A pressão do Atlético, sufocante e desgastante, para o adversário… e para si. Não podia durar para sempre, e a equipa foi forçada a encurtar o espaço do terreno que abrangia de forma a gerir o esforço. Ora, isto permitiu que Thiago Alcântara tivesse mais bola (coisa que no primeiro tempo não teve, fruto do tal posicionamento colchonero). Um dos mágicos tinha agora o que fazer, ou pelo menos servia de distracção, permitindo que os colegas tentassem a sua sorte. Foi assim que Alaba penetrou pelo meio-campo colchonero (aproveitando o espaço deixado pela marcação feita ao hispano-brasileiro), até disparar um foguete do meio da rua, que terá amolgado a barra da baliza de Oblak e ainda a fortaleza colchonera, que passou a ser mais vulnerável momentos após esse lance, com Javi Martínez (de cabeça) e Lewandowski (isolado) a disporem de boas ocasiões para empatar.
Não resultou, Pep Guardiola decidiu tirar Thiago, e o Bayern parece ter caído. O Atlético, depois dos sustos, recompôs-se e, com manha misturada entre a industrial dose de agressividade que empresta ao jogo, voltou a entrar na cabeça do adversário, relembrando-o onde estava e quem enfrentava. Só Vidal, primeiro num tiro potente, de longe, e mais tarde, num remate torto e enrolado, de perto, conseguiu esboçar uma reacção do lado alemão.
Fora isso, tudo controlado para o Atlético de Madrid, que até podia ter ampliado a vantagem, num lance de contra-ataque no qual Griezman ganha a bola no meio-campo rojiblanco, penetra a defensiva bárbara em velocidade, descobre excelente movimentação de Fernando Torres, que desfere uma belíssima trivela… travada pelo poste da baliza de Neuer.
Ficou tudo na mesma. Um 1-0 que premeia quem mais se entregou ao jogo, entrando num modo “faca-nos-dentes”, completamente focado na primeira batalha do acesso à final da Liga dos Campeões, como se de a própria vida se tratasse.
Festejar-se-à, agora, mas não por muito tempo. Tal como ontem não se festejaram, em demasia, os 113 anos do clube. Estes guerreiros levam isto da competitividade e do futebol muito a sério. Como devem ser.
A Figura:
Diego Simeone – O treinador do Atlético de Madrid fechou todos os caminhos possíveis e imaginários ao Bayern de Munique na primeira parte, e isso, só por si, já merece referência. Mas o dedo de Simeone vai muito mais além: passa pela forma destemida e crente com que os seus jogadores abordam cada lance, pela faceta de “chefe-de-claque” que ajuda o Calderón a tornar-se um autêntico pesadelo para os seus adversários, e, claro, pela forma como, harmonicamente, soube gerir o esforço dos seus atletas (apenas precisou de uma substituição!), na forma, variada, como alterou entre a pressão intensa à saída de bola, “esticando-se” no terreno e o “encolhimento” de linhas, numa altura em que a equipa acusava menor frescura física.
O Fora-de-jogo:
Juan Bernat – É difícil escolher um elemento de menor rendimento num jogo como este. Calha a fava a Bernat pela passividade no golo dos espanhóis e por se ter revelado um dos mais “amedrontados” pelo ambiente.