Normalmente, o futebol é uma forma de escapar aos nossos pensamentos. E quando é o próprio desporto a pressionar para negar o que pensamos? O inglês tinha tudo para percorrer um belo trajeto por equipas de alto gabarito na Premier League e na seleção dos três leões, mas tudo terminou de forma trágica. Acabou traído pela sociedade e só recentemente foi dado o devido valor à coragem de Justin Fashanu.
Percorreu os anos de formação no Norwich City e foi pelos canários que se estreou como sénior. Os 40 golos em 103 partidas não enganam ninguém, deixando a sua marca durante o período em que pisou o relvado de Carrow Road. De todos os momentos com a camisola amarela e verde, é de destacar o golo do, na altura, jovem ao Liverpool, que ainda hoje é lembrado pelos adeptos do clube.
It’s 4️⃣0️⃣ years to the day when Justin Fashanu did this against Liverpool at Carrow Road… ☄️
Forever in our thoughts, Justin 🙏 pic.twitter.com/NZkwJMtuSe
— Norwich City FC (@NorwichCityFC) February 9, 2020
Já com algum estatuto, Fashanu tornou-se o primeiro jogador britânico negro a custar um milhão de euros, e transferiu-se para o Nottingham Forest de Brian Clough. Depois do clube ter vencido duas Taças dos Campeões Europeus, este era o palco ideal para o talentoso atacante brilhar ao mais alto nível.
No entanto, este foi o início da queda do jogador. Depois de ter sido visto num bar homossexual, toda a Inglaterra viu Justin com outros olhos, os da discriminação. Começou a treinar à parte e saiu por empréstimo para o Southampton. Infelizmente, nunca mais teve a oportunidade de brilhar como havia feito no início da carreira, e passou por clubes de média/baixa expressão.
Alguns anos depois assumiu abertamente a sua orientação sexual, tornando-o o primeiro no mundo do futebol a fazê-lo. Em vez de ser um alívio, a corajosa declaração deitou a carreira profissional por água abaixo. O próprio admitiu que os colegas de trabalho o atormentavam com piadas e insultos todos os dias enquanto treinava.
Justin Fashanu decidiu terminar com a vida em 1998, com apenas 37 anos de idade. Recentemente, o inglês foi homenageado no Hall Of Fame do Museu Nacional do Futebol Inglês pela sua bravura e determinação de terminar com a homofobia que ainda afeta milhões em todo o mundo. Esta é uma história de um herói que não terminou da melhor forma, mas que continua a inspirar muitos outros.
Artigo revisto por Diogo Teixeira