Após seis jornadas da Bundesliga, atrás do líder Borussia Dortmund e Bayern Munique está logo o Hertha de Berlim, em terceiro lugar. O conjunto da capital alemã venceu a equipa bávara e campeã em título por uns categóricos 2-0 e continua a ser a ‘pedra no sapato’ da Baviera. É a única equipa do campeonato alemão que não perdeu com o Bayern nos últimos quatro encontros (uma vitória e três empates). Muitos procuram explicações em Munique para entender como é que o hexacampeão já perdeu tão cedo no campeonato, mas porque não saber o que se anda a fazer na terra da bola de Berlim?
O treinador do Hertha é o húngaro Pál Dárdai. Com 42 anos e já a orientar esta equipa desde 2014, antes de uma experiência como selecionador daquele país, tem andado a ‘remar contra a maré’ no que toca ao estilo de jogo. Posse de bola não é a principal estratégia, como tem sido apanágio daquelas equipas de menor dimensão da Europa do futebol que despertam a atenção a muitos dos nossos leitores.
O forte do Hertha é de facto a finalização e a agressividade. A equipa nunca terminou os seus jogos esta época com superioridade nessa estatística. Só em golos, exceto na partida da quinta jornada da Bundesliga contra o Werder Bremen, onde perdeu por 3-1.
Para chegar lá, o conjunto de Berlim joga num esquema 4-4-1-1 muito aberto, atacando muito bem pela direita, oferecendo muita largura aos defesas laterais que obrigam os extremos a aproximarem-se do centro da área, local onde podem ser servidos para o golo ao lado dos avançados. Há uma bela reunião de jogadores jovens e promissores com futebolistas mais experientes, com muitos minutos de Bundesliga.
Valentino Lázaro, angolano naturalizado austríaco de 22 anos contratado ao Salzburgo por 6,5M€, é uma das referências desta estratégia pela faixa direita do Hertha Berlim, em conjunto com o veterano e costa marfinense desta equipa, Salomon Kalou. Basta ver o entendimento entre ambos no segundo golo do Hertha contra o Bayern, marcado por outro jogador em grande forma neste arranque de Bundesliga, Ondrej Duda. O médio ofensivo eslovaco de 23 anos é o atual melhor marcador do campeonato alemão com cinco golos, mais um que o avançado bósnio, também experiente e do Hertha, Vedad Ibisevic.
A larga amplitude que os laterais do Hertha têm pode ser um problema, mas isso parece por enquanto estar nas previsões da equipa de Dárdai. O promissor médio defensivo alemão – Arne Maier, de 19 anos – é o jogador que compensa as constantes subidas de Lázaro, bem como o norueguês Skjelbred – com 31 anos – quando o defesa esquerdo Mittelstadt avança para terrenos mais adiantados. Já os centrais Niklas Stark e Karim Rekik, ambos com 23 anos, assumem a marcação aos pontas de lança, numa linha defensiva sempre muito bem organizada. No jogo com o Bayern, Lewandowski ficou praticamente ‘no bolso’.
Há de facto uma estratégia bem montada no Hertha, clube que costuma dificultar a tarefa aos gigantes da Bundesliga, especialmente quando se trata de jogar no mítico estádio Olímpico de Berlim, onde é difícil levar pontos. Depois de um 10º lugar na temporada passada, o objetivo é com certeza regressar aos lugares europeus. Entre 2015 e 2017, o Hertha ficou sempre entre o 6º e o 7º lugar, tendo sempre arranques bastante interessantes. As presenças europeias têm vindo sempre a atrapalhar a prestação interna, mas o projeto a longo prazo que se vai cumprindo com Pál Dárdai pode trazer frutos a longo prazo. É ainda necessário um plantel mais profundo, que ofereça opções válidas.
Deixamos o resumo da primeira derrota impingida ao Bayern Munique esta temporada no vídeo em baixo:
Foto de capa: Hertha BSC