AC Milan: De novo perdidos

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    Com todo o investimento em jogadores realizado no Verão, e ao manter o treinador da época anterior, esperava-se uma mudança positiva no Milan. Afinal, os anos recentes do clube tinham sido marcados por maus resultados, constantes trocas de técnico, e plantéis demasiado fracos para o nivel do gigante de Milão.

    A contratação de jogadores como Bonucci, Çalhanoglu, ou Ricardo Rodriguez, todos futebolistas de grande qualidade, e ainda no topo das suas capacidades, fazia antever que, pela primeira vez em muitos anos, o Milan estava determinado a voltar ao topo do futebol italiano.

    Tal não se verificou, e, actualmente, o Milan ocupa o sétimo lugar da Serie A, a 18 pontos do lider Nápoles.

    A sequência negativa de resultados no campeonato motivou a saída do treinador Vincenzo Montella, e, de repente, os rossoneri vêem-se na mesma situação de temporadas anteriores. Longe dos tempos em que dominava o futebol europeu, o clube parece ser vítima do facto de não ter uma estrutura forte, que consiga definir um rumo para a equipa. A entrada de investidores chineses, que disponibilizaram milhões de euros para reforços, parecia uma boa solução para a crise do Milan. No entanto, o aumento da qualidade desportiva da equipa não conseguiu disfarçar a instabilidade que o clube vive. Atualmente, o Milan não conta com nenhum dirigente com visão futebolística, que sirva de ligação entre as necessidades da equipa e os seus donos. E, sem um projeto desportivo bem definido, é dificil que o clube volte aos bons resultados.

    É verdade que jogadores e treinadores também têm a sua quota-parte de responsabilidade. Apesar de todas as dificuldades, o Milan teve, ao longo destes últimos anos, condições para alcançar melhores classificações. Os diversos técnicos que passaram pelo clube provaram não ter a habilidade necessária para reerguer o clube. Os futebolistas, por outro lado, dividem-se sobretudo em dois grupos: os que não reuniam os mínimos para representar uma equipa de dimensão europeia, e os que têm muita qualidade, mas que não estão identificados com o clube e a sua história, o que torna muito dificil a missão de fazer o Milan regressar às glórias passadas, numa altura em que é preciso muito mais que apenas bons jogadores.

    Um exemplo gritante é o de Leonardo Bonucci. O defesa-central abandonou a Juventus no Verão, por conflitos com o treinador. Ao ingressar no Milan, provavelmente mais pelo ordenado incrível que lhe foi oferecido do que por questões desportivas, foi logo nomeado capitão de equipa. Decisões pouco profissionais, como esta, fazem com que o Milan esteja constantemente a travar a sua própria recuperação.

    Apesar de se ter reforçado bem no Verão, o Milan continua a não ter bons resultados Fonte: AC Milan
    Apesar de se ter reforçado bem no Verão, o Milan continua a não ter bons resultados
    Fonte: AC Milan

    Com um terço da época cumprida, é possível ver que o clube de Milão voltou a falhar. Esta temporada traz a agravante de clubes como o Inter, ou a Lazio, anteriormente em situações desportivas semelhantes à dos rossoneri, terem recuperado, e estarem atualmente na disputa pelos primeiros lugares. A Serie A já não se resume apenas à Juventus, e o Milan tem de fazer um grande esforço para se voltar a aproximar dos principais emblemas italianos.

    A nomeação de Gennaro Gattuso, uma figura do clube, como novo treinador principal, é um passo para ainda alcançar algo esta temporada. No entanto, não é uma solução definitiva. O Milan tem de contratar um treinador experiente, com créditos formados no futebol europeu. E, de forma criteriosa, tem de reunir um conjunto de jogadores de qualidade, de preferência conhecedores da ambiência do San Siro e do futebol italiano.

    Fora das quatro linhas, é preciso uma direção que saiba de futebol, que se preocupe verdadeiramente com a equipa, e não apenas em garantir que o investimento feito gera lucro, em termos de receitas. Só assim as vitórias podem voltar a sorrir aos rossoneri. Enquanto os problemas forem disfarçados com dinheiro, o fosso que separa o A.C. Milan dos restantes gigantes de Itália só vai aumentar.

    Foto de capa: AC Milan

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    Guilherme Malheiro
    Guilherme Malheiro
    É na música e no futebol que encontra a sua inspiração. Quando escreve, gosta de manter escondido o lado de adepto. Também gosta de ténis, snooker e boxe.                                                                                                                                                 O Guilherme não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.