Chelsea 1-3 Atlético de Madrid: os colchoneros vêm a Lisboa!

    Está decidido: a final de Lisboa vai ter duas equipas de Madrid. Depois do nulo registado na primeira mão, o Atlético de Madrid foi esta noite a Stamford Bridge derrotar o Chelsea de Mourinho por 3-1 e volta a uma final da Liga dos Campeões quarenta anos depois.

    Perante as ausências de Lampard e Mikel (suspensos) e a impossibilidade de utilizar Matic e Salah nas competições internacionais, Mourinho escalou um onze pouco ortodoxo na tentativa de manter a coesão defensiva exibida na semana passada: Schwarzer na baliza; Ivanovic, Cahill, Terry e Cole na defesa; David Luiz e Ramires num duplo pivot; Azpilicueta (!) como extremo direito, Hazard na banda oposta, Willian a dez e Torres na frente. Do outro lado, Simeone apresentou a defesa habitual – Courtois, Juanfran, Miranda, Godín e Filipe Luís -, formou um duplo pivot com Mário Suárez e o capitão Tiago (no lugar do habitual capitão Gabi, castigado); e lançou Arda Turan sobre a direita, Koke sobre a esquerda e Adrián como “vagabundo” no apoio a Diego Costa.

    As duas equipas entraram mais preocupadas em não sofrer golos do que em marcar, cautelosas e disciplinadas, e quando o relógio marcava meia hora de jogo o número de oportunidades reduzia-se a uma para cada lado – Koke, aos 4’, atirou à barra num cruzamento-remate e David Luiz, aos 23’, ameaçou Courtois com um pontapé de bicicleta na sequência de um lançamento longo de Ivanovic.

    David Luiz, num pontapé acrobático, tentou surpreender  Fonte: UEFA
    David Luiz, num pontapé acrobático, tentou surpreender
    Fonte: UEFA

    O Chelsea tinha mais bola mas atacava de forma lenta e dependente da genialidade de Hazard, sempre muito bem vigiado. Na verdade, o ataque dos blues procurava sempre o lado esquerdo porque Azpilicueta denotava dificuldades em adaptar-se ao seu novo habitat. Incumbido de várias missões ao mesmo tempo – ora aparecia aberto sobre na direita, ora se juntava a Torres entre os centrais, ora dobrava as investidas de Ramires -, o habitual lateral esquerdo mal se viu. Por seu turno, o Atlético, sempre com os laterais muito subidos e com gente dinâmica e criativa na frente – Arda Turan (muito marcado), Koke, Diego Costa e Adrián (o mais apagado) – saía sempre a jogar com mais verticalidade e procurava penetrar na defesa contrária com mais velocidade.

    Aos 35’, o primeiro golo chegou. E foi do Chelsea. Ivanovic viu Willian a desmarcar-se de uma ponta à outra da área e endossou-lhe o esférico, o brasileiro, pressionado por dois homens, descobriu Azpilicueta a entrar no espaço e o espanhol cruzou para o compatriota Torres, no meio da área, atirar para o fundo das redes. Pouco depois, Adrián “penteou” a bola para as mãos de Schwarzer num livre de Koke – um prenúncio do que estava para vir. É que o mesmo Adrían acabaria por marcar ainda antes do intervalo: Tiago descobriu Juanfran sobre a linha, fez um passe picado sobre a defesa do Chelsea, o lateral cruzou em esforço e Adrián rematou cheio de intenção para o 1-1.

    No segundo tempo, o jogo foi mais vivo porque o Atlético subiu as suas linhas, pressionou mais alto, foi mais intenso e circulou a bola com mais paciência. Koke trocou de ala com Turan, ajudou a anular Hazard e o Atlético acabou por chegar ao segundo aos 54’, num penalty ganho e convertido por Diego Costa. O ponta-de-lança brasileiro (e espanhol) sofreu um toque de Eto’o – acabadinho de entrar para o lugar de Cole – e, depois de algum tempo a ajeitar a bola (tanto que levou amarelo pela demora), lá pôs a sua equipa em vantagem no marcador.

    Diego Costa, de grande penalidade, voltou a marcar na Liga dos Campeões  Fonte: UEFA
    Diego Costa, de grande penalidade, voltou a marcar na Liga dos Campeões
    Fonte: UEFA

    O Chelsea reagiu, foi para cima dos colchoneros, e parecia com capacidade para reentrar na eliminatória. David Luiz, com um cabeceamento ao poste, deu esperança aos ingleses. Demba Ba entrou para o lugar de Torres, Raul Garcia substituiu Adrián e, na sequência da primeira longa troca de bola dos pupilos de Simeone em alguns minutos, o Atlético acabaria mesmo por “matar o jogo”: Tiago (novamente ele!) descobriu Juanfran com um passe teleguiado a sobrevoar a defesa adversária, o espanhol cruzou para Arda Turan e o turco, após cabecear ao ferro, encostou para a baliza na recarga: 1-3 e vida muito complicada para os londrinos.

    O Chelsea sentiu o resultado e não foi capaz de esboçar uma reacção semelhante àquela que tinha tido quando sofreu o golo anterior. Diego Costa, tocado, cedeu o lugar a Sosa; Willian, que havia perdido influência no jogo da equipa com a entrada de Demba Ba (encostado à linha para que Eto’o e Demba Ba actuassem na frente de ataque, deixou de ser o cérebro), saiu para a entrada de Schürrle. Até final, nota para a entrada de Cebolla Rodíguez, que rendeu Arda Turan, e para um lance, já nos descontos, que traduziu o último fôlego dos blues: uma incursão individual de Hazard que acabou com um remate do belga, frente a frente com Courtois, a permitir ao jovem guarda-redes protagonizar uma brilhante defesa com o pé.

    Todos os jogadores do Atlético estiveram a um excelente nível, mas há alguns que merecem uma palavra especial: além de Koke, porventura o principal destaque do Atlético hoje, há que realçar as exibições seguríssimas dos dois centrais – Godín e Miranda -, que Simeone transformou em dois gigantes; de Filipe Luís, que é neste momento um dos melhores laterais do mundo e pode muito bem discutir a titularidade com Marcelo na selecção brasileira; e do “nosso” Tiago, que assumiu a braçadeira com grande compromisso, encheu o meio-campo e foi essencial, tanto nos equilíbrios da equipa quanto nos golos.

    Godín e Tiago, os símbolos da experiência neste Atlético  Fonte: UEFA
    Godín e Tiago, os símbolos da experiência neste Atlético
    Fonte: UEFA

    O Atlético mostrou toda a sua fibra nesta eliminatória, foi capaz de dar a volta ao texto quando se apanhou em desvantagem e, sempre fiel aos seus princípios e à sua identidade, derrotou o Chelsea com toda a justiça. De facto, Simeone criou uma equipa na verdadeira acepção da palavra, sem grandes estrelas mas com um espírito de solidariedade e de união fantástico. Os colchoneros reveleram uma maturidade e um carácter enormes e o prémio de vir disputar a final ao Estádio da Luz é mais do que merecido. Foi como underdogs que chegaram à final e é com esse estatuto que entrarão em campo frente ao arqui-rival do Real, mas o nível que atingiram permite-lhes sonhar com o ceptro.

    A Figura
    Koke – está feito um centro-campista de mão cheia. Como disse Luís Freitas Lobo durante a transmissão do jogo na SportTV, é um médio talhado para o futebol moderno, que está em todas as fases do jogo – transição ofensiva e defensiva; organização ofensiva e defensiva. Procura a bola, procura os espaços, trata a redondinha por tu, é intenso, é rápido a pensar e a executar, é forte, é… um futebolista de eleição. O Atlético vale pelo seu colectivo, mas Koke, em particular, brilhou.

    O Fora-de-Jogo
    José Mourinho – se elogiei a postura do técnico português depois da primeira mão porque o Chelsea defendeu muitíssimo bem e nunca se descompôs, hoje devo dizer que a sua estratégia falhou. Com a equipa mais fresca do que a do adversário, jogando em casa e tendo forçosamente de marcar golos, a ideia colocar Azpilicueta a extremo foi um erro. O Chelsea foi mais permeável do que o adversário e não esteve, em nenhum momento da eliminatória, verdadeiramente por cima do Atlético. Exigia-se-lhe algum rasgo para resolver os problemas tácticos que o Atlético lhe impunha e não o teve.

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    Francisco Manuel Reis
    Francisco Manuel Reishttp://www.bolanarede.pt
    Apaixonado pela escrita, o Francisco é um verdadeiro viciado em desporto. O seu passatempo favorito é ver e discutir futebol e adora vestir a pele de treinador de bancada.                                                                                                                                                 O Francisco não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.