“Özil é único. (…) É o melhor n.º 10 do mundo”. Estas são palavras de José Mourinho sobre o jogador que treinou no seu tempo no Real Madrid. Deveras, Mesut Özil é absolutamente fantástico e este ano está em grande forma; já leva 13 assistências em apenas 15 jogos na Premier League, ao serviço do Arsenal F. C., e tem retirado protagonismo a Alexis Sanchéz, que foi o grande destaque da equipa na temporada passada.
Este início de época da Premier League tem sido repleto de surpresas (boas e más). Temos um Leicester City F.C. a surpreender tudo e todos; Jamie Vardy bateu o recorde de Ruud Van Nistelrooy; o campeão Chelsea está mais perto da descida do que da Europa, e por aí adiante. No meio de tudo isto, surge Mesut Özil. O médio do Arsenal está a fazer um início de temporada absolutamente fantástico e é um dos responsáveis pela excelente prestação da equipa, que já venceu a Supertaça, está em segundo no campeonato, a dois pontos do primeiro, e nos oitavos da Liga dos Campeões.
Em 2013, Arséne Wenger decidiu investir cerca de 40 milhões de libras (cerca de 55 milhões de euros) para contratar o médio do Real Madrid, por forma a acrescentar qualidade e experiência ao plantel, na luta pelo título de campeão inglês. O enorme talento do médio internacional pela Alemanha é inegável, mas as duas primeiras épocas em Inglaterra foram difíceis e ficaram, infelizmente, marcadas por lesões (é um problema comum nos jogadores do Arsenal, vá lá saber-se porquê…). Nesses dois anos, Özil disputou apenas 48 partidas no campeonato (26 em 2013-2014 e 22 em 2014-2015), fez 14 assistências e marcou nove golos. Números que, embora aceitáveis, não exprimem a qualidade do número 11 da equipa londrina, nem justificam a coroa de “melhor número 10 do mundo”.
Numa equipa em que abundam médios de grande calibre (Tomáš Rosický, Mikel Arteta, Jack Wilshere, Aaron Ramsey, Santi Cazorla, Mathieu Flamini e Francis Coquelin), não há indiscutíveis. Assim, para assumir um lugar no onze é preciso dar provas, em campo, de que se é verdadeiramente merecedor desse lugar. É necessário mostrar qualidade, vontade, determinação, tenacidade e, acima tudo, fazer a diferença.
É precisamente isso que Mesut Özil tem feito esta época. O ex-Real Madrid está finalmente a demonstrar porque é que Wenger apostou nele e está a liderar os Gunners na corrida ao título da Barclays Premier League, que foge há 11 anos. Com as já referidas 13 assistências em 15 jogos e ainda dois golos, o alemão contribuiu para mais de metade dos golos da sua equipa (têm 29 na liga) e assume-se, finalmente, como uma pedra fulcral no jogo do Arsenal. O estilo de jogo de Wenger é claramente benéfico para o jogador formado no Schalke 04; a rápida circulação de bola, as corridas dos extremos para as costas da defesa e a presença de Giroud na área permitem ao médio distribuir a sua magia e oferecer golos aos seus companheiros. A facilidade com que coloca a bola onde quer não é novidade mas não deixa de ser notável. Dificilmente manterá esta média (0,87 assistências por jogo) durante toda a época, mas se continuar a este nível tem grandes hipóteses de bater o recorde de passes para golo no campeonato inglês, pertencente à lenda do clube, Thierry Henry (20).
Deste modo, pode ser que esta seja a época em que Mesut Özil deixa a sua verdadeira marca na Premier League e assume o seu estatuto de maestro no Arsenal. A continuar assim, fá-lo-á certamente e conduzirá a equipa a uma temporada de sucesso. O desejo de conquistar o 14.º título de campeão inglês está bem presente nos adeptos e só com o esforço de todos – jogadores, treinador, direção e adeptos – é que os Gunners conseguiram conquistá-lo. Para isso é necessário que Özil e companhia mantenham a forma. Isso, e que haja menos lesões…
Foto de capa: Arsenal FC