As intermitências do Spartak de Dmitry Alenichev

Apesar do âmago do problema se encontrar na permissibilidade do sector defensivo, o desnorte total é extensível ao meio-campo e à linha da frente da equipa. A falta de criatividade dos elementos da linha média tem no homem mais adiantado da equipa, o ex-SC Braga Zé Luís, um complemento à falta de inspiração, apesar dos seis golos que já apontou esta temporada. É no versátil extremo holandês Quincy Promes que têm caído as responsabilidades de marcar os golos da equipa e, nesse departamento, o ex-jogador do FC Twente não tem defraudado as expectativas, tendo já apontado 14 tentos até ao momento, o que faz dele (à data deste artigo) o melhor marcador da Liga Russa.

Quincy Promes: O homem golo do Spartak de Alenichev Fonte: Rfpl
Quincy Promes: O homem golo do Spartak de Alenichev
Fonte: Rfpl

Alenichev e os seus adjuntos, Dmitry Ananko e Yegor Titov, não têm também, por seu lado, conseguido moldar a equipa num só esquema táctico, e as constantes alterações de um 4-1-4-1 para um 4-2-3-1, passando por um 4-3-3 ou ainda um 4-4-1-1, não têm de forma nenhuma beneficiado o estilo de jogo da equipa, que nesta altura da temporada já deveria ser mais estável e consistente.

Para além de todas as questões técnico-tácticas que actualmente afectam a equipa, há um outro problema que transparece deste Spartak de Dmitry Alenichev: a falta de qualidade de alguns dos jogadores. Sem que grandes explicações fossem dadas, durante a paragem de Inverno da Liga Russa, a direcção do emblema moscovita, alegadamente em concordância com a equipa técnica, decidiu arrumar a casa e dispensou ou emprestou vários jogadores, entre eles o internacional russo Roman Shirokov e os internacionais arménios Yura Movsisyan e Aras Özbiliz. As saídas desses atletas deveriam ter aberto portas à chegada de novos jogadores que conferissem à equipa mais qualidade e equilíbrio entre os sectores, mas tal não aconteceu, e o Spartak apenas conseguiu garantir os préstimos do antigo jogador do SL Benfica Lorenzo Melgarejo, que tem até ao momento defraudado, e de que forma, as expectativas.

Sergey Rodionov, antigo avançado da selecção soviética e do FC Spartak Moscovo e actual homem forte do futebol da equipa, é, de acordo com a imprensa russa, o timoneiro desta revolução, uma espécie de Perestroika fora de tempo, que pouco ou nada traz de benéfico à equipa. Anos e anos de anarquia total no que tocava a transferências e à estrutura do futebol começam agora a deixar transparecer uma dura realidade que parece estar para durar, por muito que Dmitry Alenichev, um homem devoto ao clube, e outros como ele façam em prol do contrário.

No final do jogo com FC Mordovia Saransk, o lateral esquerdo Dmitry Kombarov, um dos jogadores mais carismáticos da equipa, dizia que a paciência dos adeptos está no fio da navalha e que a eles, jogadores que subiram à bancada para falar com a principal claque  no final do jogo, lhes foi pedido que sejam mais próximos dos adeptos, que comuniquem mais e que honrem a camisola que envergam. Por outro lado, Artem Rebrov, o guarda-redes e habitual capitão de equipa, que no passado Sábado viu o jogo do banco, também não escondeu o seu incómodo com a situação, afirmando que muito provavelmente o grande problema do Spartak são os próprios jogadores.

Alenichev, que nunca escondeu que o FC Spartak Moscovo era a sua cadeira de sonho, vê-se assim mergulhado no mesmo manancial de problemas que, no passado recente, serviram de mote ao insucesso de treinadores como Michael Laudrup, Murat Yakin, Unai Emery e Nevio Scala, quando estiveram ao serviço do histórico emblema moscovita. Resta agora saber se, após mais uma época negativa, o FC Spartak Moscovo vai voltar aos erros do passado, despedindo treinadores ano sim, ano sim, ou se, por outro lado, vai permitir que Alenichev, à semelhança do seu mentor Oleg Romantsev, possa construir um projecto duradouro e dar-lhe continuidade, que não pode findar ao primeiro sinal de insucesso.

Foto de capa: Vestri

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Joel Amorim
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Foi talvez a camisola amarela do Rinat Dasaev que fez nascer, em Joel, a paixão pelo futebol russo e pelo Spartak Moscovo. O futebol do leste da Europa, a liga espanhola e o FC Porto são os tópicos sobre os quais mais gosta de escrever.                                                                                                                                                 O Joel não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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