Uma final de outro mundo

    É também por isso que, desde os quartos-de-final, escolhe sempre os mesmos dois jogadores para irem consigo à conferência de imprensa antes dos jogos da Champions: Gabi e Fernando Torres. Assim eliminaram o Barcelona e assim eliminaram o Bayern de Munique, portanto lá estiveram Gabi e Torres a responder às questões dos jornalistas na véspera da final de Milão.

    Simeone depois de eliminar o Bayern... com a sua camisa preta Fonte: Club Atlético de Madrid
    Simeone depois de eliminar o Bayern… com a sua camisa preta
    Fonte: Club Atlético de Madrid

    Por outro lado, aquilo que não resulta muda-se. Há dois anos, o Atlético preparou-se para a final de Lisboa em Los Angeles de San Rafael. Foi aí que Simeone preparou a final da Taça que venceu ao Real Madrid, em 2013, e também havia sido aí que se tinha treinado, enquanto jogador, antes da dobradinha do Atlético em 1996. Mas, como o resultado na final de Lisboa não foi o pretendido, Simeone não quer repetir nada de há dois anos. A preparação, desta vez, foi feita entre o Vicente Calderón e a Ciudad del Fútbol de Las Rozas; o voo para Milão foi feito dois dias antes da final (em vez de na véspera) e, pela primeira vez, os jornalistas não puderam viajar com a equipa. Diz-se até que o Atlético pediu para jogar com o equipamento alternativo na final, proposta que foi rejeitada pela UEFA.

    Simeone tem bons motivos para tentar afastar o azar. É que o Atlético de Madrid está amaldiçoado. É uma das únicas equipas (juntamente com o Stade de Reims e com o Vaência) que já perdeu duas finais da Liga dos Campeões, sem nunca ter ganho nenhuma. Mas, pior, foi a forma como perdeu ambas. Há dois anos, batia o Real Madrid por 1-0, quando, aos 92 minutos e 48 segundos de jogo sofreu o golo do empate. Em 1974, batia o Bayern de Munique por 1-0, quando consentiu o empate no último minuto do prolongamento. É demasiado cruel para ser só azar. O Atlético é um clube amaldiçoado e está destinado a perder a sua terceira final. No final do jogo, até o leitor mais cético será forçado a concordar comigo.

    Há apenas uma réstia de esperança para os colchoneros. Repare no percurso que os dois clubes fizeram até à final: enquanto o Real defrontava o terceiro classificado italiano (Roma), o oitavo alemão (Wolfsburg) e o quarto inglês (Man. City), o Atlético eliminava o campeão holandês (PSV), o campeão espanhol (Barcelona) e o campeão alemão (Bayern) – o que demonstra que a má sorte do Atlético esteve presente desde início. Se conseguiram chegar até aqui, talvez estejamos prestes a assistir a mais um milagre. Nesse caso, teremos a confirmação de que Simeone é um santo. Seja como for, o que se passa naquele retângulo de relva só encontra explicação noutro mundo.

    Artigo revisto por Bárbara Mota

    Foto de capa: UEFA Champions League

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    Eduardo Botelho
    Eduardo Botelhohttp://www.bolanarede.pt
    Se os passes de letra existissem literalmente, o Eduardo talvez tivesse dado jogador de futebol. Assim, limita-se às reviengas literárias. A viver em Barcelona, tem vista privilegiada para a melhor liga do mundo.                                                                                                                                                 O Eduardo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.