Burnley FC: Esconder a baliza e garantir a manutenção é pouco

    Em qualquer edição de uma liga nacional é costume haver uma surpresas como, por exemplo, um clube que supere as expetativas descritas para o seu desempenho significativamente. Mas não é daquelas coisas que aconteça naturalmente. Afinal, trata-se de suprimir a lógica teórica.

    No início desta temporada o Watford, na altura comandado por Marco Silva, parecia ser a equipa sensação. Uma equipa que ia colhendo pontos em terrenos difíceis, contra adversários teoricamente mais fortes e contava com um espírito coletivo muito interessante, incutido pelo português. Porém, a lógica teórica venceu e, a certo ponto, os jogadores começaram a dar mostras do esforço, ou com lesões, ou com perda de frescura física, que afetou a sua forma de jogar e abordar certos jogos.

    O Burnley, logo no início, também: arrancou o campeonato com uma vitória bem conseguida em Stamford Bridge. Ir ao terreno do então campeão e vencer é um excelente começo. Contudo, como é óbvio, nunca pode servir de explicação para a excelente época que estão a realizar. A ida à europa é bem possível!

    O bloco defensivo dos Clarets tem como elementos centrais dois jogadores que têm estado ao mais alto nível. James Tarkowski e Bem Mee têm assinalado excelentes exibições atrás de excelentes exibições, têm sido sólidos e muito competentes. Atrás de si, o internacional inglês, Pope, um guarda redes com um belo futuro no horizonte.

    O processo defensivo é muito trabalhado pelo seu técnico. Apesar de não ser italiano, parece-me ser inspirado por tais ideais. Sean Dyche orienta os seus jogadores a jogar com critério no ato de defender. Penso que é o que todas as equipas que lutam pela manutenção fazem quando defrontam uma equipa mais forte ou perigosa. Mas o Burnley tem esta mesma forma de jogar em todos os jogos.

    Partindo do princípio de que o resultado é o mais imprevisível, qualquer equipa pode ganhar a outra, já que o nível é mais elevado, os atuais sétimos classificados abordam a partida sempre partindo de uma extraordinária estratégia defensiva, que passa por definir os espaços que quer que o adversário tenha num lance de ataque. Cerca de oito jogadores, formando dois blocos paralelos, protegem a baliza à guarda de Pope, e condicionam muito essa mesma zona.

    Apesar de não terem os melhores dados a nível atacante (segundo o site da Premier League, o Burnley apenas marca 0.97 golos por partida, 31 no total; apresentam 33% de precisão de remate e apenas criaram 27 chances de maior em toda a campanha na Liga deste ano), através de uma compostura defensiva rigorosa e bem preparada conseguem estabelecer-se num sólido 7.º lugar e estar em condições de arriscar, já que a manutenção está mais do que assegurada.

    Onze jogos sem sofrer qualquer golo, apenas 28 golos concedidos, 66% de sucesso em cortar a bola, mas principalmente, os 84 remates bloqueados, as 347 interceções e os 1030 “alívios” são os indicadores que mais espelham e caracterizam este Burnley. De realçar ainda que a equipa ainda não viu nenhum dos seus jogadores ser admoestado com cartão vermelho durante toda a época!

    Lennon veio acrescentar não só velocidade, mas experiência para este final de época
    Fonte: Burnley FC

    Num sistema 4-4-1-1, o Burnley ameaça ir à Europa. Alas velozes como o islandês Gudmundsson, e o tão conhecido Aaron Lennon (contratado em Janeiro), comprometem-se a espoletar o ataque, a serem os homens a agitar a transição de defesa para ataque. Com 31 jogos contabilizados em 32, sete golos marcados, Barnes é o ponta de lança. Sam Vokes, quando joga, é habitual vermos Barnes a jogar junto à ala, fruto da sua mobilidade; ou então fazendo dupla como homens mais próximos da área contrária.

    Porém, o Burnley, apesar de ter a componente defensiva como fator mais trabalhado e “orquestrado”, não me coibo a dizer que é uma equipa bem completa no seu todo, não é uma equipa ou estritamente defensiva ou ofensiva, é uma equipa que sabe como jogar. Claro que não ganha sempre, mas Dyche soube como otimizar o jogo dos seus pupilos, otimização que utiliza em todos os jogos (mediante variáveis, claro).

    Para ir à Liga Europa no próximo ano, o Burnley não apenas depende da sua prestação, mas espera deméritos ou de Chelsea, ou de Arsenal, clubes que ocupam o 5.º e 6.º posto, respetivamente. O campeão será coroado em pouco tempo, portanto será pouco o tempo que teremos de esperar para saber quem irá disputar competições europeias no próximo ano!

    Foto de Capa: Burnley FC

    Artigo revisto por: Vanda Madeira Pinto

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    Diogo Fresco
    Diogo Frescohttp://www.bolanarede.pt
    Fã de um futebol que, julga, não voltará a ver, interessa-se por praticamente tudo o que envolve este desporto, dando larga preferência ao que ocorre dentro das quatro linhas. Vibra bastante com a Seleção Portuguesa de Futebol.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.