Depois de um jejum de quase 10 anos, os homens de Arsene Wenger voltaram aos títulos na época passada e já o demonstraram no início desta que não foi algo que surgiu por acaso. A vitória por 3-0 sobre o Manchester City e também os 5-1 impostos ao Benfica serviram para marcar uma posição em Inglaterra. Será cedo demais para ter em conta o Arsenal como um dos principais candidatos ao título de campeão?
Na época passada chegou Özil. O alemão trouxe com ele a magia que poucos têm, mas não deixou para trás a sua irregularidade. O Arsenal viveu um período muito bom enquanto Özil também esteve bem; quando o médio desceu de forma levou a equipa consigo. Este é um problema que Wenger quer resolver, e para isso tem de construir uma equipa que não esteja demasiado dependente de um só jogador.
Começando por trás, a baliza tem sido uma dor de cabeça para o técnico francês. Szczesny é um guarda-redes que no mesmo jogo tanto faz a defesa da sua vida como no minuto a seguir é muito mal batido. As alternativas não têm sido as melhores – Fabianski ou Mannone estão longe de ter a qualidade necessária para representar um clube com a qualidade do Arsenal – e portanto os londrinos foram, e bem, ao mercado buscar o colombiano David Ospina. Será difícil escolher um dos dois, mas creio que apesar de o polaco ser o titular há já algumas épocas, acabará eventualmente por perder o lugar para o ex-Nice.
O centro da defesa, esse sim, vai ser um problema. Defesas centrais de raiz só estão Koscielny e Mertesacker. O Arsenal perdeu Vermaelen para o Arsenal e Sagna, que fazia muitas vezes a posição quando necessário, para o Manchester City. Sobram as adaptações Nacho Monreal, Ignasi Miquel e Calum Chambers, um jovem jogador contratado ao Southmapton neste Verão. Neste momento é curto demais para uma equipa que aspire algo mais alto do que um 4º lugar na Premier League. Aconselhava os responsáveis do clube do Norte de Londres a comprar alguém urgentemente para a posição.
Para as laterais, na minha opinião, continuam bem servidos como sempre. Perderam Sagna e Jenkinson foi emprestado ao West Ham. Sobram então Debuchy, que chegou esta temporada vindo do Newcastle, Chambers, o tal ex-Southampton, e ainda Bellerín, um produto da cantera londrina que pode ocupar as duas laterais e está pronto a explodir com Wenger. Mais um. Do lado esquerdo há Gibbs, Nacho Monreal e o tal Bellerín polivalente.
Chegamos ao centro do terreno e não faltam bons jogadores para ocupar esta zona. Sem grandes mexidas, encontramos jogadores de extrema qualidade como Ramsey, Arteta, Wilshere, Rosicky, Flamini e ainda o jogador feito de cristal – Abou Diaby. Para médios mais ofensivos a qualidade aumenta ainda mais. Cazorla e Özil, quando querem, rebentam sozinhos com qualquer defesa, mas a irregularidade dos dois é mesmo um factor a ter em conta. Muito do jogo (bom ou mau) do Arsenal passa pelos pés destes dois.
Os extremos serão mesmo o melhor que este plantel tem. Walcott, Oxlade-Chamberlain e Podolski já faziam tremer qualquer defesa lateral com a sua velocidade e com a sua facilidade de remate, mas agora há ainda mais soluções. Joel Campbell regressa de empréstimo do Olympiakos, depois de uma temporada e de um Mundial absolutamente fantásticos, e tem tudo para agarrar um lugar no plantel e ser muito utilizado por Wenger. E, numa das maiores e mais sensacionais contratações deste Verão, Alexis Sánchez chegou do Barcelona, trazendo aos gunners velocidade, técnica, visão de jogo e um remate potente e colocado. Será certamente um dos melhores jogadores da Premier League e promete dividir com Özil o título de ‘estrela da equipa’.
Para o centro do ataque, Giroud parece, após duas épocas medíocres, estar de volta à qualidade que tinha demonstrado no Montpellier. Faz da força, do poder de antecipação e do remate as suas mais-valias e os adetos do Arsenal parecem estar finalmente do seu lado. O seu compatriota Yaya Sanogo é que também tem demonstrado muita qualidade na pré-época e promete ser uma alternativa credível a Giroud. Os dois gauleses têm estaturas semelhantes, mas formas de jogar algo diferentes.
Será suficiente para conquistar a Premier League ao fim de 11 épocas? Só o tempo o dirá. Olhando para o plantel, parte em desvantagem em relação a Chelsea, Liverpool, Manchester City e United, mas se há coisa que Àrsene Wenger nos provou ao longo dos anos foi que consegue fazer grandes equipas e praticar um excelente futebol com recursos menores do que os seus rivais.