor romeno no Europeu 2024.

Dificilmente, todos serão apostas no imediato ou a médio prazo, podendo alguns dar rendimento desportivo e/ou financeiro. Desta lista, para além de Radu Drăgușin, já estabelecido na primeira equipa, apenas Archie Gray, Lucas Bergvall e à partida Wilson Odobert farão parte dos planos de Ange Postecoglou para a temporada 2024/2025.

Falar de Ange Postecoglou é também falar da importância do técnico nas contratações do mercado de verão da época anterior, no período entre a saída de Paratici e a chegada de Lange. A par de Scott Munn, o técnico australiano ajudou a trazer Guglielmo Vicario (Empoli), James Maddison (Leicester City), Micky Van de Ven (Wolfsburgo) ou Brennan Johnson (Nottingham Forest).

Postecoglou é também responsável pelo impulsionamento de vários jovens no plantel dos spurs, como Destiny Udogie ou Pape Matar Sarr, que quando disponíveis foram apostas certeiras e regulares no modelo de jogo do antigo treinador do Celtic. Os próximos a se fixarem nas escolhas parecem ser os médios Lucas Bergvall e Archie Gray, e se juntarmos os jovens da formação há Will Lankshear, Jamie Donley, Alfie Devine, Tyrese Hall, Alfie Dorrington e claro Mikey Moore, a aparecer.

Futebolisticamente falando, quem são estes jogadores, que farão parte do plantel 2024/2025?

  • Archie Gray: É um multifacetado inglês de 18 anos, que fez uma bela temporada de Championship ao serviço do Leeds. Pode jogar a médio defensivo, como segundo médio, ser um lateral direito construtor e até fez de defesa central na pré-temporada. Tem uma capacidade de condução enorme, para sair de pressão e quebrar linhas de pressão e uma compreensão do jogo fora do comum, tornando-o um exímio ocupador de espaços. Destaca-se ainda pela liderança e maturidade, apesar da tenra idade. Pode fazer parte da lista de capitães num futuro não muito longínquo.
  • Lucas Bergvall: Num negócio que o Tottenham levou a melhor ao Barcelona e por apenas dez milhões de euros, Lucas Bergvall é um luxo. Robusto fisicamente, é um simplificador do jogo, mete passes de rutura e tanto sabe verticalizar como variar jogo. Aguenta a carga e tem requinte em espaços curtos. Para além disso, tem um raio de ação enorme e recupera bolas. Tem a bagagem toda para chegar ao topo do futebol mundial.
  • Wilson Odobert: O jovem francês chegou do Burnley na semana passada e por isso ainda não há qualquer amostra do que pode fazer com a camisola lilywhite ao peito. Já com uma época de Premier League nas costas sob o comando de Vincent Kompany, o extremo vem adicionar velocidade, capacidade de um para um e algum “futebol de rua” aos flancos do Tottenham. Apesar de tudo isto, é justo dizer que ainda é um projeto de extremo.
  • Mikey Moore: Já longe de Harry Kane, Kyle Walker, Dele Alli ou das esperanças em Oliver Skipp e Harry Winks, que até já abandonaram o clube, a academia do Tottenham tem em Mikey Moore uma das maiores promessas do futebol inglês. Apesar de Ange Postecoglou o ter usado na meia direita na pré-temporada, Mikey Moore tem no flanco esquerdo o seu lugar preferido no terreno do jogo. Gosta de fazer movimentos interiores com bola e tentar a meia distância com o seu remate que para além de ser colocado, é também potente, uma bomba-relógio, no fundo. O seu equilíbrio distinto permite esquivar-se por entre os adversários e aguentar cargas sem cair. A par de Ethan Nwaneri, foi dos melhores da seleção inglesa no Europeu sub-17 do presente ano.

Com tudo isto, é possível perceber que o Tottenham tem que gerir bem as idas ao mercado, pois muitas das soluções futuras do clube poderão estar dentro de portas.

Rodrigo Silva
Rodrigo Silva
O Rodrigo ama aventuras, é scout no Guarda FC e no FC Porto e crê que o talento futebolístico existe em qualquer lado. Para além disso, adora jogadores completos e bolas paradas.

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