Certamente, poucos esperariam um arranque de campeonato tão tranquilo para os homens da equipa da zona sul de Londres. A ocupar o nono lugar da Premier League, ao fim de onze jornadas, o Crystal Palace superou as expectativas de todos os adeptos, estando inclusive, à frente de emblemas de quem se esperava bem melhor (Manchester United, Tottenham, Wolverhampton e Everton).
Quatro vitórias, três empates e quatro derrotas, colocam os “Eagles” nesta posição. Mas o futebol não é apenas feito de números. As suas exibições têm-se destacado pela simplicidade de processos e pragmatismo na hora de concretizar. Para a história recente deste clube, ficam a vitória forasteira em Old Trafford e o empate com o Arsenal (também fora), depois de ter estado em desvantagem de dois golos.
Uma defesa experiente, um meio-campo consistente e um ataque vertiginoso são as imagens de marca deste Palace. Analisando por setores, podemos verificar:
Defesa
A aquisição do experiente (Gary Cahill) e a permanência de um daqueles jogadores de quem sempre se esperou mais (Mamadou Sakho) – uma dupla de dois “ex-grandes” – só acrescentou qualidade ao setor mais recuado (e consistente) do Crystal Palace. Van Aanholt, Tomkins e Ward completam o conjunto de defensores do guardião espanhol, Vicente Guaita.
Meio-campo
O capitão Milivojevic é o farol de toda a equipa. A acompanhá-lo, tem dois “box-to-box” (Kouyaté e McArthur), responsáveis por levar a equipa para a frente e, ao mesmo tempo, deixá-la equilibrada. Se faltar criatividade, também há Max Meier para lançar os velocistas do ataque.
Ataque
A Wilfried Zaha, o fantasista marfinense, é-lhe dada toda a liberdade para rasgar nos últimos quarenta metros. Ao seu lado, pode ter Andros Townsend ou o “joker” Jeffrey Schlupp (que tanto pode jogar a lateral ou a extremo). O objetivo principal destes homens é servir de bandeja os pontas de lança: um mais posicional (Christian Benteke) ou um mais versátil (Jordan Ayew).
A meu ver, o “segredo” do sucesso do Crystal Palace está na estabilidade do plantel e na gestão sustentável dos lucros. Apesar do encaixe de cinquenta e cinco milhões com a venda de Aaron Wan-Bissaka no mercado de verão, não houve “loucuras” nem gastos desmedidos. Quanto a entradas significantes a apontar, só a de McCarthy e Camarassa.
Esta é a prova de que não é necessário fazer grandes mudanças todos os anos. A estabilidade/consistência beneficia os artistas e torna mais fácil o trabalho do técnico. Talvez este seja um bom exemplo para os clubes mais “pequenos”, neste caso, de Terras de Sua Majestade.
A orientar este grupo completíssimo, está o antigo selecionador de Inglaterra, Roy Hodgson. Confesso que não era propriamente fã do futebol que implementou na seleção, mas, ao comando dos Eagles, soube encontrar a fórmula para fazer render “o peixe” (neste caso, a qualidade em quantidade que tem ao seu dispor).
Agora, será que a regularidade que o Crystal Palace FC tem demonstrado até ao momento, se vai manter no decorrer da época, ou o rendimento apresentado vai quebrar?
Foto de Capa: Crystal Palace
Artigo revisto por Joana Mendes