Luís Campos, o criador

    A maior parte de nós conhece um dos milagres de Jesus Cristo sobre transformar água em vinho, pois bem, este artigo fala de um português que já proporcionou grandes transformações nos clubes onde passou.

    Quando ouvimos falar de Luís Campos, associamos a sua passagem no futebol português como treinador de várias equipas em Portugal, o que muitos não sabem, é que Luís Campos é um dos directores desportivos mais cobiçados no mundo do futebol.

    O percurso de Luís Campos como treinador parecia muito prometedor, um treinador jovem, com ideias de jogo novas mas rapidamente verificou-se que a sua vocação não era a de treinar. Conseguiu descer duas equipas na mesma época (Vitória de Setúbal e Varzim), e no ano seguinte voltou a relegar uma equipa para o segundo escalão, desta vez o Beira Mar. Poderemos dizer que a sua maior façanha tenha sido a vitória do seu Gil Vicente sobre o Futebol Clube do Porto de Mourinho, terminando com uma invencibilidade dos azuis e brancos que já durava à 27 jogos.

    Então quem é este Luís Campos que é desejado pelas melhores equipas da Europa? E porquê este interesse?

    Bem recuemos até à época de 2012 onde Luís Campos integra a estrutura do Real Madrid para a função de olheiro. Um ano foi o tempo que Luís Campos esteve em Madrid, um ano em que o português desenvolveu um novo software de scouting que o iria ajudar no futuro, o Scouting System Pro.

    Uma das primeiras recomendações que fez foi precisamente a contratação de Fabinho (que actualmente é jogador do Liverpool), na altura emprestado pelo Rio Ave ao Real Madrid B, que mais tarde viria a juntar-se a Luís Campos no Mónaco. Luís Campos afirmou mesmo que Fabinho foi até agora a melhor contratação que fez na sua carreira, pois a evolução do brasileiro veio confirmar aquilo que o português viu nele quando ainda actuava no Paulina, no Brasil.

    Fonte: AS Monaco

    Com a mudança para o Mónaco o seu papel viria a revelar-se mais preponderante do que no Real Madrid. Inicialmente como coordenador técnico e  com o forte investimento que o clube presidido por Vadim Vasilyev iria fazer, Luís Campos com a ajuda do super agente Jorge Mendes levou consigo uma autêntica fornada de jogadores conceituados (Falcão, James Rodriguez, Moutinho), que ajudaram o clube monegasco a conquistar o título de campeão francês. O investimento (cerca de 150 milhões de euros) foi tal, que o clube francês teve que mudar bruscamente  a política de contratações na época seguinte, passando Campos para Director Desportivo e com uma mudança radical no mercado de transferências, passando a contratar jovens promissores e também a apostar na formação.

    As contratações de Bernardo Silva ao Benfica (15M€),  Bakayoko ao Rennes, (8M€), Fabinho ao Rio Ave (6M€), Lemar ao Caen(4M€), e Benjamin Mendy do Marselha (13M€), são todos elas fruto do trabalho de Luís Campos na prospecção, e todos eles foram vendidos por valores muito mais altos do que foram comprados. Foi uma política que deu frutos financeiramente, e desportivamente, conseguindo um campeonato e meias finais da Champions.

    Fonte: AS Monaco

    Este sucesso levou a que o seu trabalho fosse muito apreciado pelos vários clubes espalhados pela europa fora. O próprio Luís Campos, depois da conquista do campeonato pelo Monaco, referiu que queria mudar de ares e procurar novos projectos.

    E em 2017 Luís Campos deixaria o luxo do principado do Mónaco e mudava-se para o norte de França mais concretamente para Lille. Na bagagem o director português levava consigo todo o conhecimento ganho anteriormente e que iria ajudar na recuperação do Lille.

    As coisas não correram bem  logo no início, isto porque entrou em rota de colisão com o então treinador, o mediático argentino Marcelo Bielsa por não terem a mesma visão sobre a política de contratações. Nessa época assinaram pelo clube francês jogadores como, Kevin Malcuit, Thiago Maia, Thiago Mendes, Nicolas Pepe entre outros.

    Bielsa não duraria muito mais tempo saindo em novembro desse ano, e deixando o clube numa posição muito frágil na tabela classificativa. O Lille acabaria por garantir a manutenção com um ponto acima da linha de água.

    Fruto dessa classificação, as contratações na época seguinte foram muito minuciosas, obrigando Luís Campos a usar muito bem o curto orçamento de transferências. Mesmo com o valor das vendas a chegar aos 64 milhões de euros, o clube apenas gastou 8.9 milhões de euros em contratações destacando-se a entrada de dois portugueses a custo zero, José Fonte e Rafael Leão.

    Com todo o seu conhecimento do mercado e a sua experiência  na parte de directoria o Lille passaria de uma época para a outra, de um clube a lutar pela manutenção, a um clube vice-campeão e que irá disputar a Liga do campeões na próxima época.

    Apenas numa época, o clube valorizou os seus activos sendo Rafael Leão e Nicolas Pepe grandes exemplos disso, ambos muito cobiçados neste mercado de transferências sendo que o costa marfinense muito provavelmente será das maiores vendas do clube, já o português também muito valorizado poderá render um bom encaixe financeiro, ele que assinou a custo zero.

    É de facto fantástico e não se pode negar o dedo do português nestes projectos, desde o Real Madrid ao Lille, desde Fabinho a Nicolas Pepe, todo o trabalho protagonizado pelo português e pela sua equipa, tem obtido muitos dividendos, especialmente financeiros para os clubes que representa.

    Não admira que o seu nome seja associado sistematicamente a vários clubes de renome.

    Para muitos um guru, para outros um midas onde quer que  Luís Campos passe, essa equipa torna-se numa mina de ouro!

    Foto de Capa: Lille OSC

    artigo revisto por: Ana Ferreira

     

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Tiago Silva Ferreira
    Tiago Silva Ferreirahttp://www.bolanarede.pt
    O Tiago é uma pessoa que adora desporto, em especial futebol. Tendo praticado andebol e basquetebol, viu que o seu grande talento era a Playstation e por aí ficou! Adora o ciclismo.                                                                                                                                                 O Tiago não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.