A força desafiadora que encantou o mundo do futebol

A seleção do Haiti terminou de forma brilhante a sua participação na Copa Ouro de 2019. Os haitianos terminaram a fase de grupo com 100% de aproveitamento e ficando assim à frente da Costa Rica. Na semifinal, o adversário foi o favorito México. Jogando um bom futebol, o Haiti sucumbiu apenas na prorrogação. Mesmo eliminado, não teve motivo de tristeza para os haitianos. O futebol no país caribenho até certo ponto é surpreendente devido a tudo que o país passou nos últimos anos. Pois, se pensarmos em um pequeno país sofrendo com furacão, terremoto, crise econômica e estado de calamidade, não vislumbraríamos que teria força para algo como o esporte. Porém, o futebol tem a sua força e une um povo.

A Seleção Haitiana

O Haiti tem apenas três jogadores que atuam no próprio país. Os grandes destaques são o lateral esquerdo Guerrier, do Karabakh-AZE, e o jovem atacante Frantzidy Pierrot, do Mouscron-BEL. Na última temporada Pierrot marcou oito gols no campeonato belga.  Muitos jogadores que atuam pela seleção praticamente nunca viveram no país. Alguns foram adotados ainda quando bebês. A Federação de Futebol do Haiti, mesmos sem recursos, realizou uma rede de observação pelo mundo para ver quais jogadores poderiam atuar pela seleção. A intenção era fortalecer o elenco com atletas que tivessem mais estrutura do que os que viviam no país. Em 2011, o Haiti foi treinado pelo brasileiro Edson Tavares. Em uma entrevista, o brasileiro relatou um pouco sobre o desafio de treinar o Haiti:

Aqui os jogadores fazem uma refeição por dia. E isso já é um privilégio, em comparação com o resto da população. O centro de treinamentos está sendo construído, o campo é duro. Não temos bolas suficientes. Já tivemos um fornecedor de material esportivo, hoje não temos mais. É tudo fruto de doação. Eu é que tenho de correr atrás para conseguir um fornecedor, para ver se a gente consegue passar para um patamar mais profissional – lamenta ele em entrevista dada ao portal O Globo.

Oito anos se passaram desde essa entrevista com o ex-treinador da seleção haitiana. Atualmente, o cenário melhorou um pouco. O Haiti conta com uma patrocínio de material esportivo que entrega à Federação materiais, como uniformes e bolas, e recurso financeiro. Nada muito grandioso comparado a diversas seleções, mas é uma ajuda muito importante.

O Haiti participou da Copa do Mundo de 1974 (eliminado na primeira fase) e conta com dois títulos em sua história. A CONCACAF Championship (atual Copa Ouro) em 1973 e a CFU Championshp de 2007, competição disputada apenas pelas seleções do Caribe.

O Futebol no Haiti

A alegria da torcida haitiana na Copa ouro comoveu e foi um espetáculo à parte na competição.
Foto: FHF

Fazer o futebol haitiano crescer é o grande objetivo de todos que amam o esporte naquele país. O campeonato nacional conhecido como Digicel Première Division é disputado por 16 equipes e assim como ocorre em muitas ligas latinas é dividido em dois turnos, Ouverture e Clôture. Sendo que o campeão de cada turno é considerado como o campeão nacional. Apesar de serem clubes profissionais, na prática ainda são muito amadores. A maioria dos jogadores precisam ter outra ocupação para completar a renda. No Haiti, jogador de futebol que apenas se dedica ao esporte é exceção.

Um país que ressurge das cinzas

O Haiti é o país mais pobre das Américas. A situação econômica se tornou mais grave após o terremoto que atingiu o país em 2010. Cerca de 200 mil pessoas morreram. Muitas destas foram, enterradas em valas comuns. O caos aumentou, ainda mais, quando em 2014 o furacão Matthew passou pelo Haiti deixando mais um rastro de mortes. Todas essas tragédias causaram pânico e deixaram a população quase sem infraestrutura. Com um sistema de esgoto precário um surto de cólera atingiu a sociedade. Estamos falando de várias situações graves em um pouco espaço de tempo. Muitos haitianos deixaram o país em busca de melhores condições de vida em outros lugares. Entretanto, apesar de todo o caos o país vai ressurgindo das cinzas, literalmente. Um plano de reconstrução do Haiti, que inclui a construção de moradia para a população atingida está em prática. Ainda de maneira lenta, mas aos poucos as pessoas voltam a terem uma rotina.

A esperança que vem do futebol 

A alegria em hoje fazer parte das grandes seleções da CONCACAF, alegra os haitianos que se reunem para assistir os jogos da seleção. Torcer pelo Haiti é um momento para esquecer um pouco os problemas. Um momento para se sentir ainda mais haitiano e ter orgulho disso. O futebol do Haiti continua evoluindo. Evidente que a situação complicada do país inibe alguns avanços. Mas dentro das possibilidades o futebol cresce e o povo se alegra em ter o nome do seu país sendo destaque nos jornais de maneira positiva e não apenas pelas tragédias. Atualmente apenas podemos afirmar uma coisa: O futebol no Haiti pulsa e vive!!!

 Foto de Capa: CONCACAF

César Mayrinck
César Mayrinckhttp://www.bolanarede.pt
Enquanto criança queria ser jogador de futebol e para o bem dos torcedores do Atlético Mineiro não foi aprovado no teste. Encontrou nas palavras a melhor maneira de se expressar sobre a sua paixão, o futebol. Amante do futebol brasileiro e do futebol alternativo, acorda facilmente às três horas da madrugada para ver um jogo do campeonato neozelandês.

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