A Espanha eliminou a Itália, a França eliminou a Ucrânia, e assim defrontar-se-ão numa final deste escalão pela segunda vez na história dos Europeus de Sub-19 (2010 e 2024) – já se tinham defrontado em 1996, com moldes diferentes. La Roja é a seleção mais titulada da prova com oito títulos em nove finais (única perdida para a França), num total de catorze participações. Já a França participou por treze vezes na prova, tendo chegado a quatro finais e vencido três.
- Itália vs Espanha
Bernardo Corradi apresentou algumas nuances táticas para este encontro a eliminar. Em fase de construção colocou Luca Lipani entre centrais para causar superioridade na construção e permitir que Davide Bartesaghi se projetasse no flanco esquerdo, tendo este último sido, provavelmente, a melhor unidade italiana em campo no plano ofensivo e a condicionar defensivamente Dani Rodríguez.
Outra nuance prende-se com as colocações de Kevin Zeroli e Aaron Ciammaglichella. O médio do AC Milan esteve demasiado ligado à construção e muito longe do último terço e de Francesco Camarda, com quem combina muito bem, normalmente. Já, o médio do Torino esteve inexplicavelmente restringido ao setor ofensivo e não pudemos ver os seus pontos fortes, nomeadamente as recuperações de bola e arrancadas em drible em zonas de pressão. A não aposta em Vittorio Magni também suscitou algumas dúvidas.
Do lado espanhol, José Lana apesar do abaixar do nível de jogo apresentado frente à França, voltou a apostar no duplo pivô com Chema Andrés e Gerard Rodríguez, que voltou a não funcionar, pelo menos no plano ofensivo não tendo criado uma circulação de bola ativa nem qualquer desequilíbrio. No entanto, defensivamente falando, pode dizer-se que foi uma exibição a roçar a perfeição. Yarek Gasiorowski já vinha sendo o defesa mais estável e voltou a comprová-lo, mas a grande surpresa foi a exibição do lateral esquerdo Julio Díaz, defensivamente impenetrável e com a derradeira assistência para golo.
Aquando da entrada de Pol Fortuny (mais uma vez) o jogo mudou de figura, apesar de uma exibição individualmente pouco conseguida. A equipa fechou-se em 4-4-2 subindo Rayane Belaid para junto de Iker Bravo e encontrou a sua zona de conforto. Pol Fortuny, como médio de chegada, voltou a decidir o jogo para La Roja.
O jogo terminou com a vitória pela margem mínima, mas poderiam ter existido mais golos já que Kevin Zeroli de um lado e Jesus Rodríguez do outro tiveram, nos seus pés, a oportunidade de balançar as redes.
- França vs Ucrânia
Bernard Diomède embora tenha tentado premiar as exibições de Saïmon Bouabré, não teve a coragem de prescindir de Senny Mayulu, que fez (mais) uma exibição pouco conseguida. Permutaram entre o centro e a meia esquerda e, no final de contas, ninguém saiu beneficiado.
A França entrou muito forte, superou as linhas de pressão ucranianas por diversas vezes e chegou à baliza de Krapyvtsov que, como fez ao longo de todo o torneio, manteve a sua equipa em jogo com enormes defesas. Outro ponto de segurança prendeu-se na exibição de Ivan Yermachkov, que anulou Steve Ngoura de todas as formas e feitios, não lhe tendo permitido jogar em apoio que é o seu ponto forte.
Poucas foram as vezes em que a Ucrânia conseguiu criar uma jogada identitária, faltou a referência Matvii Ponomarenko para receber a bola e pausar o jogo e Daniil Vashchenko para ligar o setor mais recuado ao setor intermediário. Ambos estiveram ausentes por acumulação de amarelos.
Ainda assim todos os louros têm que ir para a brutal exibição protagonizada por Valentin Atangana Edoa. Um exímio recuperador de bolas, com um raio de ação brutal e uma disponibilidade física assinalável. Apesar dos seus 173 centímetros, tem uma impulsão invulgar e foi através dessa característica que arrancou o nulo do marcador e enviou a França para a final.
- Final do Euro Sub-19 2024
A final do Euro Sub-19 realizar-se-á a 28 de junho, às 19:00 no Windsor Park, em Belfast, com capacidade para 18 500 espectadores onde França e Espanha reencontrar-se-ão após o empate a duas bolas, na terceira jornada. É difícil tirar ilações visto que são condições distintas e Bernard Diomède, de jogo para jogo, traz sempre uma cartada na manga e, naquele encontro, tendo já a qualificação assegurada apresentou uma segunda linha de opções.