Força da Tática: Chelsea x Manchester City: O “mestre” superiorizou-se ao antigo “aprendiz”

Em Londres, Stamford Bridge foi o palco do primeiro grande clássico da nova edição da Premier League entre Chelsea e Manchester City. Um embate extremamente prometedor, não apenas por se tratar do reencontro entre duas equipas que, na temporada transata, protagonizaram um empate eletrizante a quatro bolas, mas também por se tratar da estreia de Enzo Maresca em jogos oficiais, logo contra o seu antigo mentor, Pep Guardiola. Os Cityzens impuseram-se aos Blues, vencendo por duas bolas a zero e iniciando de forma perfeita a defesa do título.

Abaixo, destaco alguns detalhes técnico-táticos que explicaram em parte a vitória do Manchester City frente ao Chelsea.

Permuta entre Doku e Savinho

Os Sky Blues apresentaram-se em Londres com os seus extremos posicionados nos flancos correspondentes ao seu pé preferencial. O brasileiro Savinho atuando no lado esquerdo, enquanto a largura no corredor direito era garantida por Jeremy Doku, numa aposta clara de Guardiola em criar situações de um para um entre os seus alas e os defesas laterais do Chelsea.

Contudo, o início da partida revelou-se particularmente complicado para Doku, que enfrentou dificuldades significativas nos confrontos com Marc Cucurella. O lateral espanhol neutralizou grande parte das investidas do belga. Perante esta adversidade, Pep Guardiola optou por uma alteração tática que evidenciou ser decisiva: a permuta entre os extremos, com Doku a passar para o flanco esquerdo e Savinho para a direita.

Esta mudança concedeu uma imprevisibilidade superior ao ataque do Manchester City (diagonais para dentro), produzindo resultados imediatos. O primeiro golo do campeão inglês teve o antigo jogador do Stade Rennais como um dos principais protagonistas, agora mais à vontade com o seu novo posicionamento, evidenciando o acerto da decisão estratégica do treinador catalão. Haaland, com muito mérito e bem ao seu estilo, desfez o nulo. No entanto, Levi Colwill não ficou isento de responsabilidades, dado o amplo espaço existente entre o inglês e o seu parceiro do eixo defensivo, Wesley Fofana.

Tal como Doku, Savinho saiu beneficiado com esta nova nuance tática. O jogador, que brilhou ao serviço do Girona, é um velocista com um repertório técnico impressionante e revelou-se um verdadeiro quebra-cabeças para Cucurella.

Momento de pressão do Chelsea

A eficácia do Chelsea no momento de pressão é o principal destaque que Enzo Maresca pode extrair desta jornada inaugural. Os Blues apresentaram-se com um duplo pivô formado por Romeo Lavia e Moisés Caicedo, ambos com um raio de ação imensamente elevado. Esta dupla facultou aos comandados do técnico italiano a capacidade de aplicar uma pressão em zonas adiantadas do terreno de jogo, forçando alguns erros de construção e neutralizando os contra-ataques do Manchester City.

A qualidade na pressão não se traduziu em golos, pois, no último terço, a lentidão e os erros na tomada de decisão marcaram os ataques do Chelsea (fiabilidade do Manchester City na defesa da área).

Quando Maresca retirou Lavia do jogo para a entrada do criativo Kiernan Dewsbury-Hall (minuto 68), fazendo recuar Enzo Fernández, os Blues perderam argumentos para pressionar e o City passou a defender-se com bola.

“No Rodri No problem”

Rodrigo Hernández desempenha um papel predominante na manobra do Manchester City, destacando-se pela sua excelência defensiva e pelas suas capacidades superlativas com bola. O médio espanhol estava indisponível para esta jornada inicial e a responsabilidade de o substituir recaiu sobre Mateo Kovacic.

Embora tenha mostrado algumas fragilidades defensivas, devido às constantes situações de inferioridade numérica em que se encontrou (Enzo e Palmer/Jackson nas suas costas) e por não preencher tanto espaço como Rodri, o croata foi autor de uma bela exibição.

Com bola, manifestou toda a serenidade e elegância que lhe são reconhecidas, sendo assertivo no passe e com os habituais rasgos em condução. Sentenciou a partida com um golo formidável ao minuto 84.

Decisões técnico-táticas de Enzo Maresca

No confronto de hoje, observou-se que alguns jogadores do Chelsea apresentaram um rendimento aquém do esperado, tornando-se imperativo que Maresca encontre formas de explorar ao máximo as suas capacidades. Os casos de Enzo e Christopher Nkunku são por demais clarividentes.

O argentino evidenciou algum desconforto ao atuar numa posição mais adiantada no campo, sendo frequentemente forçado a receber a bola de costas para a baliza. A produtividade do antigo centrocampista do Benfica é maior em zonas mais recuadas, funcionando como o primeiro construtor da sua equipa. É um jogador extremamente vertical, que quebra linhas com elevada facilidade, permitindo uma ligação limpa entre o setor defensivo e o ataque.

Porém, Enzo parece cada vez menos influente no processo defensivo, mostrando uma diminuição na eficácia nos duelos em comparação com o que demonstrou tanto no conjunto encarnado quanto no Mundial do Qatar. Sendo assim, e tendo em consideração a excelente exibição de Lavia, a utilização de Enzo no duplo pivô levanta algumas questões.

O caso do francês é relativamente similar ao de Enzo Fernández. Contrariamente ao que aconteceu no corredor direito, onde Malo Gusto se projetava, no lado esquerdo Cucurella assumiu um posicionamento mais baixo e em terrenos interiores, com a largura a ser proporcionada por Nkunku. O antigo jogador do RB Leipzig sente-se mais cómodo quando deambula por zonas mais centrais, aproximando-se da baliza, sendo que dada a opção tática de Maresca acabou por passar completamente ao lado do jogo (mérito de Rico Lewis).

Posto isto, a entrada de Pedro Neto, um jogador mais talhado para atuar junto à linha, fez sentido. No entanto, esta mudança coincidiu com o momento em que os Blues deixaram de ser tão capazes na pressão, permitindo ao City controlar o jogo com bola de forma exímia.

Subscreve!

Artigos Populares

Marselha tinha opção de compra por Amar Dedic

O Marselha poderia ter contratado Amar Dedic em definitivo no mercado de transferências de verão, mas o jogador vai rumar ao Benfica.

Há um novo avançado a ser apontado ao Manchester United de Ruben Amorim

O Manchester United está interessado em contratar um avançado no mercado de verão. Tolu Arokodare é o nome que está a ser apontado.

Gabri Veiga deixa elogios a Carlos Carvalhal: «O meu melhor momento na elite foi com ele»

Gabri Veiga deixou palavras elogiosas a Carlos Carvalhal, treinador com quem se cruzou no Celta de Vigo.

Kikas pode mesmo deixar Estrela Amadora: Rússia, Brasil e Escandinávia a bater à porta

Kikas está na porta de saída do Estrela Amadora. Avançado de 26 anos conta com interessados no Brasil, Rússia e Escandinávia.

PUB

Mais Artigos Populares

Samu Aghehowa marca o primeiro golo do FC Porto no Mundial de Clubes 2025

O FC Porto está a vencer o Inter Miami por 1-0 na segunda jornada do Mundial de Clubes 2025. Samu Aghehowa marca o golo azul e branco.

AS Roma confirma Frederic Massara como novo diretor-desportivo

Frederic Massara é o novo diretor-desportivo da AS Roma. O dirigente italiano foi confirmado como sucessor de Florent Ghisolfi.

Cesc Fàbregas contacta diretamente internacional espanhol com vista ao Como 1907

Cesc Fàbregas falou diretamente com Álvaro Morata sobre uma mudança para o Como 1907. Avançado espanhol não fecha porta.