Chelsea: os Happy Ones

    Historicamente José Mourinho realiza o seu melhor trabalho na sua segunda época à frente do clube que treina. Foi assim no fantástico treble ao serviço do Inter de Milão, na “Liga dos Recordes” ao serviço do Real Madrid e, se contarmos apenas épocas completas (de Setembro a Maio), no ano da Liga dos Campeões no Porto.

    Na época transacta, o Chelsea, apelidado de “pequeno cavalo” por Mourinho, esteve à beira de se sagrar campeão inglês, mas a fatiga, a falta de produção dos homens da frente e a inexplicável dificuldade da equipa em jogos contra equipas da parte de baixo da tabela acabou por falar mais alto e os blues ficaram-se pela terceira posição, garantindo apenas o acesso directo à Liga dos Campeões e falhando assim a conquista de qualquer troféu, algo raro na carreira do Special One.

    Para a época de 2014/15, o Chelsea atacou o mercado cedo e de forma produtiva, reforçando os sectores mais fracos da equipa e optando por não esbanjar dinheiro em compras desnecessárias, algo que terá de passar a ser recorrente devido às novas regras do fair-play financeiro.

    Thibaut Courtois retornou de um período de empréstimo bastante proveitoso ao serviço do Atlético de Madrid que se prolongou por três anos e nos quais se afirmou como um dos melhores guarda-redes do futebol mundial. Filipe Luís e Diego Costa chegaram também do Atlético de Madrid, por 20 e 38 milhões respectivamente, para tapar “buracos” no onze do Chelsea. Assim, a equipa ganhou um lateral-esquerdo bastante sólido e capaz de desequilibrar em ambas as zonas do campo e um avançado de classe mundial, capaz de pelo menos 20 golos na Premier League e que, valendo o que vale, tem impressionado bastante nesta pré-época.

    Depois de três anos de empréstimo, Curtois regressa a Stamford Bridge como um dos melhores do mundo  Fonte: newsrender.barhashing.com
    Depois de três anos fora, Curtois regressa a Stamford Bridge como um dos melhores do mundo
    Fonte: newsrender.barhashing.com

    Drogba voltou a custo zero, depois de uma experiência bem-sucedida ao serviço do Galatasaray, para terminar a carreira ao serviço do seu Chelsea; Zouma, que já tinha sido adquirido em Janeiro, chega finalmente ao clube; e o croata Pasalic, que foi comprado ao Hadjuk por 2,5 milhões, foi rapidamente emprestado (ou despachado) ao Mainz.

    Tudo boas compras, mas mais do que isso necessárias. Destaco, no entanto, a aquisição de Cesc Fàbregas ao Barcelona por 33 milhões, um jogador que já tinha brilhado (e sido capitão) na Premier League ao serviço de um dos rivais do Chelsea, o Arsenal, e que regressa assim a Londres para ocupar o lugar deixado vago por Frank Lampard no meio-campo do Chelsea. É uma grande responsabilidade mas Fàbregas tem talento de sobra para estar à altura do desafio. Esperemos que isso se reflicta na sua produção ao serviço da equipa. O espanhol quer com certeza demonstrar ao Barcelona que os blaugrana cometeram um erro ao deixá-lo sair e quer provar que também o Arsenal errou ao não ter exercido a cláusula de recompra.

    Em relação ao provável onze titular, Mourinho deverá entregar a baliza a Courtois. Apesar de Cech ter sido o melhor guarda-redes da Premier League na época anterior e de continuar a ser um dos melhores do mundo na posição, neste momento o belga está num nível mais elevado e tem dez anos a menos. É verdade que Cech nada fez para perder o lugar, tendo sido um exemplo dentro e fora do campo, mas, por muito que custe, o Chelsea não se pode arriscar a perder alguém como Courtois, o que poderá significar a venda do gigante checo até ao final do período de transferências.

    Azpilicueta jogará finalmente na sua posição de origem, a lateral-direito, com o brasileiro Filipe Luís a ocupar a lateral-esquerda, o Chelsea tem aqui dois jogadores incansáveis que passam 90 minutos a correr para trás e para a frente, além de serem tacticamente muito certos. A dupla de centrais deverá manter-se – os dois ingleses Cahill e Terry, que foram seguríssimos na campanha anterior e transmitem segurança e liderança ao resto da época. Pessoalmente, preferia ver uma dupla constituída por Cahill e Ivanovic, porque embora goste do sérvio na direita considero que é no meio que ele faz o melhor trabalho e devido à idade avançada de Terry parece-me uma melhor opção para o eixo central.

    Filipe Luís é o lateral-esquerdo que faltava ao Chelsea  Fonte: trendrender.com
    Filipe Luís é o lateral-esquerdo que faltava ao Chelsea
    Fonte: trendrender.com

    O meio-campo será ocupado pelo trio composto por Matic, Ramires e Fàbregas. Matic jogará a sua primeira época completa como titular ao serviço do clube. Tendo impressionado bastante desde o seu regresso a Londres, conquistou o seu lugar e nunca mais o perdeu, sendo um elemento fundamental na construção de jogo da equipa e na destruição de jogo do adversário. Ramires é o mesmo jogador incansável que vimos em Portugal ao serviço do Benfica e tentará fazer uma época melhor do que aquela que passou – jogou a um nível bastante abaixo do normal, não tendo sido relegado para o banco apenas por falta de opções; apesar disso, a qualidade continua lá e é um jogador importantíssimo. Fàbregas juntará toda a sua magia, criatividade e inteligência ao rigor táctico de Mourinho, funcionando como o cérebro da equipa – a batuta estará nas suas mãos, sendo ele o principal construtor de jogo do Chelsea.

    É no tridente atacante que residem mais dúvidas, sendo que Hazard e Diego Costa terão os seus lugares “assegurados” entre os titulares. Oscar, William e Schürrle lutarão pela vaga que resta. Se a época passada servir de referência, Oscar deverá partir em vantagem. Mas Schürrle, depois do Mundial que fez, pode muito bem assumir-se como titular e deixar de ser apenas um suplente de luxo. Dos três, Oscar é o mais criativo, mas William e Schürrle sacrificam-se mais pela equipa e o alemão é muito mais eficaz e directo do que os brasileiros, encaixando assim muito melhor numa equipa treinada por Mourinho. Em suma, teremos qualquer coisa como isto: Courtois; Azpilicueta-Cahill, Terry, Luís; Ramires, Matic, Fàbregas; Hazard, Costa, Schürrle (?).

    Fábregas e Diego Costa são os dois reforços mais sonantes da equipa londrina  Fonte: skysports.com
    Fábregas e Diego Costa são os dois reforços mais sonantes da equipa londrina
    Fonte: skysports.com

    Em relação ao banco de suplentes, será interessante ver o efeito que Drogba terá na equipa. Mas, mais que isso, estou bastante curioso para ver Van Ginkel em acção, depois da lesão no joelho que o impediu de jogar a época passada. O holandês tem vindo a apresentar-se como uma boa alternativa para o meio campo dos blues, sendo um jogador bastante inteligente e trabalhador, que encaixa muito bem no 4-3-3 de Mourinho. Depois temos também Fernando Torres, que cada vez que joga faz os adeptos fechar os olhos e rezar pelo melhor – ele faz o mais difícil e falha sempre o mais fácil.

    O Chelsea parte como um dos favoritos à conquista desta edição da Premier League e, apesar de o City ter um plantel mais forte e com mais opções e de o United não ter as competições europeias para disputar, este ano a não conquista da Liga, ou pelo menos de um troféu importante, será um fracasso para os homens de Mourinho e poderá mesmo levar à saída do treinador. Como sabemos, Abramovich está sempre à procura de uma desculpa para mandar pessoal embora.

    Como homem de apostas que sou, meteria dinheiro no Chelsea para ser campeão. O clube reforçou-se muito bem (com excelentes jogadores e para as posições mais carenciadas), possui a mistura perfeita entre experiência e juventude e, claro, o facto de ser treinado pelo melhor treinador do mundo ajuda sempre. Go Blues!

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    João Folgado
    João Folgadohttp://www.bolanarede.pt
    O João defende que o Porto devia acabar e o Sporting nunca devia ter existido. Carrega, Benfica! Fora de brincadeiras, para além desta paixão cega pelo clube da Luz, venera Mourinho, despreza Villas-Boas e é fã dos Boston Celtics e dos New England Patriots.                                                                                                                                               O João não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.