Quinze anos após o ano da sua fundação, o clube que veste as cores da sua cidade sagrava-se pela primeira vez campeão de França e iniciava aquela que, meio século depois, viria a ser uma caminhada dividida entre a glória e a tormenta.
No Parque dos Príncipes do futebol francês, o Paris Saint-Germain tem sido rei, e a isto não é alheia a sigla QSI. Naquele que terá sido o primeiro investimento megalómano desta década num clube de monta europeu, a Qatar Sports Investment, fundo de investimentos ligado ao governo do Catar, adquiriu o clube em 2011 e seu CEO, Nasser Al-Khelaïfi, assumiu a presidência do histórico emblema francês.
De lá para cá, foram seis os títulos de campeão nacional em oito possíveis, e muitas transferências concretizadas e por concretizar. Para a época 19/20, a equipa liderada pelo alemão Thomas Tuchel apresentou-se com um plantel composto de 29 jogadores e com um valor de mercado total de 1,06 Mil milhões €.
Sem prejuízo das inúmeras aquisições que se perspetiva que representem uma enorme mais-valia no decorrer da temporada, o protagonista do defeso tem apenas um nome: Neymar.
O menino a quem a numerosa família com quem vivia anteviu um futuro risonho, investindo o que tinha e o que não tinha num apartamento de onde se podia ver a Vila Belmiro, incubadora dos maiores talentos brasileiros que o Santos prospecionava, não defraudou as expetativas de quem nele apostou as fichas todas e aos 17 anos era já titular no Peixe, idade com que começou a acumular patrocínios.
Em 2013, 138 golos depois, empoleirou-se na varanda insegura de onde saltam os maiores talentos do futebol sul-americano e deixou-se cair no areal europeu de Barcelona. Dos calçadões de São Paulo para as ramblas da cidade condal, fez do relvado de Camp Nou o sambódromo onde já dançaram outrora nomes como os conterrâneos Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho.
Após um percurso repleto de sucessos coletivos com o símbolo blaugrana ao peito, dos quais se destaca a conquista da Liga dos Campeões em 2015, dois anos depois Neymar fez jus ao sangue brasileiro que lhe corre nas veias e viu em Paris a cidade que lhe podia proporcionar um lugar ao sol, longe da sombra argentina.
Detentor do título de transferência mais cara de sempre do futebol mundial (€222 milhões), o prodígio dos penteados excêntricos e dos dribles imprevisíveis aterrou em Paris encarnando a vontade do dono do clube que o contratou em conquistar a Liga Milionária.
De lá para cá, NeyMonstro tem dado forma ao dicotómico epíteto que carrega: 52 golos em 59 jogos com a camisola dos franceses vestida conferem-lhe uma notoriedade digna dos maiores monstros do futebol mundial; sem prejuízo destes números, monstruosa tem sido também a quantidade de lesões, justificadas à luz de uma falta de brio gritante fora do terreno de jogo.
Se a estas maleitas juntarmos as inúmeras declarações em que manifesta a vontade de deixar o clube que o torna o jogador mais bem pago da Ligue 1, estão reunidas as condições para a fama de Cai-Cai continuar a persegui-lo.
No entanto, ao contrário de casos tão próximos quanto os de Anzhi ou Málaga, Nasser Al-Khelaïfi não parece disposto a deixar cair o projeto que inicialmente concebeu e, para isso, o Paris Saint-Germain esperou pelo último dia de mercado para atacá-lo em grande estilo.
De uma assentada, o campeão francês garantiu Keylor Navas, ao Real Madrid, e Mauro Icardi, ao Inter de Milão. Se no caso do costa-riquenho a aposta parece ter tudo para correr bem, dado o potencial do ex-campeão europeu e a fraca concorrência que irá encontrar na formação francesa, já a contratação do avançado argentino pode gerar uma “egotrip” no ninho de vespas parisiense.
A estes juntam-se nomes como Abdou Diallo, Idrissa Gueye, Pablo Sarabia e Ander Herrera para Thomas Tuchel não ter desculpas para não conquistar a tão ambicionada “orelhuda” e afirmar o PSG, de vez, como uma das melhores equipas europeias da atualidade.
Foto de Capa: Fonte: Paris Saint-Germain FC
Revisto por: Jorge Neves