Bale e Ronaldo: ser ou não ser um ala? Eis a questão.

    Ter Cristiano Ronaldo e Gareth Bale na mesma equipa é certamente o sonho de qualquer treinador (isto se não puder ter Messi e Neymar). Ora, cabe a Carlo Ancelotti ter a honra de viver esse sonho.

    O treinador italiano tem feito exatamente aquilo que toda a gente esperava e “encostou” Ronaldo à faixa esquerda e Bale à faixa direita. Sabendo de antemão que Ronaldo foge da linha em direção ao centro do terreno – sim, o rapaz não corre só para a frente – , Bale podia fazer justamente o mesmo da direita para o meio. Até aqui tudo bem, tudo parece bastante lógico com Xabi Alonso, Khedira e Modric (ou Isco) a completarem o meio campo. O problema desta opção, principalmente contra equipas de menor valor e que optam pela famosa estratégia defensiva do “autocarro”, é que obriga os merengues a afunilarem o seu jogo pelo centro do terreno, perdendo profundidade nas alas e facilitando muito o trabalho aos adversários.

    Quanto a Ronaldo, o português está simplesmente imparável – os que já reservaram bilhetes para o Brasil é favor agradecerem-lhe– e deve imperativamente ser um jogador híbrido na frente de ataque do Real Madrid. Mas isso Ancelotti até tem feito, como provam os golos e as exibições monstruosas do génio lusitano. A questão é de que forma pode jogar Bale neste Real Madrid?!

    Para mim é simples:
    Bale deve jogar esporadicamente na direita porque Ancelotti deve aproveitar os já referidos movimentos interiores dos alas. Em jogos mais abertos, mais “taco-a-taco”, o treinador italiano pode perfeitamente explorar a velocidade de Ronaldo e Bale;

    Bale e Ronaldo no Real Madrid / Fonte: Dailymail.co.uk
    Bale e Ronaldo no Real Madrid / Fonte: Dailymail.co.uk

    Muitas vezes no meio(à frente de Xabi Alonso e Khedira) porque Bale tem uma capacidade de explosão e drible impressionante. Se o meio-campo defensivo fica, à partida, salvaguardado pelos dois médios de maior proteção, Bale teria então carta branca para conduzir o jogo e inventar lances decisivos. Podendo até, pontualmente, trocar com CR7 e iludir os defesas adversários;

    Quase sempre como segundo-avançado porque, para além de algumas razões que evoquei em cima, o Real Madrid tem apenas Benzema como avançado (e um Morata verdinho).Muito curto, diga-se. Jogando com Bale solto na frente de ataque permitiria tanto a Benzema como a Ronaldo terem uma autonomia de movimentos menos rígida. Basicamente, Bale seria uma referência atacante com liberdade para pisar terrenos de construção, receção e finalização. E não posso esquecer a facilidade de remate do galês, essencial e determinante para a ultima fase de jogo.

    Na Liga Espanhola, em sete jogos realizados, Bale tem três golos marcados e cinco assistências para golo. Examinando estes números, o ex-jogador do Tottenham evidencia todo o seu potencial como “assistente de golos”, e numa equipa órfã de Ozil, ter um jogador com tamanha aptidão para servir os colegas pode valer ouro (leia-se golos) para Ronaldo e para toda a equipa.

    Para além de tudo o que referi, um clube que tem Cristiano Ronaldo não pode ter no seu plantel mais nenhuma super-estrela nem existe espaço para mais. O ego de Ronaldo não permitiria tal situação. Bale terá de ser uma sombra de Ronaldo. E se não pode ser o número um então que seja o “assistente” do número um. Felizmente para o Real Madrid, o internacional galês sabe perfeitamente qual o seu papel no clube, o próprio assumiu há pouco tempo que para ele basta “jogar ao lado do melhor”.

    No fundo, cabe a Ancelotti retirar a excelência de Gareth Bale em função da equipa. O problema (ou não) é que Ronaldo é o epicentro dessa mesma equipa. A equipa vive com ele, sem ele apenas sobrevive.
    Então Carlo, como vai ser?! Ronaldo e Bale, ou Bale para Ronaldo?!

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