A Atalanta esta época não tem estado para brincadeiras, aliás, já há alguns anos que tem sido assim, mais concretamente, desde 2016, quando Gian Piero Gasperini chegou ao clube de Bérgamo.
Aquele que era um clube de meio da tabela, tornou-se numa das equipas mais temidas de Itália e até da Europa, alcançando grandes épocas, desde a chegada à Liga dos Campeões pela primeira vez e à subsequente presença na competição, até à conquista da Liga Europa da época passada.
Mais do que resultados desportivos, Gasperini implementou um estilo de jogo que revolucionou a identidade da Atalanta. Apostando numa abordagem agressiva e dinâmica, a equipa baseia-se numa pressão alta, transições rápidas e movimentos coletivos que envolvem todos os setores. Este modelo tem permitido ao clube não só desafiar, mas frequentemente superar gigantes como o Milan. Hoje, a Atalanta afirma-se cada vez mais como uma candidata séria ao título italiano, algo que parecia impensável há menos de uma década.
E tal como foi dito anteriormente, os Orobici superaram a equipa de Paulo Fonseca, provando mais uma vez, a capacidade de pôr em prática a filosofia de jogo de Gasperini.
A Atalanta dominou a maior parte da partida, embora os primeiros 25 minutos tenham sido bastante equilibrados entre os dois emblemas. A equipa da casa apresentou o seu característico 3-4-1-2, com uma pressão incessante que dificultava a construção adversária.
Por outro lado, o Milan parecia depender de individualidades, como a criatividade de Reijnders, os movimentos recuados de Morata para procurar jogo e criar ocasiões perigosas, e claro, a velocidade e técnica de Rafael Leão. Contudo, após o 1-1, o ritmo da partida diminuiu, transformando-se numa autêntica batalha tática.
A partir daqui, os rossoneri apagaram e acabaram por mostrar apatia em quase todos os setores, exceto na defesa que era o pilar frente ao ataque intenso do adversário.
Os comandados de Gasperini, apesar de não criarem muitas ocasiões com real perigo, foram teimando e persistindo face ao conjunto milanês.
Apesar de não priorizar a posse de bola, a Atalanta adotava um estilo vertical e agressivo, procurando sempre chegar à área adversária o mais rápido possível. As jogadas eram construídas a partir do seu trio de centrais e os médios, De Roon e Éderson, recuavam para oferecer linhas de passe e atrair a pressão oponente, criando espaços para explorar.
Os jogadores tinham bastante liberdade para se movimentar. Um exemplo disso, era quando De Ketelaere recuava ou deslocava mais para a ala, e aí, Pasalic assumia a sua posição. Na altura de atacar, os bergamascos colocavam muitos homens na área, inclusive defesas centrais, como Kolasinac e Djimsiti, que apareciam em zonas mais avançadas, acrescentando imprevisibilidade aos seus ataques.
E aquilo que mais incomodava certamente o Milan, foi a sua pressão constante de homem-a-homem. Cada jogador tinha uma marcação definida e seguia o adversário até ao limite, tornando difícil para o Milan encontrar fluidez ou criar espaços.
Paulo Fonseca certamente estava com os cabelos em pé. Como se já não bastasse a substituição forçada de Pulisic, por Loftus-Cheek, ainda na primeira parte, os seus jogadores simplesmente não conseguiam impor-se frente ao adversário.
Para piorar, o balde de água fria veio nos instantes finais da partida, após o golo de Lookman, que colocou um ponto final na invencibilidade de sete jogos e deixando o Milan ainda mais distante do topo da tabela.
Apesar de o estilo de jogo da Atalanta ser atrativo aos olhos do público, ele exige um esforço físico intenso por parte dos jogadores. Numa temporada carregada de jogos, Gasperini precisa equilibrar a intensidade do seu futebol com a gestão física do plantel. É certo que se reforçaram bem no último verão, trazendo jogadores mais veteranos, como Rui Patrício e Juan Cuadrado, que apesar de não serem peças fundamentais, acrescentam experiência e profundidade ao plantel, mas o calendário atual pode ser muito exigente.
Dada esta vitória, a Atalanta colocou-se no primeiro lugar da Serie A, provisoriamente, e cimentou o seu estatuto de candidato ao título.
Atualmente, a equipa está em alta na Serie A e ocupa o quinto lugar na Liga dos Campeões, posição que garante o acesso direto aos oitavos de final.
Gasperini continua a mostrar ser um grande treinador e esta época não tem sido exceção. Resta saber como é que a Atalanta vai competir pelo título italiano até ao fim da época, e até onde vão chegar na liga milionária, sendo que o próximo desafio é o Real Madrid, já na próxima terça-feira.