Em Leicester, a tempestade veio após a bonança

    A noite de Leicester ficou ainda mais fria. No último fim de semana, uma tragédia provocou a morte de uma pessoa não apenas diretamente ligada ao futebol. Estava ligada a muita gente dessa cidade inglesa. Apesar do interesse económico proveniente do clube que adquirira, e consequente sucesso/insucesso resultante disso mesmo, também contribuiu em diversos aspetos para a melhoria geral da qualidade de vida dos residentes em Leicester. Algo pouco comum, este modus operandi tão generoso utilizado pelo proprietário dos Foxes.

    Sendo a minha opinião mais virada para o que se passa lá dentro, isto certamente vai ao encontro dessa temática. Jogadores (e não só) manifestaram o seu pesar, aliás, o sentido pesar, com o falecimento de uma pessoa marcante na sua vida. Alguém amigo, alguém com muito significado. É muito anormal ter-se tal sentimento por um presidente, neste caso, dono de um clube de futebol. Alguém que, condizendo com as funções que exerce, é visto como uma figura relativamente distante do grupo de trabalho, pelo menos não tão próxima como um treinador, fisioterapeuta ou psicólogo. É sempre a morte de uma pessoa. Para nós, a morte de um familiar pesa mesmo muito. Aqui é diferente, mas tendo em conta o que Vichai Srivaddhanaprabha conseguiu,- sendo alguém alheio àquele meio, e não querendo dizer que o futebol é mais importante que o resto- a conquista inédita do título em 2015/2016 foi algo muito, mas mesmo muito simbólico para as gentes de Leicester. Talvez tenha sido o dia mais feliz da vida de milhares de pessoas.

    Eu sou apologista de que quantos mais momentos de felicidade pura tivermos, melhor. Mas em absoluto! Se houver quem obtenha alguns deles através do futebol, tudo bem. Se for única e exclusivamente através do futebol, isso já é doença prolongada… Certamente, se não fosse o futebol, este homem não parava em Inglaterra. Podia ter sido outra coisa, mas é muito improvável. O futebol pode não ser perfeito, mas acredito que é o desporto mais belo que pode ser executado. Há tanta multiplicidade e sincronização de movimentos, gestos, chutos, entre outras coisas, mas o melhor é o que tudo isso acarreta: a conquista, a superação, enfim, emoções. O futebol profissional já existe há quase 100 anos (não sei precisar na exatidão…) e acredito que, por nem sempre ter sido documentado, seja jogado há muitos mais. Como tal, sofrerá mutações de acordo com novas necessidades e novos meios, para o tentar fazer sempre “mais perfeito”…

    Deste modo, julgo que o nível que a equipa atingiu, apesar de ter tido Vichai como base, é visto como um legado para ser continuado. Deixou uma equipa de grandes jogadores, aparentemente estável financeiramente e, portanto, arranjar uma direção que permita aos adeptos do Leicester continuar a torcer pelo emblema da cidade será um problema menor. Em comparação com a tragédia da Chapecoense, de maior dimensão, já que vitimou uma equipa inteira, este contratempo pesa, mas chegará o tempo em que deixará de pesar tanto…

    Foto de capa: Leicester FC

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    Diogo Fresco
    Diogo Frescohttp://www.bolanarede.pt
    Fã de um futebol que, julga, não voltará a ver, interessa-se por praticamente tudo o que envolve este desporto, dando larga preferência ao que ocorre dentro das quatro linhas. Vibra bastante com a Seleção Portuguesa de Futebol.                                                                                                                                                 O Diogo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.