Bonaparte, Junot, Soult e Massena. Fonte, Djaló, Xeka, Sanches.
O anacronismo latente no início deste texto pretende introduzir o leitor naquela que é a salutável resposta portuguesa às invasões francesas protagonizadas pelos generais enumerados acima, há dois séculos.
Perto da fronteira com a também francófona Bélgica, pululam em Lille quatro portugueses que viram na cidade a norte de França a possibilidade de alcançarem a glória outrora perdida.
E como a idade é um posto, comecemos pelo mais experiente jogador da equipa que é também, a par de Loic Rémy, um dos dois trintões de um plantel cuja média de idades não chega aos 24 anos.
Dois anos após ter deixado França com a medalha de campeão europeu ao pescoço, José Fonte abraçou o projeto francês de Gerard Lopez, quando trocou a China, país que aprecia com o mesmo entusiasmo um jogo de futebol como uma disputada luta de grilos, e saltou do Dalian Yifang para o Lille. Na primeira época ao serviço dos Les Dogues, foi totalista na Ligue 1, assumido-se como peça fundamental no eixo da defesa menos batida da última edição do campeonato, tendo apontado três golos.
Formado na capital do móvel, outro português tem sido o armário onde se guarda a inteligência do futebol da equipa liderada por Cristophe Galtier. A meio da época 16/17, Xeka chegou ao vencedor do campeonato francês por três vezes, por empréstimo do Sporting Clube de Braga, e por lá ficou: ganhou a titularidade no meio-campo do LOSC e surpreendeu o empréstimo na temporada seguinte ao clube que dá nome à mostarda mais afamada do mundo. No Dijon mostrou o picante do seu futebol e na última época regressou à casa de partida, onde se assumiu como o farol da equipa.
Proveniente de Alcochete, Tiago Djaló tem feito uma parelha lusitana no setor mais recuado da equipa francesa com José Fonte. Visto como uma das maiores promessas numa posição encarada como deficitária na seleção portguesa pela generalidade dos adeptos, o defesa de ascendência guineense viu em Lille a formação ideal para estabilizar, depois de uma passagem fugaz pelas reservas do AC Milan. Totalista até ao momento, a verdade é que o internacional pelas camadas jovens de Portugal pegou de estaca na defensiva francesa.
Da Musgueira para o mundo: é o este o cartão de visita de Renato Sanches. O último luso a aterrar em solo francês há muito que estava tapado em Munique por um meio-campo alemão recheado de estrelas mais cintilantes que o “Bulo”. Destarte, num campeonato cujas características parecem favorecê-lo, o campeão europeu por Portugal em 2016 pretende voltar ao nível que o consagrou e ser presença assídua nas convocatórias de Fernando Santos.
Aos citados juntam-se nomes bem conhecidos dos portugueses como Léo Jardim, figura de proa da embarcação vilacondense na última temporada, bem como o já consagrado Loic Rémy e a jovem promessa de genes abençoados que promete dar que falar: Timothy Weah.
A apenas três pontos do topo da classificação da Ligue 1 liderada pelo inevitável PSG, e inserido num grupo equilibrado na Liga dos Campeões que conta com o AFC Ajax, o Valencia CF e o Chelsea FC, o Lille será um dos clubes a seguir de perto na temporada que agora se enceta.
Foto de Capa: LOSC
artigo revisto por: Ana Ferreira