O dia 9 de agosto marca o início de uma nova temporada em Inglaterra. Uma época que se espera, que seja bastante diferente da última edição da Premier League, onde o título foi verdadeiramente disputado desde cedo, apenas por duas equipas: o super Manchester City de Guardiola, e o Liverpool, orientado pelo excêntrico Jurgen Klopp.
A postura no mercado, que até ao momento, mais impressionou foi a do Arsenal. Os Gunners fazem sonhar os seus adeptos com as contratações de Dani Ceballos (por empréstimo do Real Madrid) e Nicolas Pépé (em definitivo, ao Lille). Não só pela qualidade de cada um, mas também pela alta expectativa que o preço gera.
Ceballos é um criativo/organizador que chama a atenção pela sua inteligência e visão de jogo com a bola nos pés. Qualidade de passe e de remate a meia distância, são apenas algumas das suas caraterísticas mais vistosas. Quem não o conhece, diria que passou pela formação do Barcelona, pela forma como encaixaria num modelo como o de “La Masia”. Apesar da juventude (22 anos), vejo-o com capacidade para “marcar o ritmo” do futebol ofensivo de Emery.
Já Pépé, é extremo e atua preferencialmente pelo lado direito do ataque. Traz nas raízes africanas a imprevisibilidade e a velocidade de execução. É um jogador de drible curto e passada larga. Faz boas combinações em terrenos interiores, o que privilegia os laterais “subidos” do Arsenal. Aparece muitas vezes em condições de finalizar as jogadas dentro de área, e na maior parte, decide bem.
Para além destes reforços sonantes, os adeptos têm esperança na afirmação dos jovens da “casa”. Têm-se destacado nesta pré-época e merecem um lugar no plantel. E refiro-me ao médio Joe Willlock, que na época transata foi entrando “a espaços” na equipa, e ao extremo Reiss Nelson, que regressa após empréstimo ao Hoffenheim, onde teve uma boa prestação na Bundesliga (23 jogos e 7 golos).
Com o setor intermédio, os adeptos da equipa do norte de Londres não terão que se preocupar, dada a quantidade e qualidade de opções, entre elas: Xhaka, Torreira, Guendouzi, Elneny, Mkhitaryan, Ceballos e Willock. Já para não mencionar o talentoso, mas polémico e dispendioso, Mesut Ozil, que é capaz do melhor e do pior. A meu ver, já desrespeitou demasiado o emblema e também o treinador, para continuar a vestir a camisola do clube. Basta haver alguém que o queira e que tenha milhões para lhe pagar. Neste momento, só clubes chineses terão capacidade e vontade de o levar… Sem ele, o Arsenal respirava melhor. É daqueles jogadores que “rema para o lado contrário”.
Também não será o setor mais adiantado a “tirar o sono” ao técnico espanhol. Pépé e Nelson juntam-se a um leque de opções que já contava com Pierre-Emerick Aubameyang, Lacazette e Iwobi. Criatividade, fantasia, velocidade e golos não faltarão a esta equipa. Os mais atentos à parte tática do jogo, percebem que Unai Emery é um treinador que aposta bastante no futebol atacante, em que todos atacam, com as linhas próximas umas das outras e com uma defesa subida. E é aí que se encontra a principal lacuna dos Gunners: a defesa.
Com Sokratis, Mustafi, Chambers, Monreal, Kolasinac, Bellerín e Maitland-Niles na linha da frente dos que podem ser eleitos para o quarteto (ou quinteto), a defesa do Arsenal deixa um pouco a desejar, pelo que é urgente a contratação, de pelo menos, um central. Não é que os centrais à disposição não tenham qualidade, mas a meu ver, não estão à altura do nível dos dos rivais. Se repararmos, não há nenhum “centralão” no plantel. O Manchester City tem Laporte; o Liverpool tem Van Dijk; o Tottenham tem Alderweireld; o United, está perto de garantir Maguire (Leicester)… E o Arsenal tem Sokratis ou Mustafi (com todo o respeito).
Na baliza, o alemão, Bernd Leno deve assumir a titularidade que dividiu com Petr Cech na época passada. Posto isto, se o Arsenal tiver aspirações de melhorar a sua classificação de anos transatos, terá de ir ao mercado por um central de qualidade. Se não for, Emery terá muito que trabalhar com os homens do setor mais recuado do terreno para “esconder”, aquele que tem sido o ponto fraco da equipa.
Foto de Capa: Arsenal FC
artigo revisto por: Ana Ferreira