É uma das promessas da brilhante geração portuguesa de 1999 e começa a dar cartas lá fora, sem antes ter exibido todo o seu potencial no nosso campeonato (Diogo Dalot e Domingos Quina são outros exemplos). Abandonou o Sporting CP, seu clube desde tenra idade, na sequência do ataque à academia de Alcochete e, turbulências à parte, tem conseguido vingar em França.
O seu arranque no Lille OSC não foi fácil. A atribulada rescisão de contrato com o clube de Alvalade proibiu-o de disputar os primeiros desafios da temporada do clube e, depois de ultrapassadas as questões burocráticas, alguns problemas físicos adiaram-lhe a estreia. A 27 de outubro, estreou-se a titular e apontou o golo da vitória dos Dogues sobre o SM Caen. A partir daqui, foi escolha regular de Galtier, quer jogando de início, quer partindo do banco, num muito móvel ataque do Lille.
Vive atualmente o seu melhor momento, assim como a equipa. Leão leva seis golos nos últimos sete jogos para o campeonato, a equipa vai numa série de cinco vitórias consecutivas e está confortavelmente no segundo lugar, com três pontos de avanço para o Olympique Lyon e nove para o Marselha (com menos um jogo que ambos). O primeiro lugar é apenas uma miragem, mas uma presença na Liga dos Campeões parece bem encaminhada e será a cereja no topo do bolo para a excelente época do Lille.
Voltemos a Rafael Leão. O português tem atuado na posição onde, a meu ver, melhor encaixa: o centro do ataque. Com passada larga e muita velocidade, é forte no aproveitamento do espaço nas costas da defesa adversária e encaixa na perfeição no jogo de transições da equipa. Apesar de ter alguma displicência corporal e um estilo algo ‘molengão’, consegue driblar com facilidade e tem sido letal em zonas de finalização, sendo que até já o apelidam de “Mbappé português”. Se melhorar o jogo de cabeça, pode ser um caso sério de “ponta de lança de Futebol moderno”. A escolha da Ligue 1 não podia ser mais acertada, uma vez que a maior parte das equipas privilegia a verticalidade ofensiva, cenário que potencia as características de Leão.
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Pépé deixa a bola passar e Rafael Leão aproveita para fazer o seu 7º golo! #ForTheFans pic.twitter.com/TwfMT8S1vM
— Eleven Sports Portugal (@ElevenSports_PT) 10 de fevereiro de 2019
A consistência da equipa também ajuda. Defensivamente, é muito competente, com José Fonte a comandar a defesa, e o duplo pivô Xeka-Thiago Mendes a fazer bem a ligação defesa-ataque. Daqui para a frente, o ataque mais entusiasmante da temporada na Ligue 1: Pépé a partir da direita (16 golos e 10 assistências), Bamba a partir da esquerda (9 golos e duas assistências) e Ikoné no apoio a Leão. Quando estão nos seus dias, são completamente intratáveis. Formam o ataque mais móvel e mais jovem (média de idades de 21 anos) da competição e, numa equipa rápida de processos, fazem das transições o seu habitat natural.
Creio que 2019 será o ano de afirmação de Rafael Leão no Futebol francês. Será o ano de estreia pela seleção A portuguesa? A manter esta forma, acredito que sim. A dúvida está em perceber se será aposta de Fernando Santos antes ou apenas após o Mundial sub-20, que a fantástica geração de 1999 tentará juntar aos europeus sub-17 e sub-19. Pode vir a ser o falso ponta de lança que a seleção tanto precisa, e será certamente importante na fase pós-Cristiano Ronaldo.
Se se mantiver sempre focado no Futebol e se tomar as melhores decisões, será imparável.
Rafael, um Leão de Portugal para o mundo.
Foto de capa: Lille OSC