Bruno Fernandes, um talento que não engana

    Do Boavista para a Udinese em apenas duas épocas. Bruno Fernandes, médio ofensivo português, dificilmente imaginaria que, ao mudar-se para o Novara, teria uma ascensão tão rápida. Depois de uma grande temporada na Serie B, o jovem de 19 anos despertou a atenção dos principais emblemas italianos – estranhamente, a sua qualidade passou ao lado dos clubes portugueses –, mas optou por mudar-se para Udine (transferência no valor de 2,5 milhões de euros). Uma decisão que mostra que Bruno Fernandes, apesar de estar a mostrar um talento enorme de forma precoce, mantém os pés bem assentes na terra.

    Bruno Fernandes teve uma ascensão meteórica / Fonte: cdn.record.xl.p
    Bruno Fernandes teve uma ascensão meteórica / Fonte: cdn.record.xl.p

    As boas exibições do português ao serviço da Udinese estão finalmente a dar-lhe o merecido protagonismo. O jovem já conquistou a titularidade – tem actuado como interior esquerdo, embora seja um 10 de origem – na equipa de Francesco Guidolin, estreando-se a marcar na última jornada da Serie A (empate a 3 no terreno do Nápoles). Fala-se inclusive no interesse de emblemas como a Juventus e o City, o que diz bem do potencial de Bruno Fernandes. É um jogador muito frágil fisicamente, mas com uma qualidade técnica espantosa. É rápido, tem uma excelente visão de jogo e destaca-se sobretudo pela facilidade com que cria desequilíbrios. Ainda assim, e apesar da sua juventude, mostra maturidade e inteligência táctica, cumprindo defensivamente. Aliás, a hipótese de no futuro vir a jogar um pouco mais recuado (como 8) não está, de todo, descartada.

    Comparado com Pastore e com Rui Costa, Bruno Fernandes recebeu na temporada passada a alcunha de “Maradona de Novara”. Encantou tudo e todos (ignoremos os exageros), excepto os seleccionadores nacionais. Como se explica que não tenha sido opção para o Euro Sub-19 ou para o Mundial Sub-20? Parece óbvio que deveria ter sido convocado para, pelo menos, uma das competições. Numa fase em que a selecção principal não tem uma solução válida para a posição 10, podemos acreditar numa ida de Bruno Fernandes – que nem sequer é internacional sub-21 – ao Mundial do Brasil (isto se continuar a jogar com regularidade)? Sabendo da fraca aposta de Paulo Bento nos jovens, dificilmente isso acontecerá. Aproveitando esta questão, vejo, a médio prazo, jogadores com capacidade para colmatar a lacuna no meio campo ofensivo, órfão de um criativo desde a saída de Deco. Bruno Fernandes é um deles; Bernardo Silva, se o Benfica o permitir, é outra forte hipótese, tal como Rony Lopes (os dois últimos estão em clubes onde poderão ter poucas oportunidades). Ainda há Rafa, Tiago Silva e Tozé, que, não sendo um criativo, é um jogador dinâmico e com qualidade de passe e de remate.

    É certo que Bruno Fernandes correu um risco quando decidiu sair para o estrangeiro tão cedo. No entanto, se tivesse ficado em Portugal muito provavelmente não teria a projecção que tem actualmente (e nada nos garante que não seria apenas um desconhecido). Graças ao seu talento e a boas opções de carreira, está no clube certo
    para desenvolver o seu potencial. A Udinese dá bastante espaço aos jovens e, nos últimos anos, valorizou jogadores como Alexis Sánchez, Inler, Handanovic, Asamoah, entre outros. Esperemos que, para bem do futebol português, Bruno Fernandes seja o próximo.

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