Força, Chape!

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    Parece que depois da tragédia que abalou o mundo, não faz qualquer sentido escrever sobre o que quer que seja. Perderam a vida 71 pessoas. Das quais a maioria eram integrantes da Associação Chapecoense de Futebol; mas também nossos colegas da imprensa. Seres humanos. Chapecó é uma pequena cidade do Estado de Santa Catarina, no sul do Brasil, que tinha o sonho de conquistar a América. Enfim, não vale a pena alongar-se mais e dizer que este clube subiu a pulso desde a quarta divisão (Série D) até ao estrelato. Sem investidores ricaços. Sem foguetes. Só com humildade. Agora é fácil dizer que a ANAC (agência de aviação local) deveria ter autorizado o voo para Medellín – obviamente que desconheciam o que viria a suceder depois… – mas sobretudo a incompetência não negligente daquela companhia aérea, cujo piloto era um dos dois proprietários. Quiseram poupar uns “trocos” no combustível e acabaram por despoletar uma tragédia.

    A alegria transbordava nos corações verdes Fonte: Chapecoense
    A alegria transbordava nos corações verdes
    Fonte: Chapecoense

    Enfim, já muito se escreveu sobre isto. Principalmente no dia seguinte ao sucedido. Até nós, do Bola na Rede, o fizemos, obviamente. Mas como foi um caso que afetou particularmente o Brasil e o futebol brasileiro, e incumbido eu de realizar a tarefa de escrever sobre ele, alguma coisa teria de falar. A todos os afetados, só posso desejar força. Toneladas dela.

    P.S. – Por estes dias a Conmebol (a associação que reúne todas as federações de futebol da América do Sul) anunciou a Chapecoense como vencedora da Copa Sul-Americana. Acho isto tremendamente errado; e passo a explicar. Primeiro, esta edição deveria ser anulada. Como se nunca tivesse existido. Ou, se quiserem encontrar um vencedor, fazer os dois jogos da final com equipes juvenis, tal como fizeram, por exemplo, os adversários do Torino, no passado. Assim, a Chapecoense vai receber um título que, julgo, preferia não arrecadar, ficando, para sempre, relembrado como o título da morte. E nenhum troféu se pode sobrepor a uma vida humana. 

    Foto de capa: Globo

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    Daniel Melo
    Daniel Melohttp://www.bolanarede.pt
    O Daniel Melo é por vezes leitor, por vezes crítico. Armado em intelectual cinéfilo com laivos artísticos. Jornalista quando quer. O desporto é mais uma das muitas escapatórias para o submundo. A sua lápide terá escrita a seguinte frase: "Aqui jaz um rapaz que tinha jeito para tudo, mas que nunca fez nada".                                                                                                                                                 O Daniel escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.