O renascer blaugrana

    cab la liga espanha

    Após um início de época de baixo rendimento e inconstante em termos exibicionais e no que concerne a resultados, o FC Barcelona está finalmente a produzir um futebol de elevada qualidade e os jogadores a verem os seus esforços serem recompensados, renascendo assim das “cinzas” da temporada passada, escassa em títulos e conquistas para as hostes catalãs. O emblema blaugrana encontra-se no comando de La Liga e carimbou, recentemente, a passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões.

    A primeira metade da época não foi, de todo, uma caminhada fácil para os catalães. A equipa não demonstrava o habitual entrosamento, os jogadores aparentavam não ter a confiança de outrora e, obviamente, os níveis de produção não se revelaram elevados. A contratação de um novo treinador para o comando técnico do clube também não ajudou nesta situação. Pelo menos nos primeiros tempos.

    O técnico escolhido para fazer o Barça voltar à ribalta do futebol e à conquista de troféus foi Luis Enrique. O treinador espanhol tentou fazer uso do tão aclamado tiki-taka culé, desenvolvido por Pep Guardiola, mas tornou-o menos “mastigado” a nível de meio-campo, atribuindo-lhe uma maior faceta ofensiva. Nos dias que correm, apercebemo-nos de que os jogadores do Barcelona necessitam de uma menor quantidade de passes entre si para chegar à área dos adversários e criar perigo. Levou algum tempo até que os jogadores se adaptassem a esta nova maneira de utilizar o seu estilo de jogo, no qual denotam agora uma maior liberdade para demonstrarem o seu potencial técnico, como vemos nas fintas de Neymar, Messi e companhia, e partirem para a jogada individual.

    No final da primeira volta da Liga Espanhola, após a 19ª jornada, o FC Barcelona seguia em segundo lugar, a quatro pontos do primeiro classificado, o seu rival Real Madrid, contando já com três derrotas e dois empates no principal escalão de futebol espanhol. Faltavam os golos e passes magistrais de Messi, a magia de Neymar e a pontaria afinada de Luis Suaréz (que havia sido contratado ao Liverpool por cerca de 80 milhões de euros).

    Porém, após meados de janeiro, a situação ficou certamente diferente. Os blaugrana começaram a demonstrar, novamente, um excelente entrosamento entre si, a praticar um futebol mais vistoso aos olhos dos seus adeptos e de todos os amantes do futebol e os resultados tornaram-se mais de agrado para com o que o clube espera alcançar. Certo é que depois de estar a quatro pontos da liderança, o Barcelona está hoje em primeiro lugar com essa mesma diferença pontual para o Real Madrid, tendo aproveitado a tremenda quebra de rendimento que tem vindo a acentuar-se nos merengues com o decorrer da época.

    Algo que merece ser apontado como umas das principais causas para este “renascer” do Barça passa pela avassaladora subida de rendimento de Lionel Messi, desde o mês de janeiro até então. Até aí ainda não havia aparecido o mago do futebol a que tanto nos habituámos, com capacidade para decidir os jogos e dar vitórias aos blaugrana através de todo o seu talento. Estava em baixo de forma, não demonstrava prazer em jogar, tanto até que perdeu a luta pela Bola de Ouro 2014 para Cristiano Ronaldo, troféu entregue precisamente no primeiro mês do presente ano. Esse momento revelou-se como um autêntico “clique” para La Pulga, pois desde então Leo tem estado numa forma absolutamente imparável.

    2015 tem decorrido de forma quase perfeita para os blaugrana Fonte: Facebook do Barcelona
    2015 tem decorrido de forma quase perfeita para os blaugrana
    Fonte: Facebook do Barcelona

    Chegou a estar com menos 13 golos que Ronaldo na liga, mas o argentino é hoje o principal artilheiro da mesma e, também, o melhor marcador em todas as competições, tento feito balançar as redes da baliza adversária por 43 vezes. Porém, não é apenas pelos golos mas também pelas suas jogadas, dribles e fintas incríveis e pelo facto de ter a mestria para desequilibrar uma partida a qualquer momento com um único golpe da sua “magia”. E com Messi em forma, a tarefa do Barcelona afigura-se, certamente, mais facilitada.

    Todavia, não só Messi demonstrou melhoria no seu rendimento em campo após o começo de 2015. Luis Suárez, internacional uruguaio que custou uma elevada quantia para os cofres do Barça, tardou em adaptar-se ao estilo de jogo dos culés e em fazer valer a aposta feita pelos dirigentes do clube nos seus serviços. Demorou, mas conseguiu, algo que nem todos os avançados que passaram pelo emblema catalão nos últimos anos podem afirmar. Suárez é hoje um jogador totalmente adaptado à equipa e tem vindo a demonstrá-lo. Encontra-se cada vez mais presente na criação de lances de perigo e de golos, toma parte nas constantes diagonais no estilo de jogo blaugrana e os golos, naturalmente, começaram a surgir. Luisito conta atualmente com 14 golos em todas as competições e o mais importante foi, de acordo com o mesmo, no passado domingo, em que concretizou o tento que deu a vitória por 2-1 do Barcelona frente ao Real Madrid, encontro decisivo para as contas de La Liga.

    Não só a linha atacante, denominada de MSN (Messi, Suárez, Neymar), tem feito furor. A defesa culé tem, também, merecido uma devida e bem atribuída distinção por parte da imprensa. A equipa é a menos batida da Liga Espanhola, tendo concedido apenas 17 golos em 28 jornadas, feito que merece, de facto, ser realçado. Para isso tem contribuído a estabilidade neste setor, algo que não tinha vindo a acontecer em tempos recentes para os lados de Barcelona. A aquisição do francês Jérémy Mathieu veio dar ao clube uma maior consistência defensiva, que se alia à boa temporada que Mascherano, Jordi Alba e até mesmo Piqué têm vindo a realizar. Aliado a isto, a baliza blaugrana foi reforçada com dois guarda-redes de peso, Claudio Bravo e Marc-André ter Stegen, que têm dividido o posto pelas competições.

    No meio-campo, que não tem estado ao seu melhor nível, deve atribuir-se a devida atenção a Ivan Rakitić, croata contratado ao Sevilha, que tem tido um papel de destaque no Barça, face à baixa de rendimento de Andrés Iniesta e ao facto de Xavi, nos dias que correm e por decisão de Luis Enrique, estar mais tempo no banco do que dentro das quatro linhas. Por seu turno, Rafinha, irmão de Thiago Alcântara, tem sido chamado ao onze inicial com regularidade e está a corresponder, imprimindo virtuosismo, uma elevada qualidade técnica, boa qualidade de passe e velocidade à turma catalã.

    Com os jogadores a exibirem-se a um bom nível nesta fase determinante da época, o FC Barcelona mantém-se em destaque em todas as frentes pelas quais luta. Na Liga Espanhola, os quatro pontos de avanço, conquistados após o El Clásico da última jornada, dão alguma segurança às hostes culés para a conquista do campeonato. No que concerne à Taça do Rei, as esperanças e motivação dos catalães estão em alta, pois irão marcar presença na final da competição, a realizar a 30 de maio, face ao Athletic Bilbao. A nível internacional, após uma eliminatória na qual a equipa demonstrou todo o seu poderio e qualidade de jogo invejáveis nas duas partidas que realizou contra o Manchester City, o Barça irá defrontar o PSG nos quartos de final da Champions League, afirmando-se, de momento, como um dos favoritos à conquista do troféu. Serão, então, os blaugrana capazes de conquistar o “tri”?

    Foto de Capa: Facebook do Barcelona

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    Fernando Gamito
    Fernando Gamitohttp://www.bolanarede.pt
    O Fernando Gamito é um estudante de comunicação e apaixonado pelo futebol, seja a praticar ou a discuti-lo fora das “quatro linhas”, o que o faz apostar num futuro no jornalismo. Ler jornais desportivos e jogar Football Manager são outras das suas principais preferências. Em Portugal, o seu coração bate pelo Sport Lisboa e Benfica. Lá fora, torce por Barcelona e Chelsea.                                                                                                                                                 O Fernando escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.