Ofensivamente, no SSC Napoli de Sarri, impressiona igualmente a busca quase obsessiva do corredor central para a criação, bem como a forma paciente como a equipa procura atacar. Os futebolistas nunca cedem à tentação fácil da procura pela profundidade, procuram sempre ligar o jogo por dentro, e aguardam pacientemente pelo momento em que somente contra a última linha defensiva da equipa adversária podem procurar a rutura. Contrariamente ao que se possa pensar, esta obsessão por jogar por dentro, por receber e enquadrar no corredor central, acaba por ser também benéfica para quem joga por fora. Ao ter a bola no corredor central a equipa adversária vê-se “obrigada” a juntar naquela zona do terreno (para impedir o lançamento da bola em profundidade), aumentando o espaço e o tempo disponíveis para quem recebe a bola no corredor lateral.
Defensivamente, o SSC Napoli destaca-se pela sua minuciosa organização. A linha defensiva da equipa encontra-se trabalhada ao detalhe, ao nível do posicionamento e dos movimentos, talvez como há já muitos anos não se via em Itália. Tanto em transição como em organização defensiva todos os futebolistas percebem o que se passa no jogo e relacionam-se de forma coordenada. A equipa bascula em função da posição onde se encontra a bola, sendo esta claramente a referência para a decisão acerca dos posicionamentos defensivos a adotar. Numa fase já bem estabelecida de organização defensiva a equipa apresenta-se num sistema próximo do 4-5-1, sempre com a última linha defensiva bem subida no terreno de jogo. É certo que este SSC Napoli não é infalível defensivamente, particularmente contra adversários que procuram praticar um futebol mais direto; contudo, em quase todos os aspetos do seu momento defensivo a equipa apresenta uma qualidade incontestável.
Na zona do meio campo e do ataque dois futebolistas destacam-se pela influência que apresentam no futebol praticado pelo SSC Napoli: Marek Hamšík e Lorenzo Insigne. O futebolista eslovaco é hoje, muito mais do que no passado, um jogador que atua em prol do coletivo. Quando Hamšík recebe a bola este tende a transporta-la de modo a atrair os adversários, abrindo assim espaços para os seus colegas de equipa. É igualmente notável a forma como o futebolista eslovaco se liga com o ponta de lança e, sobretudo, com Insigne na ala esquerda. O extremo esquerdo italiano, por sua vez, é extremamente inteligente na ocupação de espaços, percebendo sempre quando deve deixar o corredor livre para a entrada do lateral esquerdo e quando deve manter-se colado à linha para permitir o apoio de um centrocampista a partir do corredor central.
Por muito estranho que possa parecer, no país onde a organização tática sempre foi muito elogiada pelos analistas desportivos, não existem equipas que possam ser consideradas bem organizadas em todos os momentos do jogo. Este SSC Napoli é a exceção a essa regra e, para tal, muito mérito deve ser atribuído ao sensacional Maurizio Sarri. O treinador italiano apresenta uma proposta de futebol de posse, ofensivo, e que não fosse a menor competência individual dos futebolistas que atuam em algumas posições poderia lutar pela conquista da Serie A 2016/17 e, quem sabe, por um desempenho histórico na Liga dos Campeões.