Como a mesma quarentena pode ter efeitos tão diferentes

    Até à paragem do campeonato italiano, provocada pelo Covid-19, SS Lazio e Atalanta BC eram claramente duas das equipas sensações, não só em Itália, mas inclusivamente na conjuntura europeia. Quando no final da jornada vinte e seis o campeonato é interrompido, a Lazio era segunda classificada, com 62 pontos, estando apenas a um ponto da líder Juventus. A Atalanta estava na quarta posição, com 51 pontos, ou seja, a 12 pontos da liderança.

    Antes desta paragem a crítica era quase unânime: A Juventus só era líder pelas suas individualidades, sendo que o futebol praticado por estas duas equipas era bastante mais atrativo que o apresentado pelo campeão das últimas oito épocas. Só que a retoma parece ter trazido tanto de bom à equipa de Bergamo, como de mau para a equipa da capital Italiana.

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    Analisando o ponto de situação na jornada trinta e quatro (o campeonato tem trinta e oito jornadas), a Atalanta é segunda classificada a seis pontos da líder Juventus e a Lazio caiu para a quarta posição, estando neste momento a onze pontos da equipa de Cristiano Ronaldo. Ora, é facilmente percetível que a equipa de Gian Piero Gasperini vai recuperando terreno de jornada para jornada, já a Lazio, foi acumulando resultados menos positivos (alguns verdadeiramente surpreendentes), acabando por perder um comboio do título que a determinada altura parecia vivo e exequível.

    Começando pela equipa da capital, a Lazio de Simeone Inzaghi tem sido uma formação bastante competitiva e consistente nos últimos anos, tendo inclusivamente na época passada conquistado a taça de Itália e tendo já no seu reinado colecionado duas supertaças de Itália. Um dos grandes méritos deste treinador tem sido a forma ofensiva como coloca a Lazio a jogar, potenciando os seus jogadores de ataque. Inzaghi conseguiu pegar em jogadores como Immobile, Luis Alberto, Correa ou Caicedo, jogadores que vinham de momentos menos felizes na sua carreira, para se tornarem verdadeiras máquinas ofensivas, trocando golos e assistências entre si. Ciro Immobile é inclusivamente o atual melhor marcador da Liga Italiana e desde que chegou ao emblema albiceleste já marcou mais de 100 golos.

    Nas últimas duas épocas, a determinada altura deu a sensação que a equipa teria capacidade para lutar pelo título até ao final, mas a verdade é que as limitações do plantel, principalmente noutros setores que não o ataque, acabam por se fazer notar com o adiantar da competição, até porque a Lazio tem estado envolvida igualmente nas competições europeias. Tal como referido, até à paragem tivemos uma Lazio perfeitamente capaz, mas desde a retoma a equipa tem mostrado alguma fragilidade mental e acabou por deitar por terra as suas aspirações ao Scudetto.

    Já no que diz respeito à equipa de Bergamo, é a verdadeira surpresa da época 19/20 a nível europeu. Todo o fato tem de ter um bom alfaiate, e no caso da Atalanta, é Gian Piero Gasperini. O atual timoneiro treinou a equipa sub-20 da Juventus, Crotone, Genoa, Inter de Milão, Palermo, com zero títulos conquistados. Até este momento, a sua melhor prestação tinha sido com o Genova em 2006, levando a equipa de volta para a Primeira Liga.

    Não sabemos se foi uma mudança de métodos, se foram os projetos anteriores que não ofereceram as condições necessárias, a verdade é que Gasperini chega a Bergamo e de repente surge uma super equipa, à qual só faltam títulos para ficar eternizada no futebol Italiano.

    A equipa tem um ataque avassalador (à jornada 34, tem mais 24 golos marcados que a líder Juventus) com mais de cem golos marcados na época e com mais de noventa só na Liga Italiana. A Atalanta tem um estilo de jogo muito ofensivo, durante os noventa minutos, com uma proposta clara de não deixar o adversário jogar, apostando na movimentação constante dos seus jogadores, por forma a criar confusão nas linhas de marcação dos adversários, abrindo caminho para o golo.

    Sem a bola, e por forma a condicionar o momento de saída do adversário, a equipa de Gasperini aplica uma forte marcação individual (ao longo de todo o campo). Assim que perdem a bola, os jogadores da Atalanta começam a pressionar homem a homem, sempre com marcações um a um, conseguindo forçar o erro do adversário e procurar o golo. E devo dizer, que bem que isto é feito.

    Já no seu momento de construção, a Atalanta utiliza os seus três centrais para iniciar as jogadas, chamando os dois médios centrais -ou um dos alas – para dar apoio. Assim, a equipa demonstra sempre qualidade na saída de bola. Gasperini quer que todos arrisquem passes internos, incluindo os centrais, pedindo aos seus jogadores que se infiltrem entre linhas e setores. O treinador oferece imensa liberdade no momento ofensivo da equipa.

    O lema é correr mais do que qualquer adversário. O estilo da Atalanta é simples: jogar a grande velocidade e ter sempre várias opções no ataque. Pelo meio ou pelas alas, a equipa consegue ser perigosa de várias formas. Uma defesa a três, um meio-campo com quatro elementos que conta com dois laterais habituados a marcar golos (Robin Gosens e Hans Hateboer) e depois a magia na frente, com Alejandro “Papu” Gómez, Iličić e Duván Zapata, Muriel ou Pasalic. Muitas opções e com perfis de jogadores perfeitamente ambientados a esta forma de jogar, que tem tanto de cativante como de desgastante.

    E depois ainda há a Champions. A Atalanta na sua primeira participação está nos quartos de final e é neste momento o ataque mais concretizador da prova. Talvez por isso, o valor de mercado da equipa passou de cinquenta para quase trezentos milhões só com o decorrer da época. Notável.

    Para terminar, referir que infelizmente parece que ainda não é desta que alguém vai quebrar a hegemonia da Juventus. E digo infelizmente por uma razão muito simples: independentemente de uma maior ou menor simpatia relativamente ao clube de Ronaldo e Dybala, não é bom para a visibilidade e crescimento de qualquer liga, que uma equipa conquiste nove anos seguidos o título de campeão.

    Que saudades do super disputado Calcio.

    Artigo revisto por Joana Mendes

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