Real Madrid CF 3-1 Liverpool FC: Em confronto de veteranos, quem manda é o Júnior

    A CRÓNICA: REAL MADRID CF AUTORITÁRIO PERANTE DESACERTO INGLÊS

    À partida para um dos grandes “clássicos” do futebol europeu, o Real Madrid CF chegava a esta primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões embalado por uma série de dez jogos sem perder. O Liverpool FC vinha também de uma boa série de três vitórias consecutivas contra adversários difíceis (RB Leipzig, Wolverhampton Wanderers FC e Arsenal FC), mas mostrando ainda alguma irregularidade a nível de qualidade de jogo e forma recente. Favoritismo inicial, então, para a equipa espanhola que, jogando em casa, cedo tomou as rédeas do encontro.

    Após um início de jogo nervoso para as duas equipas, com muitos passes errados e perdas de bola de parte a parte, a primeira oportunidade do jogo foi para a equipa da casa, aos 12 minutos, com Vinícius Júnior a corresponder de cabeça com perigo a uma jogada na esquerda de Ferland Mendy. Uma dupla que combinou particularmente bem durante a primeira parte, tanto na vertente ofensiva como defensiva e em simetria com Marco Asensio e Lucas Vázquez na faixa oposta. Mais posse de bola para o Real Madrid e nova oportunidade aos 24 minutos, com Benzema a ganhar canto após passe errado de Alexander-Arnold.

    O primeiro golo do jogo chega aos 27 minutos, com Toni Kroos a fazer um passe de muito longa distância para a desmarcação de Vinícius Júnior, que deixa para trás Nathaniel Phillips e finaliza de pé direito com classe no frente a frente com Alisson.

    Depois de mais dez minutos de grande displicência do Liverpool, o 2-0 chega por Marco Asensio, com Toni Kroos mais uma vez no início da jogada com um grande passe de pé direito, que Alexander-Arnold “completa” ao isolar de cabeça, involuntariamente, Asensio. Quatro golos em quatro jogos para o extremo espanhol.

    Muito insatisfeito com a prestação da sua equipa, Jürgen Klopp tira Naby Keïta ainda aos 41 minutos e faz entrar Thiago Alcântara, aparentemente para dar maior dinâmica e criatividade ao meio-campo dos “Reds”. O brasileiro respondeu com um passe errado já em cima do apito final do primeiro tempo, sinalizando o grande desacerto da equipa inglesa até então.

    O intervalo pareceu trazer alguma tranquilidade à equipa do Liverpool, mostrando maior clarividência no passe, conseguindo maior posse de bola e forçando o Real Madrid a recorrer à falta durante os primeiros minutos da segunda parte – com Lucas Vázquez a ver amarelo por falta sobre Diogo Jota aos 49 minutos.

    Mohamed Salah, muito distante do jogo durante os primeiros 50 minutos de jogo, aparece finalmente a dar seguimento de pé esquerdo a uma jogada de insistência de Sadio Mané e Diogo Jota pelo centro da defesa do Real Madrid. Após consulta do VAR, o árbitro Felix Brych confirmou um golo que pode ser muito relevante para o Liverpool no contexto da eliminatória.

    Após a entrada forte dos “Reds”, o Real Madrid tentou voltar a assumir o controlo do jogo com dez minutos de maior pressão no meio-campo do Liverpool e sempre com Toni Kroos no centro das operações ofensivas da equipa espanhola. Das bancadas ia chegando o apoio do lesionado Sergio Ramos, habitual capitão de equipa e rendido no “onze” por Nacho.

    Aos 62 minutos, fluxo de acção no jogo: oportunidade para o Liverpool que terminou em canto, seguida por jogada rápida iniciada por Courtois e que também só não deu golo por culpa de um bom corte de Alexander-Arnold. No seguimento do lançamento lateral, no entanto, Vinícius Júnior aparece de novo a rematar de pé direito após assistência de Luka Modrić para fazer o seu sexto golo nesta temporada. Balde de água fria aos 64 minutos para um Liverpool em ascendente, mostrando debilidades defensivas que se estendem a Alisson, aparentemente mal batido na defesa ao remate do extremo brasileiro do Real Madrid.

    Jogo mais físico e partido a partir deste ponto, com Zinedine Zidane a tirar Marco Asensio aos 70 minutos e fazendo entrar Federico Valverde, numa tentativa de controlar ainda melhor o jogo a meio-campo e transformando o 4-3-3 num sistema de cinco médios, com Casemiro atrás da segunda linha, Valverde e Vinícius Júnior pelas alas e Benzema mais isolado na frente.

    À procura de um segundo golo que relançasse a eliminatória, o Liverpool tentou ter mais posse de bola até ao final do encontro. Aos 81 minutos, Klopp lançou Roberto Firmino e Xherdan Shaqiri com a intenção de lançar um ataque final à baliza de Courtois, mas o perigo nunca se materializou. A última grande oportunidade de golo foi mesmo para o Real Madrid, com Rodrygo, acabado de entrar para o lugar de Vinícius Júnior, a não definir bem o último passe após mais uma recuperação de bola a meio-campo.

    Apesar da superioridade demonstrada pelo Real Madrid, o Liverpool traz para Anfield um golo marcado fora, que pode ser muito importante se quiser ter qualquer hipótese de surpreender o clube mais titulado da história da Liga dos Campeões. A segunda mão está agendada para dia 14 de abril.

     

    A FIGURA

    Vinícius Júnior – O jovem brasileiro combinou vontade com inteligência, esticando o jogo da sua equipa pela faixa esquerda e aparecendo no sítio certo na hora de finalizar. Saiu aos 85 minutos com sensação de dever cumprido: Alexander-Arnold amarelado, mais dois golos para a contabilidade e o Real Madrid com um pé na meia-final.

     

    O FORA DE JOGO

    Trent Alexander-Arnold – apareceu a espaços, mas ainda muito abaixo da forma a que nos habituou na época passada. “Assistiu” para o 2-0 do Real Madrid e viu o amarelo aos 82 minutos por cotovelada a Vinícius Júnior, possivelmente frustrado pelo grande incómodo que o brasileiro lhe causou enquanto esteve em campo.

     

    ANÁLISE TÁTICA – REAL MADRID CF

    O Real Madrid CF apostou no seu já tradicional 4-3-3. Pressão alta do clube madrileno durante todo o jogo, com Casemiro a recuperar muitas bolas e a servir de pêndulo da equipa no meio-campo, dando espaço a Modrić e, sobretudo, Toni Kroos para criar jogadas de ataque. Lucas Vázquez muito interventivo na faixa direita do Real Madrid e a ala esquerda composta por Mendy e Vinícius Júnior a causar muitos problemas à defesa do Liverpool, sobretudo na primeira parte. Já perto do fim, Zidane estancou o jogo ao fazer entrar Valverde e baixando as linhas para um 4-1-4-1, com Benzema isolado na frente.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Courtois (5)

    Lucas Vázquez (7)

    Éder Militão (6)

    Nacho (5)

    Ferland Mendy (6)

    Casemiro (7)

    Toni Kroos (7)

    Luka Modrić (6)

    Marco Asensio (7)

    Vinícius Júnior (8)

    Karim Benzema (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Federico Valverde (5)

    Rodrygo (5)

     

    ANÁLISE TÁCTICA – LIVERPOOL FC

    Alinhando também em 4-3-3, o jogo do Liverpool ficou marcado por muitos passes errados sobretudo por parte dos laterais e do trio do meio-campo, valendo em várias ocasiões a atenção de Kabak na defensiva. Apesar da exibição relativamente sólida do central turco, sente-se de forma clara a falta de química entre os laterais e os jovens centrais que actuam no lugar dos ainda lesionados Joe Gomez e Virgil van Dijk. O meio-campo também mostrou dificuldades perante a pressão alta e qualidade de passe do adversário, com consequências desastrosas para o poderoso tridente ofensivo inglês – o único remate à baliza de Courtois foi o que deu golo.

     

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Alisson (5)

    Alexander-Arnold (5)

    Nathaniel Phillips (5)

    Ozan Kabak (6)

    Andy Robertson (5)

    Fabinho (5)

    Naby Keïta (5)

    Georginio Wijnaldum (5)

    Mohamed Salah (6)

    Sadio Mané (5)

    Diogo Jota (5)

    SUBS UTILIZADOS

    Thiago Alcântara (5)

    Roberto Firmino (5)

    Xherdan Shaqiri (5)

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    Carlos Eduardo Lopes
    Carlos Eduardo Lopeshttp://www.bolanarede.pt
    Concluída a licenciatura em Comunicação Social, o Carlos mudou-se para Londres em 2013, onde reside e trabalha desde então. Com um pai ex-piloto de ralis e um irmão no campeonato nacional de karts, o rumo profissional do Carlos foi também ele desaguar nas "águas rápidas" da Formula One Management, onde trabalhou cinco anos. Hoje é designer numa empresa de videojogos, mas ainda não consegue perder uma corrida (seja em quatro ou duas rodas).