Há uma linha que separa o Watford FC de tudo o resto… é a linha de água!

    Para quem não sabe, o termo “Linha de água” é usado na gíria futebolística e refere-se à linha que separa as equipas que descem de divisão das restantes equipas. Quem fica por baixo dessa linha fica com o destino traçado e é precisamente onde o Watford FC não quer ficar.

    São tempos difíceis os que se vivem em Vicarage Road. O clube dos arredores de Londres já conheceu três treinadores esta época, o que demonstra a incrível instabilidade vivida no seio dos Hornets.

    Javi Gracia, que entrou no clube a época passada sucedendo o português Marco Silva, foi o homem do leme que preparou e projetou toda uma época, mas que fruto dos maus resultados não pôde dar seguimento ao seu trabalho e acabou despedido.

    Isto tem acontecido cada vez mais em Inglaterra, um país onde a cultura da maioria dos clubes não se sobrepunha aos resultados, dando tempo e paciência aos treinadores, agora é um país onde impera a ditadura do dinheiro e com isso a obrigatoriedade de obter resultados não só constantemente mas também o mais rápido possível. Essa mudança de paradigma tem destruído um pouco essa cultura num campeonato onde nos habituámos a ver treinadores que deixaram um legado nos seus clubes, casos de Sir Alex Ferguson, Arsene Wenger, Sam Allardyce, David Moyes, entre outros.

    Javi Gracia foi mais uma vítima dessa, digamos, “falta de paciência”, não podendo tentar mudar o rumo dos acontecimentos do clube, mesmo tendo sido ele a preparar toda uma época. A verdade é que a força dos números foi mais forte na altura da tomada de decisão e a administração do Watford, não olhando ao facto do clube ter feito apenas quatro jogos na Premier League, despediu o técnico espanhol.

    Olhando para o plantel do Watford diria que as ambições do clube se coadunam com aquilo que investiram, ou seja, muito escassas. Tem um plantel muito semelhante ao da época passada, com poucas mexidas, em que a contratação mais cara foi a compra de Ismail Sarr por trinta milhões de euros, o que comparado com outros clubes com objetivos idênticos, acaba por ser um plantel curto e com várias lacunas.

    Mas não se pense que o problema dos Hornets é apenas a nível de plantel e treinador.

    As decisões que a administração tem tomado, onde pontifica Sir Elton John, ajudam a perceber o rumo que o clube está a tomar. Prova disso é a contratação de Quique Flores para suceder a Javi Gracia.

    Fonte: Watford

    Quique, que já orientou os Hornets, mostrou-se uma solução aparentemente fácil fruto dessa anterior passagem pelo clube. Mas “quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita” e esta segunda passagem de Quique no clube foi no mínimo catastrófica.

    Para a história vão ficar os 8-0 aplicados pelo Manchester City e uma vitória em dez jogos, um pecúlio muito aquém daquilo que os responsáveis esperariam e por conseguinte nova chicotada na equipa, que começa a afundar cada vez mais na classificação e a ver a linha de água por um canudo.

    Ora, para tentar salvar o clube de se afogar no campeonato e ficar irremediavelmente fora da luta pela permanência, o Watford foi buscar uma das poucas pessoas que os podem salvar.

    Falo de Nigel Pearson, nada mais nada menos, que o responsável pela grande recuperação que o Leicester encetou em 2014/2015 denominada de “The Great Escape”, que tiraria da zona de despromoção o clube das East Midlands e que viria na época seguinte tornar-se campeão, mas já com Claudio Ranieri nos comandos da equipa.

    Fonte: Premier League

    Mas estarão os responsáveis do Watford dispostos a darem o tempo que Nigel precisa para recuperar a equipa? Se formos a ver pelos seus antecessores diria que não, mas acho que não tem escolha, pois não é solução estar a despedir um treinador ao fim de quatro ou dez jogos, há que dar tempo ao tempo e encontrar outras soluções.

    Talvez por isso Nigel Pearson tenha chamado Craig Shakespeare, antigo adjunto de Claudio Ranieri no Leicester, para acrescentar algum conhecimento daquilo que é a realidade do Watford no momento.

    A sete pontos de distância para o clube acima da linha de água, o Watford vai precisar de toda a inspiração possível e ter Shakespeare na equipa pode ajudar nesta situação!

    Foto de Capa: Watford

    Artigo revisto por Inês Vieira Brandão

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    Tiago Silva Ferreira
    Tiago Silva Ferreirahttp://www.bolanarede.pt
    O Tiago é uma pessoa que adora desporto, em especial futebol. Tendo praticado andebol e basquetebol, viu que o seu grande talento era a Playstation e por aí ficou! Adora o ciclismo.                                                                                                                                                 O Tiago não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.