A época 2025/26 encontra a Juventus num dos momentos mais delicados da sua história recente. Depois de anos em que dominou o futebol italiano, o clube atravessa um período de instabilidade, onde o rendimento em campo, a gestão financeira e até a definição do seu próprio rumo se tornaram temas centrais. A chegada de Luciano Spalletti pode representar o início de um novo ciclo, mas está longe de ser a única resposta para os problemas que os Bianconeri enfrentam.
A Juventus terminou a temporada 2024/25 com um sabor agridoce. Garantiu o apuramento para a Liga dos Campeões, mas sem a autoridade que se espera de um candidato ao título. As exibições foram marcadas por irregularidade, lesões, falta de consistência e um ataque incapaz de corresponder ao nível exigido em vários momentos. Nem mesmo a defesa, tradicionalmente um ponto forte do clube, conseguiu manter estabilidade, afetada pela rotação constante e pelas ausências prolongadas. A integração de jovens talentos também não evoluiu ao ritmo desejado, deixando evidente um desequilíbrio entre veteranos, promessas e jogadores em fase de afirmação.


Se dentro de campo há dúvidas, fora dele o cenário não é menos tenso. A Juventus continua a lidar com prejuízos financeiros acumulados, e em outubro de 2025 a UEFA abriu uma investigação por alegadas violações do fair-play financeiro entre 2022 e 2025. As possíveis consequências, desde multas até restrições competitivas, colocam o clube numa posição frágil, obrigando-o a equilibrar a necessidade de se reforçar com a urgência de estabilizar as contas.
A época 2025/26 não começou da melhor maneira, e após oito jogos sem vencer, Igor Tudor foi demitido do comando técnico da Vecchia Signora. Luciano Spalletti chega com a missão de reorganizar a equipa e devolver identidade ao futebol bianconero. A sua visão ofensiva e experiência em reconstrução de projetos dão esperança, mas ninguém dentro do clube acredita que o treinador seja uma solução imediata para todos os problemas. O grande teste não é apenas tático, é estrutural.


Para voltar ao trilho certo, a Juventus terá de evoluir em três frentes: recuperar consistência desportiva, estabilizar a gestão institucional e reencontrar um modelo de jogo que volte a ser reconhecido e temido. O que está em causa já não é apenas ganhar, é recuperar credibilidade, dentro e fora de campo.
A Juventus está perante uma encruzilhada. A crise não começou num só ano e a recuperação não virá com uma única decisão. Se o clube conseguir transformar este momento de turbulência em base de reconstrução, pode regressar mais forte. Se falhar, o risco de prolongar o declínio é real, e o tempo, num gigante como a Juventus, nunca joga a favor.

