A Premier League começou este fim-de-semana e já provoca chamadas de capa, inúmeras notícias no interior dos jornais desportivos e o habitual alarido. É o melhor campeonato do mundo, hands down. Com um futebol muito particular, transições e tácticas exímias e a agravante das várias contratações de encher o olho, a liga inglesa continua a despertar as habituais paixões.
Por terras de Sua Majestade, há uma dessas – paixões, repita-se – que me acompanha, mesmo com o passar dos anos pouco frutíferos. Apoio e sofro pelo Manchester United. E foi com pequenos rasgos de alegria mas, principalmente, com algum receio, que vi este sábado a estreia dos red devils nesta edição da Premier League. Os rapazes de Van Gaal venceram o Tottenham por um magro 1-0, sem sequer terem precisado de marcar; um auto-golo de Kyle Walker decidiu a partida. Foi uma vitória sofrida, com os adeptos a terminarem a partida “com o credo na boca”.
Acho que não preciso de explicar o porquê do pouco entusiasmo que ostento. O United realizou apenas um remate na direcção da baliza, por intermédio de Ashley Young; em 90 minutos, a equipa de Manchester rematou por apenas 10 vezes. É pouco, para quem se diz, invariavelmente, candidato ao título. É pouco, para quem investiu mais de 100 milhões no reforço do plantel. É pouco, para quem pode contar com Rooney, Depay, Schweinsteiger, Mata e companhia.
Ainda assim, e como já disse, há vários pontos positivos que ainda me garantem uma réstia de esperança na luta pelo título 2015/16. Os reforços preteridos por Van Gaal estão a funcionar, e as suas pequenas “invenções” também. Matteo Darmian, o lateral que o técnico holandês tanto quis, cumpriu o seu dever defensivo e mostrou bons lances de ataque no meio-campo dos spurs. Foi, quase indubitavelmente, o melhor em campo. O internacional italiano mostrou-se uma boa extensão do treinador em campo, tendo Van Gaal, inclusive, afirmado que “quando precisar de pensar num jogador, é ele”.
Já o holandês Depay, que também havia dado boas indicações na pré-época, mostrou-se bastante proactivo nas investidas atacantes e revelou um bom entendimento com Rooney. A confirmar-se, esta será uma dupla mortífera e perigosa para as defesas adversárias. As estreias dos médios Schneiderlin e Schweinsteiger deixaram, também, um desejo de meio-campo edificado sobre estas duas torres; o United precisa de médios experientes mas rebeldes, que partilhem a ousadia do veterano Carrick ao servir os atacantes. Espero que, este ano, veja por fim um meio-campo estável, sem passes errados e com transições ofensivas certeiras.
Quanto às criações de Van Gaal, protagonismo para uma. O técnico colocou o habitual lateral Blind na posição de defesa central. Assumindo uma colocação que lhe é estranha, o holandês mostrou-se seguro e não cometeu erros. Van Gaal tenta assim solucionar um problema que já advém de outras épocas: a falta de centrais de raiz.
Sem ser reforço, nota muito positiva para o jovem central Chris Smalling. O jogador realizou uma exibição sem erros, tendo garantido a vitória da sua equipa através dos inúmeros roubos de bola que conseguiu, na fase mais sufocante do Tottenham.
A polémica na baliza continua, tendo sido o recém-contratado Romero a ganhar a titularidade. Na bancada, Victor Valdés, David De Gea e Lindegaard observavam a partida. Rio Ferdinand disse esta semana que o clube “pode esquecer os títulos” se efectivar a transferência de De Gea. Uma novela que não tem fim à vista…
Sem ter sido brilhante (longe disso…), o Manchester United conseguiu uma importante primeira vitória na Premier League, e diz “presente” quanto à conquista do título. Segue-se o Aston Villa, no campeonato, e uma imprevisível pré-eliminatória da Champions, frente ao Club Brugge.
Foto de capa: Facebook do Manchester United