Liga Inglesa: Há dias em que vale a pena sair de casa

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    Há dias em que vale a pena sair de casa. Aqueles em que tudo parece estar alinhado para que o dia, a noite ou ambos nos agraciem com boas surpresas, em que nos sentimos no topo do mundo, contagiando quem nos rodeia a desfrutar do momento que atravessamos.

    As dificuldades e os entraves à felicidade não deixam de existir mas passam a ser, apenas e só, oportunidades de nos superarmos, motivos para nos sentirmos orgulhosos no final do dia, porque, independentemente do que façamos, tudo correrá magicamente bem – deadlines cumpridas, projectos aprovados, aquela lasanha que sai, finalmente, bem, ou o simples reconhecimento social … e amoroso (nem que seja só por aquele dia, a rapariga/rapaz que queremos/temos, faz exactamente aquilo que andávamos à procura que fizesse – seja um olhar, uma mensagem ou uma foto indiscrecta/gesto carinhoso… só para nós).

    Sentimo-nos bem connosco, e nada nos parece travar. Sentimo-nos perfeitamente capazes de entrar num campo de futebol, alinhar num jogo da Premier League e ser o herói da partida, marcando quatro golos na baliza contrária e salvar um na própria.

    No fundo, ser o Georginio Wijnaldum de 18 de Outubro de 2015. O holandês, recentemente contratado pelo Newcastle, que não vinha a fazer uma época extraordinária, à semelhança (e em consequência) da sua própria equipa, assinou uma exibição soberba na tarde do último domingo e, nem que fosse pelos números acima mencionados, mereceu, com toda a justiça, o prémio de homem de jogo na goleada do Newcastle sobre o Norwich (6-2).

    Porém, ao contrário do que acontece um pouco com todos nós, não parece ser obra do acaso esta exibição. É certo que arranha patamares de excelência que muito poucos conseguem alcançar, mas há um aspecto que pode ter muita influência no desempenho do holandês – o encosto à linha.

    Wijnaldum viveu noite histórica Fonte: Newcastle United
    Wijnaldum viveu noite histórica
    Fonte: Newcastle United

    À semelhança do que aconteceu no jogo contra o Chelsea, que o Newcastle empatou a dois golos, Wijnaldum partiu do lado direito do meio-campo, ao invés do centro do terreno. Deixou de jogar de dentro para fora, e, quando em posse, alterava “a diagonal” de progressão para zonas mais “críticas” do terreno do jogo, apoiado pelo regresso de Colback ao centro do terreno, que lhe guardava as costas para eventuais desposicionamentos, por Sissoko, que lhe deu dois golos e encheu o campo, e pelo irrequieto Ayoze Pérez, que jogou mais “colado” a Mitrovic, no eixo do ataque e baralhou marcações entre a defesa do Norwich.

    Uma simples mudança foi suficiente para poder inverter o rumo de várias vidas: a do Newcastle, virgem de vitórias na Premier League e com um registo ofensivo envergonhado (5 golos) até então; a de Steve McClaren, que tem agora uma ideia do alinhamento óptimo da sua equipa;  e claro, a de Wijnaldum, que tem, agora, uma oportunidade de ouro para, finalmente, sair do espectro de esperança e se afirmar, em pleno, como certeza no panorama europeu de futebol.

    Um dia bom, daqueles em que vale a pena sair de casa, pode fazer maravilhas pela vida de uma pessoa. Basta agarrá-lo.

    Foto de Capa: Newcastle United

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