Santi Cazorla venceu todos os demónios

    O futebol tem destas coisas fantásticas. Uma delas é quando aquele jogador, um dos símbolos do clube, regressa a casa. Depois da grande tempestade veio a bonança. Apesar do Villarreal CF estar numa situação muito sensível na La Liga, é uma alegria ver Santi Cazorla reencontrar-se com o futebol.

    O médio espanhol voltou a marcar dois golos numa partida de futebol quatro anos depois e logo contra o Real Madrid, para a 17ª jornada do campeonato no estádio El Madrigal. Os últimos anos em Inglaterra foram muito complicados para o bi-campeão europeu devido a uma grave lesão no tornozelo.

    O toque de Santi já o tornava um dos jogadores mais acarinhados de Espanha e as notícias da lesão motivaram ainda mais muitos amantes de futebol.

    Em Setembro de 2013, a sua selecção jogava um amigável com o Chile e daí chegou aquela dor tremenda que deu início a um “calvário”, escreveu o jornal diário espanhol Marca. “Vinham-me as lágrimas aos olhos quando o corpo arrefecia”, chegou a dizer. E as múltiplas intervenções médicas surgiram e a maldita dor não tinha fim. Só aumentava, tanto físico como psicologicamente.

    A arrepiante capa da Marca em 2017 com o tornozelo de Santi Cazorla
    Fonte: Marca

    “Disseram-me que se voltasse a caminhar com o meu filho pelo jardim, já me devia dar por satisfeito”, admitiu Santi Cazorla quando surgiu o pior. “Continuava a jogar e diziam que estava bem. O problema é que as feridas não cicatrizavam e voltavam a abrir-se, infectavam… Numa foto até se vê o meu tendão. Vi que tinha uma infeção tremenda, que me danificou parte do osso calcâneo e comeu o tendão de Aquiles. Faltavam-me oito centímetros!”. Foram oito cirurgias até à reconstrução da pele da região do tornozelo de Santi Cazorla.

    Abandonou o Arsenal antes da época 2017/18 e voltou aos relvados no arranque desta temporada num dos clubes que cumpriu formação. Tanto o clube como o jogador precisam um do outro para resolver os seus problemas: voltar ao bom futebol e obter resultados. O ritmo está a voltar gradualmente: ainda não fez muitos jogos do início ao fim.

    O início de 2019 vai significar o tudo por tudo e a procura pela manutenção no campeonato, está em 17.º lugar com 16 pontos, os mesmos de Athletic Bilbau e Rayo Vallecano, já em zona de despromoção. Há ainda Liga Europa para disputar, onde o adversário dos 16 avos-de-final é o Sporting CP, e a Taça do Rei, o RCD Espanyol está no caminho dos ‘oitavos’.

    O “submarino amarelo” apresenta graves erros defensivos, mas tem opções interessantes para todos os sectores.

    O novo treinador Luís Garcia (só cumpriu apenas três jogos no comando técnico) vem tentar evitar que surja um afundamento inesperado depois de ter despedido Javier Calleja a 10 de Dezembro de 2018.

    Santi Cazorla joga a médio ofensivo e variou muito o seu posicionamento contra o Real Madrid CF entre o meio e a faixa esquerda de ataque. É destro, mas continua com uma capacidade invulgar em jogar com o pior pé. Aos 34 anos ainda contorna 1/2 adversários com aquela ‘pinta’, faz passes de primeira e antecipações comprometedoras para os adversários e sempre de cabeça levantada. Também executa algumas bolas paradas. Incrível para quem esteve em risco de poder deixar de andar. Cazorla prometeu que ia lutar para regressar.

    Sem Nicola Sansone, emprestado ao Bologna FC de Itália, é um dos experientes jogadores de ataque, tal como Carlos Bacca (o que marca mais golos na La Liga quando salta do banco, 3), Gerard Moreno e Toko-Ekambi. No meio campo, no Villarreal CF há os experientes Manu Trigueros, Bruno Soriano e Javi Fuego, a veterania que os jovens Pablo Fornals e Santiago Cáseres (argentino contratado esta época ao Vélez Sarsfield) bem precisam. Vicente Iborra, ex-Leicester City, é reforço de inverno e será a nova companhia que pode dar a ligação que a defesa precisa. Victor Ruíz e Ramiro Funes Mori no eixo são nomes viáveis, bem como Miguel Layún, o ex-FC Porto, na esquerda e o espanhol Mario Gaspar. O ex-Atlético Madrid Sergio Asenjo é o guarda-redes.

    Deixo alguns rasgos de génio e os golos frente ao Real Madrid CF. “Depois dos momentos que tive que aguentar, marcar contra o Real Madrid é muito especial”.

    https://youtu.be/Cb6xGTOLc-Q

    Foto de capa: UEFA Europa League/Villarreal CF

    Artigo revisto por: Rita Asseiceiro

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    Francisco Correia
    Francisco Correiahttp://www.bolanarede.pt
    Desde os galácticos do Real Madrid, do grandioso Barcelona de Rijkaard e Guardiola, e ainda a conquista da Liga dos Campeões do Porto de Mourinho em 2004, o Francisco tem o talento de meter bola em tudo o que é conversa, apesar de saber que há muitas mais coisas que importam. As ligas inglesa e alemã são as suas predilectas, mas a sua paixão pelo futebol português ainda é desmedida a par com a rádio. Tem também um Mestrado em Jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa.                                                                                                                                                 O Francisco não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.