Força da Tática: O monstro que Sarri está a criar (Parte 3)

Com a pausa para as seleções a chegar ao fim, regressam as competições de clubes, nomeadamente as competições europeias, onde o “nosso” Chelsea FC vai disputar a Liga Europa.

Clica para leres a PARTE 1 e PARTE 2.

Será interessante ver como Sarri vai abordar o próximo mês. Duplo confronto com o Liverpool (para a Taça da Liga Inglesa e para a Premier League), receção ao United e dois jogos para a Liga Europa, entre outras partidas (West Ham UFC, Cardiff City FC, Southampton FC). Por isso, vou fazer esta terceira parte mais curta, onde gostava de abordar aspetos mais defensivos e que vão ser postos à prova neste próximo mês.

Defensivamente Sarri recorre a um sistema onde os jogadores movem-se em conjunto e de acordo com a posição da bola e dos seus companheiros. Este sistema é o oposto daquele que Bielsa usa e de que falei no último artigo. Neste a posição dos adversários é ignorada, no sentido de não influenciar nada a movimentação, é uma abordagem ativa, ao contrário da de Bielsa. É ativa porque é o Chelsea quem decide quais a zonas que controla e que quer proteger, ao contrário de uma marcação ao homem onde as posições de quem defende são dependentes das dos adversários.

Sarri quer um Chelsea FC a pressionar alto e intensamente, mas se essa primeira pressão for ultrapassada pelo adversário, os blues baixam e procuram ter os seus jogadores próximos uns dos outros. Uns dão cobertura e outros equilíbrio à equipa, evitar ao máximo situações de isolamento.

Esta abordagem, pressionar alto, cria um espaço grande atrás da linha defensiva, que deixa a equipa vulnerável. Por isso é fundamental o papel do guarda-redes.

  1. Guarda-redes

Kepa foi o escolhido para substituir Courtois e têm a responsabilidade de assumir um papel que nenhum outro guarda-redes teve no passado em Stanford Bridge. Não só o de atuar fora da sua área para reduzir o espaço atrás da linha defensiva, limpado bolas que procurem explorar essa zona, como de jogar com os pés.

Fonte: Chelsea FC

Sarri quer um guarda-redes que tenha a capacidade de distribuir com os pés, tanto a curta como a média distância. Ligação Reina-Faouzi Ghoulam era algo que víamos muito em Nápoles, e que aqui será trabalhada por Sarri, a saída pelos laterais. Isso proporciona aos blues múltiplas possibilidades na saída de jogo, e coloca o adversário pressão sobre a decisão do adversário, se de fazer pressão alta ou não.

 

  1. Defesas centrais

Tal e qual como faz com Kepa, Sarri exige aos seus defesas centrais, entre outras coisas, que estejam para lá de confortáveis com a bola. E homens confiantes. É preciso ter uma grande confiança para assumir o risco que passes verticais para o interior da estrutura do adversário, e para iniciar a construção desde trás sobre intensa pressão do adversário. Será curioso ver como os adversários, em especial no confronto com o Liverpool, vão pressionar os centrais do Chelsea e como estes vão reagir.

Fonte: Chelsea FC

Fundamental ter confiança, para invadir o meio campo adversário, se for necessário, para chamar a si um adversário de forma a comprometer toda a organização do oponente.

Algo que vimos muito no último jogo, frente ao AFC Bournemouth, foram lançamentos destes dois homens (Rüdiger e Luiz) para as costas da linha defensiva adversária. A equipa de Sarri trocou muito a bola entre os seus centrais, forçando o Bournemouth a avançar ligeiramente a sua linha defensiva, para depois explorar esse espaço com diagonais e movimentos verticais dos médios. Esses movimentos em direção à baliza contrária eram quase sempre em articulação com outros em direção à bola.

 

  1. Fragilidades

Aquilo que Sarri propõe, exige aos seus jogadores serem não só tecnicamente evoluídos, como também extremamente inteligentes, em especial em espaços curtos, não só na fase ofensiva, mas também na defensiva.

Se mais adversários conseguirem fazer o que o Arsenal FC fez em alguns momentos (em especial na 1.ª parte), esticar a linha defensiva do Chelsea horizontalmente, abrindo espaços entre Luiz e Alonso e entre Rüdiger e Azpilicueta, a equipa fica vulnerável.

Fonte: BT Sport

Não só pelos espaços que se abrem entre os jogadores da linha, como pelo facto de estes ficarem isolados do resto dos companheiros. Ao ficarem isolados acabam por pressionar de forma individual, sem nenhum companheiro por perto para dar cobertura, e no momento errado.

A “roda” de Sarri já anda, e têm-se dado bem com o novo terreno, mas este mês têm de ultrapassar montanhas que ainda ninguém conseguiu vencer (Liverpool FC) e outras que nunca se sabe bem o que esperar (Manchester United FC).

Daqui a uns meses voltamos a falar sobre este “Monstro”.

 

 

Foto de Capa: Chelsea FC

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João Mateus
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A probabilidade de o Robben cortar sempre para a esquerda quando vinha para dentro é a mesma de ele estar sempre a pensar em Futebol. Com grandes sonhos na bagagem, está a concluir o Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial, pela Uni-Nova e procura partilhar a forma como vê o jogo com todos os que partilham a sua paixão.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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