Javier Adelmar Zanetti jogou, no passado fim-de-semana, o seu último jogo no San Siro e o penúltimo jogo da sua fantástica carreira de vinte e dois anos.
Zanetti assinou pelo Talleres da segunda divisão argentina em 1992, após ter sido rejeitado pelas camadas jovens do Independiente. Apenas um ano depois transferiu-se para o Banfield, clube da primeira divisão, onde ficou dois anos, rejeitando propostas dos grandes Boca e River no final da sua primeira época.
Em 1995, já internacional pelo “país das pampas”, Zanetti foi a primeira contratação de Massimo Moratti. E que contratação! O Pupi, como vinha apelidado do seu país-natal, rapidamente conquistou a alcunha de El Tractor em Itália pelas suas habilidades em campo. Estreou-se pelo Inter a 27 de Agosto, na época de 1995/96, contra o Vicenza e o resto é história.
Nos dezanove anos que Zanetti passou em Milão capitaneou o Inter em quinze temporadas e conquistou dezasseis títulos: entre eles, cinco Serie A’s, uma Taça Uefa, quatro Copas de Itália e uma Liga dos Campeões como parte do histórico treble na fantástica época de 2009/2010 com José Mourinho. E tudo isto com o mesmo corte de cabelo.
Zanetti é provavelmente o jogador mais completo e polivalente da história do futebol. Começou a sua carreira a lateral direito mas jogou também a lateral esquerdo, ala direito, ala esquerdo, extremo direito, extremo esquerdo, médio defensivo e médio centro. A sua versatilidade não tem limites: ele joga onde o clube precisa; joga para a equipa e nunca para ele. Faz tudo em campo. Melhor do que isso, faz tudo bem: é um exemplo a defender e ao mesmo tempo um desiquilibrador nato no ataque. Quem não se lembra de ligar a televisão e ver um Zanetti com quase 40 anos a passar por meninos 20 anos mais novos em velocidade?
“Il Capitano” acaba a sua carreira como o jogador com mais jogos ao serviço do seu Inter e o segundo jogador com mais jogos na Serie A, apenas ultrapassado por Paolo Maldini. Além disso, é, neste momento, com cento e quarenta e cinco internacionalizações pela selecção argentina, o jogador mais internacional de sempre pelo país.
É sempre dificil dizer adeus a uma lenda como Zanetti. Admito sem problema que é o jogador que mais admiro no futebol actual: um exemplo de profissionalismo, humildade, consistência, dedicação e vontade; um jogador que sempre deu o que tinha e o que não tinha, que nunca arranjou problemas com ninguém e que foi sempre um role model dentro e fora de campo. Jogadores como Zanetti já não se fazem, infelizmente. O futebol é que perde.
Termino então com algumas citações de pessoas que percebem bem mais disto do que eu:
Esteban Cambiasso: “Zanetti? Apenas uma palavra, perfeição.”
Ryan Giggs: “Zanetti é o adversário mais formidável que defrontei.”
Arséne Wenger: “Não conheço a personalidade de Zanetit, mas se tiver em atenção as suas habilidades, atitude e comportamento dentro e fora de campo, 100 milhões não chegam para um jogador como ele.”
Roberto Baggio. “Ele nunca disse que queria ser como eu, mas digo-lhe eu que gostava de ser como ele.”
Fabio Cannavaro: “Zanetti ensinou-me a ser um capitão.”
José Mourinho. “Todos os jogadores querem ser como Zanetti.”
Francesco Totti: “Zanetti é uma lenda para todos nós.”